Capítulo 41

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Meu ombro ainda doía ocasionalmente quando eu movia meu braço rápido demais, mas o doutor tinha retirado os pontos ontem e me disse que a dor logo desapareceria completamente. Toquei a cicatriz vermelha abaixo da minha clavícula. Ainda estava tenra.

Minha primeira cicatriz.

Yerik veio por trás de mim, elevando-se mais do que uma cabeça acima de mim, e descansou as mãos levemente sobre meus ombros, os olhos cinzentos escuros de raiva quando se fixaram na cicatriz.

Ele estava completamente nu como eu depois do nosso banho, mas seu corpo estava coberto de inúmeras cicatrizes. Eu procurei seu rosto, imaginando se talvez o incomodava que eu não fosse mais perfeita. Os homens feitos carregavam suas cicatrizes como prova de sua bravura - e não havia homem mais corajoso do que Yerik. Mas eu era uma mulher; uma mulher entregue por sua beleza.

- O médico disse que vai desaparecer. - sussurrei. Yerik levantou os olhos para encontrar os meus no espelho, sobrancelhas escuras se unindo. Ele me virou e inclinou meu queixo para cima.

- Acss, eu não dou a mínima se desaparecer ou não. A única razão pela qual sua cicatriz me incomoda é porque me lembra que você arriscou sua vida por um idiota como eu, e isso é realmente a última coisa que você deveria considerar fazer.

- Eu faria de novo.- eu disse sem hesitação. Yerik agarrou minha cintura e me levantou na pia.

- Não.- ele rosnou, trazendo o rosto perto. Seus olhos ardiam de raiva, e outros se encolheriam sob a força desse olhar.

- Não, está me ouvindo? Isso é a porra de uma ordem.

- Você não pode me dar uma ordem como essa. - eu disse suavemente. Ele soltou uma respiração dura.

- Eu posso e vou. Como seu Capo e como seu marido. Você não vai arriscar sua vida por mim nunca mais, Acsa. Prometa.- Eu olhei para ele.

Talvez ele achasse que era fácil assim. Yerik estava acostumado a controlar todos ao seu redor, acostumado a ter seus homens obedecendo a todos os seus comandos, mas até ele tinha que saber que algumas coisas estavam fora de seu controle, que até mesmo seu poder tinha limites.

- Acsa, jure.- Ele falou em sua voz de Capo, a voz que fazia seus homens segui-lo e tinha seus inimigos encolhidos de medo. Enrolei minha mão em volta do seu pescoço, brincando com seu cabelo preto, e escovei meus lábios nos dele.

- Não.- Seus olhos se apertaram.

- Não?

- Não. Você nunca ouviu a palavra antes?- Eu o provoquei enquanto repetia as palavras que disse a ele em nossa noite de núpcias.

- Oh, eu ouço frequentemente.- disse ele, falando sua parte. Meu rosto se abriu em um sorriso, mas o dele permaneceu escuro. -Acsa, estou falando sério.

- Também estou, Christian. Eu protejo as pessoas que amo. Você terá que aceitar isso.- Ele balançou a cabeça.

- Não posso aceitar porque você age sem pensar sempre que age por amor.- Dei de ombros.

- É assim que eu sou.- Ele descansou a testa contra a minha.

- Eu não vou te perder por causa disso.

- Você não vai me perder.- sussurrei, minha palma pressionada contra a tatuagem da Famiglia em seu peito.

Nascido em sangue. Jurado em sangue.

Talvez eu não tenha feito um juramento de sangue, mas o que me ligava a ele era mais forte do que qualquer juramento.

Eu estava amarrada pelo amor.

The Cruel.   [✔︎ Concluída]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora