🐟 CAPÍTULO 23 - 18° 🐟

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06 de fevereiro de 2010

O domingo começou cedo na casa grande. Muitas pessoas correndo da cozinha para o jardim. Laura havia contratado vários serviços para fazer do aniversário de dezoito anos de Talilo um dia inesquecível.

Tentando despistar os funcionários que organizavam a festa, Dorival protegia o segredo que ele e Talilo haviam guardado nos últimos meses. O poço estava escondido em um canteiro no jardim, perto das flores de lavanda.

Uma mulher que carregava as bebidas tentou entrar na casa grande pela porta da frente.

— Não, não, querida! Não quero que ninguém entre pela loja. Dê a volta por trás. A porta da cozinha está aberta. — Disse Laura. Em seguida trancou a porta do Antiquário.

Talilo acordou. Antes de descer, foi primeiro ao ateliê. Acendeu algumas velas no pequeno altar. Fez preces para Nanã; para o Dono do Mangue; pela memória de Tassia e Galileu.

Olhou pela janela e viu toda a movimentação no jardim. Desceu.

— Bom dia, meu lindo! Feliz aniversário! — Laura o abraçou — Estou tão orgulhosa de você. E ansiosa para mais tarde. Chamou seus amigos?

— Chamei sim, Tia. Eles vão chegar já, já.

— Ótimo. Mandei decorar tudo com malhas coloridas, como você me pediu. Vai ficar lindo!

Dorival se aproximou para participar da conversa.

— Bom dia, Talilo! Parabéns, visse? Tudo de bom pra tu.

Após um aperto de mão, ele e Talilo se abraçaram.

— Valeu, Val. Na verdade, tudo de bom pra nós. Essa festa também vai ser tua. Não quero ver tu trabalhando hoje, visse? É pra se divertir.

— Opa! Gostei! É isso mesmo, Patroa?

Mesmo contrafeita, Laura assentiu. Dorival comemorou tirando a gravata do pescoço e desabotoando a camisa.

— Agora se lembre do que a gente combinou, tá certo? A festa tem que acabar de três horas, pra dar tempo de arrumar tudo antes das irmãs chegarem.

— Se preocupe não, Tia. Já avisei a todo mundo.

— E não bebam muito. — Laura aconselhou.

— Não vou beber, nem comer carne. — Disse Talilo.

— Ah! Mas eu vou. — Dorival gargalhou.

Uma hora depois, os convidados foram chegando.

Para desgosto de Laura, Talilo apareceu no jardim fantasiado de Chico Science. Ele havia convidado Maiara, Jonas, amigos de escola e colegas do Maracatu. Dona Geralda e Seu Ricardo se conheceram na festa.

Ao som de uma banda que tocava as músicas do movimento Manguebeat, todos dançavam juntos. Exceto, Laura. Que observava de longe, sentada sozinha em uma mesa, incomodada com o jeito de viver daquelas pessoas.

Disfarçadamente, Talilo levou Maiara e Jonas para conhecer a casa grande. Entraram na loja pela porta interna. Maiara beijou a Carranca que tinha lhe servido como canal nos últimos meses. Jonas desdenhou do valor das relíquias que considerava feias.

Depois de muita bebedeira, Dorival pegou o microfone.

— Eita! Que tá arretada demais essa festa! — soluçou — Eu quero agradecer à minha querida Patroa, Dona Laura, pela boa vontade de me dar esse emprego.

AFOGADORUM - O Dono do MangueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora