Capítulo 21

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Lia Grimes P.O.V

O dia seguinte foi difícil. Assim como a noite que tudo aconteceu.

Foi difícil ver Dale morto na minha frente, foi difícil ver Carl e Sophia chorarem como eu nunca havia visto, mas foi pior quando vi o Glenn. Se eu estava tão mal com a morte do Dale, ele estava dez vezes pior.

Estávamos prestes a enterrar o corpo de Dale, quando meu pai começou a falar.

— Dale conseguia mexer com as pessoas. Com certeza ele mexeu comigo, porque ele não tinha medo de dizer o que pensava... o que sentia. Sempre que eu tomava uma decisão, eu olhava para Dale, e ele me olhava com aquele olhar que ele tinha. Todos nós vimos aquele olhar em algum momento. — Ele deu uma pausa nos olhando. — Ele via quem realmente somos. No fim, ele disse que estávamos perdendo nossa humanidade. Que o grupo estava destruído. O melhor jeito de honrá-lo e reconstruí-lo.

Deixar nossas diferenças de lado e nos unir. Este grupo não está destruído. Vamos provar que ele estava errado. A partir de agora, faremos as coisas do jeito dele. É assim que honramos Dale.

[...]

Depois que o enterramos, Hershel conversou com Rick, sobre deixar o acampamento e nos instalarmos na casa. Seria apertado, 15 pessoas dentro de uma casa, mas era melhor que passar o inverno do lado de fora.

Meu pai e o caipira, decidiram que libertariam Randall, quando tudo estivesse pronto. Era claro que Shane não havia gostado. Ele queria o garoto morto.

Quando todos estavam fazendo suas tarefas, eu decidi fazer uma ronda em volta da fazenda. Era melhor que ficar parada pensando em tudo que aconteceu.

Eu já estava a caminho da floresta com o arco nas costas, quando Carl me gritou, correndo até mim.

— Ei, o que houve carinha? — Ele parou na minha frente, com os pulsos segurando os joelhos pelo cansaço. Devagar, ele se levantou, e puxou uma pistola do cós da calça, me entregando. O olhei surpresa.

— Peguei isso na moto do Daryl. Se ele descobrir que eu peguei, ele vai me matar.

— Porque pegou isso Carl? — Perguntei, enquanto contava as balas da arma.

— Dale. Ele morreu por minha culpa, Lia. — Seus olhos já estavam cheios de lágrimas, eu o olhei preocupada.

— Ei, tá doido Carl? Dale foi mordido, não foi sua... — Ele não deixou eu terminar.

— Eu vi aquele zumbi. Eu ia atirar nele. Ele estava preso na lama, eu estava provocando ele, mas eu ia atirar. Eu juro. — Ele suspirou. — Bem na cabeça, como o papai ensinou... Mas ele se soltou, e eu fugi com medo.

Suspirado, eu o puxei para um abraço. Os dois já estavam chorosos. Me agachei na sua frente quando o soltei.

— Não foi sua culpa Carl. Não se culpe por nada disso. — Beijei o topo da sua cabeça. — Agora, vamos fazer assim. Você é esperto, sabe como se defender... vou conversar com o papai. Essa arma vai ser sua.

Ele me olhou preocupado, e eu dei um sorriso de lado.

— Daryl nunca vai precisar saber. — Confessei em um sussurro, e ele me abraçou forte.

[...]

Pelo menos uma ronda em volta da fazenda me rendeu três esquilos. Já era bom o bastante.

"Não se cobre tanto. Dale sabia que você estaria com ele, ele gostava de você." O que o caipira havia dito ontem não saia da minha cabeça. Eu sabia que ele estava certo, mas já tinha tanta coisa que eu me culpava. Pelo menos, uma coisa certa aconteceu ontem, Randall ficaria vivo, e seria solto. Eu só esperava que ele não fizesse a burrada de tentar trazer o grupo até aqui. Eu o mataria antes de morrer, com certeza.

Destino Travesso | Daryl DixonWhere stories live. Discover now