Capítulo 32 - Fim?

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"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tantas vezes enquanto vivem,
são eternos como é a natureza."
— Plano Neruda

   Dias se passaram com presentes exagerados de Charlotte e Dalolla de despedida e treinamentos com Kai, finalmente chegando o grande dia de abrir a caixa maldita — como apelidei gentilmente — e talvez, morrer

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   Dias se passaram com presentes exagerados de Charlotte e Dalolla de despedida e treinamentos com Kai, finalmente chegando o grande dia de abrir a caixa maldita — como apelidei gentilmente — e talvez, morrer.

O céu ainda não acabara de nascer e eu já estou acordada, não consegui dormir com tanta ansiedade e medo, mesmo que eu não goste de admitir, esses sentimentos me dominavam. Não tínhamos marcado um horário específico, Morgana apenas confirmara que devíamos estar na clareira bem antes do sol se pôr.

Não desci para tomar café da manhã, qualquer alimento que eu pensasse em colocar em minha boca me enchia de náuseas.

Escutei alguns passos no corredor, próximo a minha porta e a fitei confusa. Vi sombras se mexerem na greta iluminada da porta fechada e uma batida ressoar, e então os passos se dissiparem. A abri com um pouco de receio, o corredor estava vazio e silencioso. No chão havia um pedaço de papel e uma pequena caixinha de veludo preta, peguei e entrei em meu quarto novamente.

"Me perdoe pelo o que vai acontecer
— Aidan"

Meu corpo se arrepiou em protesto ao ler o que havia escrito no minúsculo papel. Tanta coisa passou pela minha cabeça ao ler aquela frase, preferi não dar tanta importância, ele deve estar falando sobre o fato de abrir a caixa maldita e a parcela de culpa que ele acha que tem nisso.

Abri a pequena caixa de veludo e meus olhos se iluminaram ao ver um lindo pingente de borboleta com esmeraldas em uma corrente de ouro. Na parte de trás a palavra "esperança" em português está estampado no ouro. Algumas de minhas lágrimas molharam a joia.

Passei a maior parte do dia treinando com Kai. Não consegui achar Aidan e agradecer pelo presente, e talvez até dizer que eu não o culpava por nada, mesmo que talvez ele realmente fosse um pouco culpado.

Também não vi Celeste, independente de termos nos aproximado nos últimos dias, ainda temia que ela pudesse simplesmente desistir de me ajudar, ou algo parecido.

Agora em meu quarto, descansando na banheira, consegui colocar os pensamentos no lugar e me lembrar do porquê eu estava me submetendo a aquilo. Beatrice, todo esse sofrimento por ela. Uma criança que ainda não nasceu e nem mesmo sei se um dia nascerá mas que mesmo assim eu arriscaria minha vida para que não sofresse. Aquilo tudo me deixava com uma sensação estranha, como ela poderia ser tão importante para mim? Mesmo que na teoria ela seja minha filha, na prática eu não a conheço. Me pergunto se Aidan sente a mesma coisa.

   Terminei meu banho e não pude evitar ficar parada encarando meu armário por alguns longo minutos, me perguntando o que eu deveria usar. No fim, escolhi uma blusa preta de gola alta e manga cumprida e uma calça legging da mesma cor. Coloquei o tênis mais confortável que consegui achar. Amarrei meu cabelo em um grande e alto rabo-de-cavalo. Decidi colocar o colar que Aidan me presenteará, o símbolo de esperança.

A Cabana de Seres Míticos (Reino Mítico Vol. 1)Where stories live. Discover now