Horan foi até o amigo, o puxando para si e o envolvendo em um abraço forte. Ainda com ele nos seus braços, o rapaz andou até a sala, sentando no grande sofá e fazendo com que Harry sentasse ao seu lado. 

— Eu sei que sente. — deixou um beijo na testa do amigo e fez com que ele deitasse a cabeça no seu peito. 

A verdade é que Anne nem sempre foi assim, essa casca vazia e possessiva. Ela era alegre, divertida, cheia de sorrisos enormes e lindos. Uma das coisas que Harry mais amava quando era criança, era ver os sorrisos da sua mãe que eram direcionados apenas para ele. 

Ela cuidava e o amava de verdade. Era carinhosa e sempre se preocupou muito com o bem estar do filho, o que é comum. Anne sempre foi alguém doce, todos a adoravam, Harry a adorava com todo coração, ele passaria por cima de tudo e todos por ela. A relação dos dois era uma coisa linda e cheio de tanto respeito e amor, que o garoto se sentia o mais sortudo, por ter uma mãe tão boa quanto ela era. 

As coisas foram mudando com o tempo, ela foi ficando mais fria aos poucos, se distanciando do próprio filho e Harry nem percebia o que estava acontecendo, até eles começarem a proibi-lo de sair de casa a qualquer custo. 

Tudo começou a desabar quando ele tinha dez anos, seu pai não o deixava mais brincar na frente da casa com os vizinhos, nada de sair até a sorveteria com o Niall, nada de manter contato com outras pessoas que eles não soubessem e dessem permissão para que o garotinho fizesse. 

Foi extremamente confuso para o Harry de dez anos, não receber mais um beijo de boa noite, nada da mamãe indo lhe cobrir a noite antes de ir dormir, nada de café da manhã recheado de sorrisos e beijos calorosos. Tudo que lhe restou foi um pai que procurava qualquer motivo para brigar e lhe proibir de alguma coisa, uma mãe que se mantinha distante, mesmo que às vezes ele sentisse que ela queria estar mais perto. 

Regras e mais regras, tapas e surras caso não obedecesse. Foi ficando cada vez mais sufocante, cada vez mais difícil. Aos quatorze tudo piorou. 

Desmond ficou obcecado em manter Harry 'puro', para que ninguém o tocasse, o que ele sempre dizia era que Styles era uma criança, não poderia fazer parte das coisas do mundo. Dizia que a vida era mais difícil do que ele podia imaginar e que muitas coisas ruins poderiam acontecer caso o menino não lhe desse ouvidos.

Então as regras aumentaram. Sair? Raramente, e só se fosse com o Niall. Festas? De jeito nenhum. Porta do quarto trancada? Jamais. Celular? Revistado quase todos os dias, para garantir que ele não estava em um lado da internet que não era permitido para crianças. 

Com o passar dos anos Harry entendeu que seu pai estava se referindo a sites adultos de conteúdo pornográfico, ele não queria que o cacheado soubesse de nada relacionado a sexo. 

O porém de tudo, é que Desmond esqueceu que ele era um adolescente, com hormônios à flor da pele. 

É óbvio que em algum momento o seu corpo pediria por algo. E isso aconteceu quando entrou nos dezesseis anos. Se atraindo por garotos do colégio e por um motivo que ele não entendia muito bem, passou a ter um probleminha entre as pernas ao ver os garotos do time de futebol suados, mesmo que não quisesse, sua mente criou imagens que deixava o seu corpo quente, literalmente. 

Se seus pais não estavam dispostos a ensiná-lo, ele se dedicou a aprender sozinho. Então entendeu que seu tesão acumulado ia ficando maior conforme ele não dava ao seu corpo o que ele pedia. Os desejos criados não eram saciados, o que só deixava o garoto com uma vontade absurda de jogar tudo para o alto e aproveitar o melhor da vida, além é claro da frustração sem fim. 

A obsessão do seu pai em lhe manter longe disso não sumiu com o tempo, na verdade só piorou. E foi quando ele passou a saber de cada passo que dava, dentro e fora de casa. Antes eles só tinham a câmera do lado de fora da casa, por questão de segurança, depois Desmond mandou instalar dentro também, nos corredores, na sala, na parte de trás da casa. Instalou sistema de alarme, apenas para garantir que quando ele estivesse fora de casa, Harry não sairia para algum lugar, pois ao tentar abrir qualquer janela ou porta, principalmente a janela do seu quarto, o alarme iria disparar e ele seria notificado disso no mesmo segundo. 

Frustration || Larry StylinsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora