Tavernas e Vielas

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Uma música toca alta enquanto diversas raças brindam uma bebida na Estalagem/Taverna do Bardo Desafinado, uma criatura verde e gigante dança com seu instrumento animando todos ao redor. Os quartos ficavam mais a dentro e Labruinn, o homem que encontramos, deu uma chave para mim e avisou que qualquer custo é por conta dele.

Me sentei à mesa no balcão ao lado de um anão ruivo e rosto mau humorado, que me olhou com desdém e grunhiu.

- Mais uma viajante desses reinos fétidos cheios de porcos e elfos podres - Bateu sua caneca com força na mesa. - O que faz por aqui, forasteira?

- Bom, eu só estou em busca de alguém - Conti minha irritação. - Desculpe mas, pelo que sei não fiz nada contra você, homenzinho.

- Você nasceu! - Grunhiu forte.

Me retirei da mesa e estava indo ao meu quarto até que Labruinn sussurrou.

- Aquele é Baldur, o furioso, não puxe assunto com ele. Nunca está de bom humor, na verdade os anões daqui sempre estão irritados.

Nunca vi um apelido caber tão bem a alguém, eu estou tão irada pela má hospitalidade do anão que me deitei na cama... de palha? E tentei relaxar um pouco, meu coração acalmou mas ainda pude sentir a ira. Assim que retornei ao salão, uma música mais calma está sendo tocada e poucas pessoas ainda estão lá e dentre elas, Raytu parecia conversar em uma mesa quando me viu e acenou indicando aproximação.

- Esta é Sasha - Me apresentou. - A grandona ali no centro é Vola, uma meio-orc, à direita, o elfo Radram. 

- Olá? - Minha voz soou tímida enquanto me sentei, Vola que estava tocando aquela hora que cheguei.

- Vi que encontrou o furioso Baldur na sua entrada - A voz grossa e forte da barda (nome dado a quem toca instrumentos) impôs autoridade. - É cada história que tem por aqui devido a falta de respeito dele, mas não julgo, ao menos trás uma diversão a mais para minha taverna. Parece assustada, primeira vez que vê alguém como eu?

- Sim, de perto sim. Eu ainda estou conhecendo aqui... - Raytu bateu no pé para que eu não contasse o que faço.

- Estes reinos são enormes, de onde são vocês?

- Somos de Atrahut - Raytu interveio. - O reino dos antigos magos, viajamos muito até aqui mas são as primeiras aventuras dela e por isso não conhece muito já que nossa vila costuma ser pacata.

- Atrahut... - Radram, com sua voz riscada respirou fundo. - Um ótimo lugar para não conhecer nada, vocês são de longe. Andei por estas terras há tempos, poucos encontros úteis e se estão aqui buscando por aventuras o centro da cidade costuma ter interessados para lhes dar recompensas valiosas em troca de favores. É por isso que as pessoas vem até aqui. A noite cai em breve então descansem e não tomem muito hidromel.

Parece que conseguimos aliados por aqui que podem nos ajudar com informações, talvez Raytu saiba por onde andar e o que fazer já que ela viveu mais tempo aqui do que... Em casa. A palavra "casa" soa como distante perto do que estou passando, talvez ajudando ainda mais Rugnar ele seja capaz de enviar-me para perto da divisão e eu reencontrar meus pais e saber sobre sobreviventes do ataque a fim de reaproximar de quem eu mais amo, não que eu odeie a vida aqui, mas o fato é: Sinto falta daqueles com que cresci e a preocupação se todos estão bem me consome a cada dia. Só é, saudade mesmo.

Ao acordar com um raio de sol direto em meu rosto e alguém batendo na minha porta atendo para ver quem é.

- Vamos? O café está servido - Raytu convidou animada e destacando seu amuleto de regeneração, que evita com que ferimentos graves causem sua morte.

Grandes bolos e roscas, alguns pães e sucos estão na mesa enquanto os clientes se deliciam de cada um, segundo Vola, o café de hospedes é gratuito à aqueles que estão alugando os quartos e com a fome que estou, aproveitei. 

- Se fartou igual na floresta dos arqueiros! Só não foi flechada no coração - Ray me lembrou deste dia.

- Não me lembra disso - Sorri.

- Será que flechou ele também?

- Para, sério, o irmão de Steva não me flechou.

- Não? - Mordeu o pão e olhou com olhos cerrados. 

Neguei. Logo após a refeição saímos para buscar pela mulher mencionada na conversa com o mago do teletransporte, que aparentava ter alguma relação antiga com o paladino e poderia ter informações preciosas para nós. Rodamos várias vezes em círculos pelas grandes ruas da cidade, passamos por vielas e alguns mendigos e comerciantes carentes tentavam chamar a atenção enquanto eram calados por guardas ou pessoas furiosas pela área, as vezes animais enjaulados tentavam se libertar. Foi em uma parte mais isolada e com pouco movimento que Raytu bateu na porta de um cortiço e uma senhora já de idade atendeu tentando reconhecer nossos rosto, e foi que me surpreendi:

- Mãe? Sou eu, Raytu.

A Guerreira MatveevOnde histórias criam vida. Descubra agora