Meu nariz estava doendo como o inferno, mas pelo menos não havia quebrado e o sangramento havia parado, o nariz de Savana esta bem pior que o meu. Algo dentro de mim queimou rindo com o pensamento.

- Bom, pelo menos a loira parece bem pior que você. - Anna Kariênina comentou enquanto tirava os óculos e uma risada me escapou.
- Senhora, não pode influenciar esse tipo de comportamento. - A diretora protestou novamente.
- Eu só não ia achar nada legal ter deixado meus afazeres do dia porque Anna Elis apanhou na faculdade. - Ela rebateu e eu desdenhei.
- Que ótima influência de madastra você é.
- Não fode! Agradeça por eu ter te deixado mofando aqui, até teu pai decidir atender o celular. - Revirei os olhos e cruzei meus braços para seu comentário.

- Vocês se dão bem? - A diretora tinha os olhos arregalados.
- Claro. - Dizemos em uníssono.

Uma grande mentira.

A diretora suspirou e voltou a falar.
- Bom, eu liguei diversas vezes para o senhor Ralph mas ninguém me atendeu, desde que Anna Elis foi matriculada aqui no campus e a mãe dela morreu, nenhum responsável veio mais. Quem faz as matrículas e resolve os termos são os próprios empregados de seu pai... - A diretora começa e Anna Kariênina lhe interrompe.
- Meu marido é muito ocupado, senhora. Não tem tempo para assuntos que outras pessoas podem muito bem resolver. - Anna Kariênina é ávida com as palavras, como no dia em que ela negociou com os fornecedores de drogas na minha frente.
- Filhos não são assuntos que outras pessoas podem resolver, senhora. - A diretora rebateu ávida também, e eu apertei os lábios reprimindo um sorriso, pois Anna Kariênina havia encontrado um oponente a altura, a qual não poderia matar. - Anna Elis nunca teve nenhuma atitude parecida com a de hoje, isso é um sinal de que ela pode não está bem. - Dessa vez, eu que lhe interfero.
- Eu estou ótima. - Solto um sorriso com escárnio, mas ela me ignora.
- Atitudes agressivas repentinas podem ser sinal de que algo pode lhe está incomodando, algum problema em casa, talvez uma mudança repentina a qual ela não tenha se encaixado bem. - Engoli seco tentando engolir meu desconforto de ter duas pessoas falando de mim como se eu não estivesse presente.
- A senhora está querendo dizer que o meu casamento com o pai de Anna Elis que pode ter influenciado as atitudes dela? Isso não tem cabimento! - Anna Kariênina rebateu incorporando facilmente o papel de madrasta indignada, ela é boa em fingir as coisas.
- Não, senhora. Não é isso... - A diretora ainda tanta argumentar mas Anna Kariênina parece querer encerrar logo aquilo.
- Me desculpe, diretora, mas o que eu vejo aqui é que esses alunos do campus ainda são tratados como alunos do ensino médio ou ensino fundamental, talvez se vocês mostrassem para eles que a vida real vai além de status sociais e dinheiro, eles não agiriam de tal forma. Anna Elis já tem 19 anos e sabe o que faz de certo e errado, então não precisava chamar alguém e atrapalhar o dia todo de uma pessoa. - Ela finalizada e se levanta. - Qual a punição dela? - A diretora parece assustada com a atitude de Anna Kariênina, embora eu não esteja surpresa que ela esteja praticante me chamando de estorvo na frente de todos.
- Apenas uma advertência. - A diretora apenas suspira, cedendo.
- Ah que ótimo, em casa ela ganhará sorvete. - Anna Kariênina soa irônica. - Obrigada, diretora. Vamos, Elis.

Dou um salto da cadeira segurando minha mochila, e logo estamos do lado de fora da sala, onde os pais de Savana e a mesma levantaram assim que nos viram.

- Olha, senhora, precisamos conversar sobre a atitude de sua filha...

Os pais de Savana começaram mas foi para a loira cheira de hematomas que Anna Kariênina se virou.

- Cuido de você depois, mocinha. - Anna Kariênina disse em um som ácido em meio aos lábios levantados e Savana arregalou os olhos.

Fiquei confusa mas lhe acompanhei assim que ela voltou a caminhar, ignorando todos totalmente. Admito que Anna Kariênina estava tão atraente hoje, o vermelho lhe caía bem e aquela calça deixava sua bunda maior. Santo Deus! Para, Anna Elis!
Estávamos quase saindo da escola quando vi Elena e Eliot no fim do corredor me olhando preocupados há espera de respostas, fiz um sinal para Elena me ligar depois e ela assentiu.

- Por que espancou a garota? - Anna Kariênina perguntou assim que chegamos ao carro, e eu suspirei.
- Ela postou um vídeo vergonhoso sobre mim durante a festa no sábado, onde eu estava dançando sobre uma mesa e depois vomitei em alguma, de tão bêbada. - Expliquei com o rosto fervendo de vergonha e Anna Kariênina não conseguiu controlar uma risada.
- Deve ter sido hilário. - Eu fixei meus olhos nela e ela parou de rir. - É, não deve ter sido tão divertido assim para você. Bom, pelo menos ela apanhou.
- Há anos quero dar uma ligação nela, ela assim como todos aqui nessa merda de lugar, não me deixam em paz desde que era criança, quando ela entrou no campus tudo piorou. É piadinhas todo o santo dia, parece que eles adoram acompanhar a vida da filhinha de um mafioso. - Desatei a falar com ódio em cada palavra, Anna Kariênina me olhou por um instante até que abriu a porta do carro para mim.
- Taddy vai te levar em casa.
- Você não vem? - Enrugei a testa.
- Não, tenho coisas a resolver. - Assenti e entrei no carro. - Não vai me agradecer?
- Pelo que?
- Por ter vindo aqui.
- Você é minha madastra agora, não fez mais que tua obrigação. - Dei de ombros e pude ver a sombra de um sorriso antes dela bater a porta.

Suspirei cansada no banco de trás fechando os olhos, querendo que esse dia tenha sido só um pesadelo. Ou melhor, que minha vida toda tenha sido um pesadelo.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now