A Filha do Mal

Capítulo 10

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Acordei com os raios de sol batendo em meu rosto, mesmo após o sono meu corpo ainda estava pesado e dolorido.

Me sentando e olhando ao redor, percebi que eu ainda estava no pequeno hospital das bruxas, o lugar completamente silencioso.

Mal notei que ao meu lado, sentado em uma cadeira e com a cabeça escorada na parede, estava meu tio John, dormindo e roncando baixinho.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Sempre que eu precisava dormir por conta da lua cheia, era meu pai quem ficava comigo.

Escutei um barulho vir da porta e logo avistei os cabelos alaranjados do meu tio Dante, companheiro de John, que carregava um cobertor e uma bolsa nas mãos.

Seus olhos logo se encontraram com os meus, e eu tive ainda mais vontade de chorar, algo em Dante sempre me fazia ser mais aberta com as minhas emoções, ele sempre me entendia e me ajudava com tudo.

Ele caminhou até me  de u tio John e colocou o cobertor cuidadosamente sobre seu corpo, a bolsa logo foi esquecida na mesa ao nosso lado e sua atenção estava completamente em mim.

Ele se sentou ao meu lado e passou os braços ao meu redor. E era isso que eu precisa, era dessa compreensão e apoio, eu não precisava me lembrar que meu mundo estava desabando, ou que eu não conseguia libertar minha loba, ou que meu pai estava desaparecido e que eu teria que resolver todos esses problemas.

-Desculpe não ter vindo ver você mais cedo, eu estava em outra alcateia com Grace.

Eu não disse nada, apenas concordei com a cabeça e o abracei mais forte, suas mãos mantinham um leve carinho nas minhas costas enquanto eu chorava.

-Vamos dar um jeito nisso, Emma. Você não está sozinha.

Senti mais lágrimas surgirem em minha bochechas, eu estava cansada, sobrecarregada e eu precisava disso. Ainda mais depois do dia de ontem.

Toda a minha vida eu tive pessoas que me cercavam e que me ajudavam em tudo, meu pai sempre esteve ao meu lado resolvendo todos os problemas, e agora eu também não estava sozinha, mas eu teria que resolver meus próprios problemas, e eu não tinha a mínima ideia de como fazer isso.

-Vamos pensar em algo, vamos encontrar seu pai e fazer picadinho desses rebeldes.

Ri, quase engasgando com o meu choro.

Me assustei quando senti outro par de braços me envolver.

-Por que não me chamaram para o abraço? Eu adoro abraços em grupo.

Escutei a voz do meu tio John e logo nós três estávamos abraçados enquanto meus tios limpavam minhas lágrimas.

-Você puxou o lado chorão do seu pai.

John disse apertando meu nariz.

-E o lado esperto.

Dante tentou melhorar a situação, suas mãos alisando meus cabelos que provavelmente pareciam um ninho.

-Se sente bem para sair daqui? Eu não gosto de hospitais.

John me perguntou saindo do abraço e recolheu a coberta, começando a dobra-la.

Eu ri quando vi a expressão de Dante, que trabalhava no hospital central da alcateia, ao olhar para John.

-É por isso que você não vem me visitar enquanto eu trabalho? Por que nunca me disse?

Dante perguntou e John me olhou pedindo socorro, eu apenas ri dos dois enquanto enxugava o restante das minhas lágrimas e me levantava, alcancei a bolsa que Dante havia trago e encontrei um par de roupas, logo alcancei o banheiro adjacente ao quarto e me troquei.