⩩ 𝖽𝖾𝗂𝗑𝖾 𝗌𝖾𝗎 𝗀𝖺𝗍𝗈 𝗌𝖺𝗂𝗋

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Personagem: Seo Changbin.

Eu amo a casa que divido com meus amigos, sempre acordo com o sol brilhando através das janelas salientes e um bule de café fresco, Deus abençoe quem trabalha até madrugada, amo acordar de manhã; a um enorme jardim cheio de vegetais frescos crescendo sobre um carvalho, a placas pintadas a mão em quase todos os cômodos, lembrete amigável das regras da casa ou apenas uma mensagem positiva como "continue sempre sonhando!" com alguns desenhos bonitos, os cães e gatos brincam na sala da frente todas as manhãs e dormem tranquilos à noite; realmente tivemos sorte, aqui é quase o paraíso.
Embora tenhamos regras tranquilos e principalmente procuramos ter consideração um pelo outro, existem algumas regras um pouco mais rígidas, como "não entre no quarto das pessoas sem permissão", "não dê festas durante a semana", "não deixe as luzes acesas à noite" e por aí vai.

Um de nossos colegas de casa chamado minho, pediu específicamente que mantivéssemos o gato dele dentro de casa antes do pôr do sol, pois disseram que ele fica doente e tem tendência a se perder quando sai correndo noite afora. Sendo um fumante ativo de cigarro, um maço inteiro por dia, geralmente fico no jardim perto da varanda uma hora ou mais no começo da noitinha; fumando um cigarro atrás do outro e me afogando em xícaras de café enquanto saio com o gato.

É, deu pra notar que eu fiquei encarregado de ficar de olho nele né?

Apesar dessa atenção que eu tenho que dar o gatinho é muito bonzinho, e olha que eu não gosto muito de gatos.

Demorou algumas semanas mas notei que o gato sentava na varanda toda vez que eu abria a porta para fumar, me seguia quando eu me levantava para colocar o cigarro no cinzeiro e depois ia para o jardim ao invés de entrar de volta para casa, percebi dias atrás que ele começou a miar alto depois de escurecer. Não dei muita atenção a isso no começo e apenas o mantive longe da porta enquanto eu saía sem deixar o gato sair junto mas ele persistiu, era muito rápido e teimoso; conversei com minho mas ele nem ligou e disse que se eu quisesse e conseguisse podia deixar o gato trancado na casa ao invés de deixá-lo sair.

Todo dia era sempre a mesma coisa, fumando e olhando a noite chegar, minha rotina estava ficando entendiante, mas que vida de fumante não é né? Em um dia desses eu estava lendo uns artigos de programação no celular quando ouvi um farfalhar nos arbustos do nosso quintal, levantei minha cabeça mas rapidamente pensei que era só o gato pisando forte na folhagem.

Meu sangue gelou quando o ouvi miando de lá de dentro.

- Merda, eu não tinha deixado o gato sair então obviamente não era ele! - questionei.

Os miados do gato foram intercalados por suas garras arranhando o interior da porta da frente, fiz uma pausa na esperança de que apenas o silêncio surgisse, depois de um minuto nada veio, murmurei trêmulo:

- É só um guaxinim, é isso. - voltei aos tropeços pra dentro, quase errando o cinzeiro quando eu apaguei meu cigarro apressadamente.

Eu não dormi bem naquela noite, no dia seguinte eu estava tenso pra cacete, chamei um dos meus amigos de casa separadamente e perguntei se tinham os guaxinins, gambás ou quaisquer criaturas grandes pela vizinhança, todos eles disseram que não e nunca, fiquei casa vez mais nervoso com o passar do dia mas finalmente tirei isso da minha mente. Fiz minha rotina habitual, saí para fumar antes de deitar, abri a porta e parei virando minha cabeça para olhar na direção da sala, o gato dormia pacificamente no sofá.

- É, ele deve ter entendido que eu não ia deixar mais ele sair. - soltei um suspiro e saí.

As memórias da noite anterior vindo em minha mente sentei-me e consegui relaxar um pouco, enquanto navegava pelos aplicativos abertos em meu celular eu senti uma tensão subir em meus ombros e pescoço, fiquei olhando para frente sabendo que meu olhar se voltaria para o quintal novamente, os arbustos tremeram violentamente enquanto algo pesado andava pelo matagal. Eu juro que pude ouvir seus pés batendo no chão enquanto se aproximava.

Mantive meu olhar à frente apenas movendo meus olhos, minha respiração ficou curta conforme os passos ficavam mais pesados, eu não sentia mais minha própria respiração, em vez disso sentia rajadas de ar quente conta meu rosto enquanto algo se levantava sobre mim, vários bigodes afiados se pressionaram em minha bochecha enquanto o hálito quente formava gotas de condensação escorrendo pelo meu queixo e misturando-se ao meu suor.

Tentei desesperadamente não olhar pra aquilo, o som de uma língua pesada batendo em meu rosto, é algo que nunca esquecerei, atingiu-me a pele um tapa quente e úmido deixando uma poça de saliva espessa antes de deslizar de volta para a boca; os lábios instalando me tiraram no estado paralisado, soltei um suspiro e a besta se foi, apesar de ter ficado o tempo suficiente para eu gritar ele sumiu antes que eu pudesse vê-lo, me levantei e tropecei para dentro de casa.
Totalmente em choque desabei na cama, me afogando no colchão. O gato do meu amigo então entrou no meu quarto, miou suavemente depois pulou na minha cama e se aninhou perto do meu rosto, eu sorri quando ouvi as patas macias andando no piso de madeira e olhei para a minha porta o gato se sentou e me lançou um olhar furioso enquanto eu o olhava fixamente. Ele murmurou entre
miados:

- Talvez na próxima vez você me deixe sair. - e foi embora.

𝐏𝐄𝐓𝐈𝐓𝐄𝐒 𝐇𝐈𝐒𝐓𖣠𝐈𝐑𝐄𝐒 𝐃'𝐇𝐄𝐔𝐑𝐄 𝐃𝐔 𝐂𖣠𝐔𝐂𝐇𝐄𝐑 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora