Capítulo 45

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Katherine

Tudo que estava saindo da boca de Joseph não fazia sentido algum na minha cabeça.

Parecia que eu era apenas uma telespectadora que não sabia de porra nenhuma e que apenas estava dando opiniões e fazendo suposições que em nada condiziam com a verdade.

A cada palavra que ouvia era uma navalha se enfiando em diferentes partes do meu corpo.

Uma dor quase que insuportável.

Me sentia ridícula, estúpida e completamente enganada.

Então… Alice…

Não! Aquilo tudo não era verdade, eu estava alucinando.
Era o que eu queria acreditar, mas a cada vez que meus olhos batiam no rosto de Joseph a sanidade me trazia para a realidade.

A dor tinha se tornado visível aos meus olhos, tudo de bom que Joseph exalava tinha se extinguido, o que eu conseguia ver se resumia em amargura, desespero, dor e pesar.

Era isso que emanava de seu corpo, de sua aura.

Ali pude ver o quanto aquele homem era quebrado por dentro, estilhaçado por fora.

Sua alma fora rompida.

Não reconhecia aquele a minha frente, não reconhecia a mulher de quem ele falava que afirmava ser minha irmã, não reconhecia a mim mesma.

Por deus, que angústia é essa?!

Eu não suporto.

Mais uma vez a história se repetia.

Mais uma vez eu fui engada por quem eu amava e confiava, por quem eu defendi com unhas e dentes…

Eu queria morrer…

Essa era a dimensão da minha da minha deceção.

E pensar que eu crucifiquei Joseph por todo este tempo, fazendo acusações descabidas, culpando-o por algo que nem ele sabia.

Sequer conseguia encará-lo, tamanha era a vergonha, tamanha era o repúdio que sentia de mim mesma.

E saber que ele chorava por um filho que sequer teve a oportunidade de conhecer, um filho que foi trocado e substituído como um objeto sem valor.

Eu podia imaginar sua dor, meu filho era de tudo o mais importante na minha vida, e eu faria de tudo por ele, morrer e matar.

Saber que eu amei esse homem, mas que ao mesmo tempo o julguei de forma tão descarada e cheia de mim me enojava ao ponto de me sentir imunda.

Afinal quem não era merecedor de respeito algum era eu. Joseph estaria no seu direito de me esfregar na cara todas as vezes que apontei o dedo para sua pessoa acusando-o de matar Alice, estaria no seu direito de me afastar e nunca mais ter que lidar com uma pessoa que sequer sabia da metade do que aconteceu dentro dessa casa.

Mas que mesmo assim se achava a dona da verdade.

Tão dona da verdade que me senti no direito de malsinar, incriminar mesmo sem provas.

Tudo isso porque pensei conhecer Alice.

Quando percebi, eu era sempre a última a saber das coisas.

No fundo começo a duvidar se realmente conheço as pessoas ao meu redor, se sou verdadeiramente importante para elas, se eu mereço ser enganada dessa forma e por todos os lados.

Saber que a Alice que eu Katherine Bendonardi conheci e convivi era uma farsa, se tornou uma tortura já antes conhecida, um sofrimento que meu próprio pai e marido já tinham me proporcionado como brinde por ser uma pessoa tão patética.

Uma segunda vez- Livro I- Série DestinadosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora