E finalmente eu consegui desabar, não sentindo mais forças para jogar mais nada no chão, que não fosse eu mesma. Eu só queria sumir, eu só queria ir para onde meu pai, o ver uma última vez, jogar um carteado com ele ou simplesmente o ouvir respirar enquanto trançava meu cabelo. Mas eu nada disse terei mais, ele me deixou. Ele se foi por causa daquele maldito, aquele homem acabou com a vida do meu pai.

- Eu quero ver meu pai. - Chorei soluçando enquanto desabafava no chão e Jones me segurou. - PAI!!! - Gritei com tanta dor e raiva que pude sentir os vidros da casa tremerem.

Meu pai se foi.

~~~~~

- PAI!!!

O grito de terror me acordou de repente e me sento na cama ofegante, sentindo suor pingar de meu rosto. Respiro e expiro algumas vezes até que finalmente meu coração retorna a seu ritmo normal, olho vagamente para as paredes de vidro de meu quatro e depois para o despertador ao lado de minha cama.
02:45 da madrugada, daqui há 15 minutos ele já irá mesmo despertar para me acordar, o amanhecer não vai demorar muito e tenho que sair daquele galpão antes que alguém possa me ver, o trabalho não será dos mais pesados mas também deve-se ter cuidado. Jogo-me nos travesseiros novamente e suspiro.
Oito anos se passaram e os pesadelos ainda continuam, as lembranças dos piores anos de minha vida desde que meu pai estava preso e então morreu. Não tem um dia sequer que eu não me olhe no espelho e digo a mim mesma: "Eu vou conseguir, matarei todos os inimigos que surgirem em meu caminho."
Mas, então me olho novamente e me pergunto se essa não é apenas mais uma promessa imbecil e vaga de uma garota órfã de 14 anos após matarem seu pai?
Eu não posso pensar assim, tenho uma promessa a cumprir e a honra de meu pai para limpar. Desistir é uma palavra que não pode ser escrita em minha história.
Levanto rapidamente e desligo o despertador antes do irritante barulho soar. Ando até o banheiro para começar a me preparar. Há muito trabalho a fazer, sangue para derramar.
[...]

Usando uma calça de couro preta, uma blusa preta gola alto e mangas longas, minhas botas pretas de canto curto e salto baixo, prende meu cabelo longo e castanho claro em uma trança de raiz e me equipei inteira, com minha mochila cheias de armas e granadas, uma pistola na cintura, outra numa bota e uma adaga na outra bota.
Eu vestia minha jaqueta de couro por cima da blusa, enquanto descia as escadas e percebi que havia uma luz baixa acesa na sala. A casa está em completo silêncio pois todos estão dormindo, apenas eu acordo esse horário quando tenho trabalho agendado.
Com a mão na minha pistola na cintura, eu desci devagar.

- Calma, não vai me da um tiro.

Ouço uma voz feminina familiar e logo reviro os olhos ao ver Alana sentada no sofá perto do abajur aceso, enrolada em um robe de ceda vermelho, segurando uma xícara na mão. Os cabelos negros estavam um pouco bagunçados, mas ainda assim lhe deixava bela.

 Os cabelos negros estavam um pouco bagunçados, mas ainda assim lhe deixava bela

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- O que está fazendo acordada a essa hora?
- Quis tomar um chá. - Alana deu de ombros e tomou um gole imbecil na xícara.
- Não são 04:00 horas da manhã. - Retruco e ela da de ombros novamente.

Alana é a Borges 01, ela tem a mesma idade que eu e é a filha mais velha da família Borges, com ela tem os irmãos de Klaus e Kennedy de 20 e 19 anos, os Borges 02 e Borges 03. É assim que eles se denominam, afinal, todos são mafiosos e esse sobrenome é o que os deixam na escala dos mafiosos mais temidos de San Diego.
Alasca e Jones Borges eram amigos de meus pais, tentaram o ajudar depois que minha mãe morreu no meu parto, mas o dinheiro da máfia nunca foi algo bem aceito pelo meu pai, embora eu ache que o dinheiro de seus assaltos miseráveis também não seja tão limpo assim.
Então quando meu pai foi preso injustamente acusado de assassino e não queria que eu fosse para um orfanato, ele passou minha guarda a Jones e Alasca, desde então eles cuidaram de mim e me ensinaram o que eles acham certo e errado, mas, principalmente, os Borges ensinaram que eu decido o que é certo é errado.
Moral da história: Hoje sou uma assassina profissional.
Alana deixou devagar a xícara perto do abajur e andou até mim, seu robe se arrastando no chão, o vermelho ressalva bem suas qualidades. Alana é um pouco mais alta que eu, então segurou meu rosto com as duas mãos e antes que eu pudesse protestar, ela uniu sua boca a minha. Um beijo sensual onde ela pediu abertura para minha língua, tive que recorrer a todas as minhas forças para lhe afastar devagar, segurando levemente sua cintura.

- Tenho que ir, não posso me atrasar ou muito menos perder esse cliente.
- Tudo bem então, a gente resolve isso depois. - Alana mordeu seu lábio inferior descaradamente e eu sorri de lado, me afastando. - Vai derramar muito sangue hoje? - Alana perguntou enquanto eu andava até a porta.
- Essa é minha especialidade, baby. - Digo sem olhar para atrás mas posso ouvir seu sorriso baixo.

Alana e eu não temos nada oficial e muito menos posso dizer que sou apaixonada, apenas estou acostumada a ela. Fomos criadas juntas e pelos olhares que Alana sempre me deu, foi nítido que ela nunca me viu como irmã e sim como algo a mais.
Se eu sou lésbisca? Acho que isso não é tão importante agora, rótulos não fazem meu tipo.
Entro na garagem e vou até uma de minhas motos, uma Honda CBR 1000 RR preta, que ganhei de Jones em meu 19° aniversário. Ele disse que eu não podia sair por aí matando sobre as motos deles, que não são equipadas e velozes para isso.

Coloco meus fones de ouvido tocando Human - Rag'n Bone Man, e depois coloco meu capacete que esconde meu rosto inteiro, então o portão se abre

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Coloco meus fones de ouvido tocando Human - Rag'n Bone Man, e depois coloco meu capacete que esconde meu rosto inteiro, então o portão se abre. Respiro fundo e motor ronca quando acelero para fora.

Minha vingança está cada vez mais próxima e é isso que me faz levantar da cama de madrugada para ir derramar o sangue de alguém, em troca de dinheiro para colocar meu plano em ação.
Não estou orgulhosa do que me tornei, mas nada mais importa enquanto eu não matar quem fez isso aquilo com meu pai: Dorgles.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now