17 de maio de 2012 - quinta-feira

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Estou muito feliz. Hoje eu entreguei quase todas as roupas para o guarda-roupa da empresa. Claro que fiquei com algumas, pois, como eu disse, nos apegamos a elas. Parece que nasceram para mim. Teve também as duas peças que ficou com minha irmã.

— Tem certeza que vai devolver agora? - perguntou Serena. Ela sorria, feliz com minha felicidade.

— Tenho sim, Serena. Já comprei algumas peças pra mim, e dá pra sobreviver. Obrigada mesmo.

— Quando precisar, não se acanhe

Eu pisquei para ela. Sei que ia, sim, precisar a qualquer momento.

Noite: Fiquei tão feliz em devolver as roupas da empresa que sai para comemorar. Fui sozinha mesmo, era o que eu queria. Queria ficar comigo e meus pensamentos. Analisei todas as coisas que estão acontecendo para mim, para minha vida. Tirando o lado amoroso, que ainda está daquele jeito que, inclusive, foi o motivo de eu ter começado esta terapia, tudo está indo muito bem. Lembrei-me da volta das minhas férias naquela agência com aquele desprezível chefe insensível que não dava a mínima para meu trabalho e só queria saber de lucros. E agora eu estou tão bem ali na empresa com Serena, com os meninos, com o meu próprio trabalho. Sei que estudei para ser uma designer, mas fazer o quê? Tem coisas que a vida nos oferece que não podemos recusar, ela, mais que um diploma, sabe o que fazer, e sei que devo continuar ali. Estava pensando em tudo isso em um café em um pequeno shopping da Avenida Paulista. Tomava um café gelado em uma das mesas com sofá que era uma delicia. Hum, depois da livraria, ali era meu lugar favorito de se pensar. Bem, ainda pensei em Sam e Sheila; eu já era um pouco distante deles, agora, mais do que nunca, os sinto isso. Será que estou deixando-os de lado? Tirando eles, não tenho mais nenhum amigo. Sei que os meninos do trabalho são pessoas ótimas e que, recentemente, estamos saindo juntos, mas eu tenho como filosofia de não falar que uma pessoa é seu amigo quando se conhece em tão pouco tempo. Amizade é algo que se constrói à longo prazo, com confiança, conhecimento. Eu não sabia de quase nada sobre Felipe e Roberto. Aliás, eu não sabia de quase nada de Sam nem Sheila também.

Hum, preciso parar de ser tão anti-social e me doar mais para as pessoas. Não sei por que foi tão bloqueada para com todos. Acho que perdi a confiança total no ser humano. Por quê? Eu não sei viu. Queria saber mesmo, mas não consigo me aproximar de uma pessoa tão fielmente. Preciso me cuidar quanto a isso.

19 de maio de 2012 – sábado

Eu e os meninos fomos ao barzinho/balada de Pinheiros. Chamei Sheila e ela aceitou. Sam não quis ir, acho que ele não vai muito com a cara dos meninos.

— Isso aqui é o máximo, Bia – falou Sheila, maravilhada ao chegarmos ao local. Pisquei para ela.

Desta vez por sorte, conseguimos uma mesa para nós, e pedimos bebidas.

— E você com as meninas, Bia? - Sheila perguntou, dando um gole em sua bebida.

— Ah, Sheila, você sabe que não temos nada de concreto uma com as outras. Estamos deixando rolar. - Eu omiti pra ela. Não queria abrir o jogo, pois sabia que ia jogar na minha cara que aquilo não ia dar certo. Depois, tenho certeza, ia correr contar para Sam que não deu certo.

Hoje, no barzinho, um DJ agitava.

— Adoro quando é música eletrônica – falou Roberto.

— Mas todo dia tem eletrônica – eu disse. - No outro ambiente é o que toca sempre.

— Não é a mesma coisa – ele revirou os olhos para mim.

— Caramba! - gritou Sheila, que me cutucava com o cotovelo – Aquele não é aquele cara da novela?

A Nada Fabulosa História De Uma Solteira 🏳🌈Where stories live. Discover now