0.7

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Josh Beauchamp

Não sei o que sentir.

Nosso filho acabou de nascer e Sav não sobreviveu... acabei de ganhar e perder ao mesmo tempo.

Ela sequer teve a oportunidade de vê-lo... encarar o rostinho, cabelinho, os olhinhos.

Ela não pôde conhecê-lo... depois de tudo que passamos...

Isso me mata.

Constatar essa merda dói.

Por que comigo?

Por que com a gente?

Foi feita uma cesária de emergência, já fazia uns dias que Sav havia sido internada e hoje seu corpo entrou em colapso.

Não controlei as minhas lágrimas quando o bip daquelas máquinas se tornou constante.

Segurei a mão dela até o último suspiro, eu esperava que fosse assim, só não tão cedo, vinte e quatro anos... tão precoce... Eu esperava viver isso aos oitenta.

O choque me dominou ao ponto de que não pude ao menos segurar o meu filho.

Não tive forças para isso.

Ethan foi para a incubadora no neonatal, pois nasceu de oito meses. Foi o que uma enfermeira disse, eu acho.

Meu foco agora é na minha mulher, estou tendo a oportunidade de me despedir. Os médicos esvaziaram a sala para que eu pudesse ter um tempo especial para dizer adeus.

A despedida é importante.

Falo com ela mesmo já morta, é... ela está morta, tenho que aceitar. A agradeço por todos esses anos comigo, por todas as alegrias e tristezas que vivemos juntos, todos os momentos.

A vida é valiosa, pois tem fim.

Clichê, mas verdade.

Sempre vou te amar, Sav – beijo a sua testa gelada e me entrego mais uma vez ao choro.

Era tudo que eu conseguia fazer.

Essa é a verdade, parte de mim a amaria pelo resto da vida, não importa os rumos que eu tomaria daqui pra frente.

Minha cabeça não funcionava direito e o meu coração parecia prestes a explodir.

Estava doendo. Eu estava sofrendo mental e fisicamente.

As últimas palavras dela foram um tanto confusas, ela me pediu desculpas e até agora não descobri o porquê dela ter o dito.

Por que desculpas?

Ela viveu a vida mais altruísta que pude vivenciar.

Sempre tirando de si para dar aos outros, apoiava todo tipo de causa...

O ar me falta aos pulmões... eu nunca havia sentido tamanha dor, a pessoa que eu amei, simplesmente se foi e eu... não pude fazer nada para impedir...

Tentei me preparar para esse momento por todos esses meses, mas a verdade é que não tem como prever essa dor antes de passar por ela.

Eu me sentia sufocado precisava de... ar.

Eu precisava sair daqui.

Porém, fui impedido pelo meu próprio corpo, senti a minha visão escurecer, minhas pernas fraquejarem e, simplesmente, me entreguei.

[...]

Acordei e dei de cara com minha irmã me observando inquieta.

Os últimos acontecimentos de que me recordo voltam à minha consciência e de repente tenho o meu rosto invadido por lágrimas mais uma vez.

— Josh... – diz preocupada.

— Se sente melhor? – pergunta se aproximando de mim.

— O que aconteceu, Sina? – limpo as lágrimas insistentes que rolavam pelo meu rosto.

— Você teve um desmaio emocional... é foi isso que o médico falou... que abaixou a sua pressão levando à perda de consciência...

— Ah...

— Por quanto tempo?

— Um minuto ou dois... daí você acordou meio em pânico e te medicaram... Isso tem umas oito horas...

— Entendi...

— Ela se foi, Sina – sinto o meu peito apertar novamente com a constatação.

— Você vai ficar bem? – noto seus olhos cheios de lágrimas e ela logo me abraça.

— Eu vou tentar.

— Você devia conhecer o seu filho, ele é lindo, irmão! A sua cara... está na incubadora por ter nascido prematuro, mas fique tranquilo, a Any está cuidando bem dele.

— Quem é Any?

— Oh, você não sabe? – pergunta apreensiva.

— Ela trabalha aqui no hospital?

— Não... ela trabalha pra – a interrompo

— Você deixou o meu filho com uma estranha, Sina? – questiono incrédulo.

— Joalin está lá e... ela não é uma desconhecida... pelo menos não para nós...

Levanto de supetão para ir atrás do meu filho, mas minha irmã me impede.

— Josh, tenha calma...

— COMO VOCÊ QUER QUE EU TENHA CALMA? – perco o controle e acabo gritando.

— Ethan é a única parte que restou da Sav – digo num tom mais retido e com os meus olhos marejados.

— Eu entendo... ela vai fazer muita falta – me abraça apertado e liberto mais lágrimas insistentes.

— Você tem que ser forte, Kyle, um pequeno ser humano depende de você e... tenta pensar no bem-estar dele, é isso que importa para um pai – Sininho diz secando o meu rosto.

— Eu vou... – suspiro fundo – onde exatamente está o meu filho? E quero que me explique quem é essa Any e o que ela faz com o meu bebê.

— Vou deixar que ela mesma explique.

Não dramatizei mto a morte da Sav, pois n queria entristecer vcs :)
Próximo capítulo amanhã ou depois.
Mais uma vez peço que votem e comentem, pois senão tenho a impressão de q n estão gostando e isso desmotiva muito.

12 LETTERS | BEAUANY STORYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora