5. REECONTRO E REVELAÇÃO

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- Vo-você? - Rosanne Redine diz ao virar para trás e se deparar com ninguém menos que... Sua avó Ravenna, viva, bem ali, de pé e totalmente saudável!

- Sabia que conseguiria, meu amor.

- Fique onde está! - Rosanne grita enquanto sua roupa se transforma cobrindo seu corpo com aquela estranha malha preta sob a capa vermelha e seus olhos ficam azuis e brilhantes - Quem realmente é você?

- Agora que já sabe de boa parte da verdade, minha querida. Talvez seja mais fácil para assimilar que... - Ravenna diz caminhando pela sala enquanto a garota da capa vermelha e de aspecto sombrio a acompanha com o olhar - No final do século V, lembro-me de quando alguns garotos da província onde morávamos escondidas em Camelot, falaram que seu cabelo era feio e estranho, e você chegou chorando em casa por causa daquilo.

- O quê? - Rosanne questiona atônita, mas inexplicavelmente ela recordava daquilo, porém como se fora uma lembrança de quando tinha apenas sete anos de idade.

- Você perguntou porque sua pele e cabelo eram diferentes de todos, porque eu não a tornava normal assim como os outros usando magia, e eu respondi que não faria sentido você ser normal, se não fosse exatamente, diferente.

- Eu... - Rosanne murmura enquanto se desarma e seu rosto surge sob o capuz vermelho outra vez enquanto tem um flashback, naquele mesmo lugar, porém...

Naquela memória de um passado distante; tanto ela quanto a avó vestiam roupas simples e surradas típicas de camponesas:

- Vovó... Eu sei que podes... - A pequena Rosanne disse enxugando suas lágrimas - Faça magia.

- Minha pequena, já disse que não é assim que a magia funciona, não foi?

- Aqueles meninos... - Rosanne dizia com a voz ainda embargada. - Eu queria ter os cabelos louros iguais aos seus, ser... Assim como tu és!

- Minha pequena, Rosanne. - A avó disse ajoelhando-se à frente da neta - Posso contar-lhe um segredo?

- Cabelos louros, não são nada demais, minha pequenina. - Ravenna continua, segurando as bochechas da pequena, enquanto limpa suas lágrimas com os polegares.

- Agora... Notai os teus, encaracolados e tão leves, meu amor. Eles sim, são magníficos, assim como tu és única...

- Perfeita e amada justamente por seres assim! - Rosanne, no presente, interrompe lembrando de tudo e começando a chorar, quando ambas correm para os braços uma da outra.

- Me diga que eu não estou sonhando, meu Deus, por favor... - Rosanne grita aos prantos enquanto abraça a avó o mais forte que pode, e ela retribui o carinho tentando acalmá-la:

- Meu amor... Sua avó até pode estar bem conservada, mas... Ela já tem quase dois mil anos está bem?

- Me desculpe, eu...

- Está tudo bem, meu amor. - Ravenna diz sorrindo, enquanto o ambiente ao redor das duas muda num piscar de olhos e ambas agora se veem num terraço cercado por um grande jardim florido, na área externa daquela mesma casa.

- Como foi que... - Rosanne pergunta, mas logo entende - Ah, claro.

- Manipulação do espaço e do tempo, minha querida. - sua avó diz sorrindo enquanto algumas xícaras flutuam recebendo chá de uma pequena chaleira sobre uma mesa de centro arredondada e feita de mármore. - Talvez você possa praticar algum dia, mas... Não é o mais importante agora.

- Vovó... Eu tenho...

- Muitas perguntas. Eu sei. Ah, querida cuidado com a xícara!

- O quê? - Rosanne questiona ao bater sem querer numa xícara de chá que já flutua em sua direção, e arremessá-la contra a parede.

[ UDG ] A GAROTA DA CAPA. O CONTO REPAGINADO IIIWhere stories live. Discover now