12 LETTERS | BEAUANY STORY

1.3

Joshua Beauchamp

Detesto admitir, mas a senhorita Soares se importa mesmo com o meu filho e eu... meio que gosto da filha dela também.

A garota até que é legal e agora ficou amiguinha da Sarah, minha sobrinha. As duas se adoram, é bom que ela tenha alguém para brincar, ela é filha única e ficava muito sozinha, já dei a ideia para Sina de arrumar um irmãozinho para ela, mas minha irmã só desconversa.

Já percebi que a aproximação da senhorita Soares é inevitável, Ethan está apegado a ela.

Merda.

Isso deve se resumir à uma necessidade biológica né? Ele é um bebê... precisa disso.

Os fins de semana são um porre, meu filho fica super irritado longe da babá.

Mais pra frente isso passa... eu acho... eu espero...

Hoje Ethan completa um mês... um mês de vida dele e um mês que ela se foi... é um misto de emoções.

Esses trinta e um dias foram cansativos, muitas noites foram mal-dormidas, inúmeras fraldas trocadas, diversos banhos – com direito a sair encharcado – foram dados... estou exausto, mas, acima de tudo, feliz de ter o meu menino, a existência dele me dá ânimo dia após dia.

Meus pais vieram conhecer o neto semana passada, disseram que demoraram, pois tiveram negócios importantes a tratar e, então, depois de mais de vinte dias que o menino nasceu, eles dedicaram duas horas a ele e foram embora.

Previsível. Eles sempre foram assim.

Ethan acabou de acordar do soninho matinal, gosto de levá-lo um pouco na área externa, obviamente, não para pegar sol, pois ele é novinho demais, é mais para ele curtir um ar puro e ter um contato com a natureza, ainda que de forma bem limitada.

Como ele está bem tranquilinho hoje, decido descer um pouco com ele e ir lá.

O coloco numa roupinha confortável e logo carrego seu pequeno corpinho até o andar de baixo. Ethan gruda em mim e aspiro seu cheirinho de bebê... essa fase é gostosa demais, ele é tão pitiquinho!

Ao descer as escadas, um aroma de bolo invade as minhas narinas... Deve ser a Mônica preparando mais uma delícia... Sigo o cheiro e acabo encontrando a senhorita Soares e a Eva cozinhando.

— Cadê a Mônica? – surjo no cômodo.

— Ah, senhor, que susto!

— A Mônica foi até o mercado...

— Ah sim... pra quê o bolo?

— Um mês do Ethan... a família de vocês vem comemorar hoje e decidi fazer...

— Você não acha meio inapropriado? –
questiono irritado.

— Senhor... a própria Savannah deixou claro que o aniversário do filho não devia ser motivo de tristeza...

— Mas também não precisa fazer festa!

— O garoto não tem culpa de nada, é uma data especial e não tem nada de errado nisso.

— É claro que tem! A senhorita sequer devia ter opinião nesse assunto... já tivemos uma conversa sobre isso – digo enfurecido.

— O senhor quer que ele odeie o próprio aniversário?

— Não.

— Então nunca o faça se sentir culpado por se sentir feliz no dia dele.

— Ele nem vai lembrar!