• 23. D-1 •

266 41 2
                                    

(1/3)

D-1

Quinta-feira. 20:00.

Desde ontem quando cheguei em casa eu me afundei nos livros, ocupando minha mente com apenas as regras da arte e coisas do tipo. Só quando fui dormir, como agora, que voltei a pensar nele.

A mãe dele mandou outra mensagem, perguntando se eu já me decidi. Se eu não aparecer na igreja ela disse que tudo vai ficar bem e Jungkook não vai sofrer mas se eu for, eu serei o culpado pelo sofrimento dele.

Respiro fundo e me sento na cama, secando o cabelo com a toalha. Eu só queria que ele estivesse aqui comigo agora, queria não ter rejeitado seu convite para dormir agarradinho com ele. Eu odeio como eu sinto falta do calor da pele dele na minha.

Me deito na cama, encarando o teto mal iluminado. Eu não sabia que era possível existir alguém como a mãe dele, as pessoas realmente estão dispostas a machucar as outras por amarem alguém do mesmo sexo?

Respiro fundo outra vez, já perdi as contas de quantas vezes fiz isso esse tempo todo. Como eu posso sentir tanta falta dele? Nem mesmo quando ele entrou de férias por um mês e ainda me rejeitava eu senti tanta falta assim.

A sensação ruim sempre queima minha garganta quando penso nele, é como se eu tivesse chorado por muito tempo em silêncio, como se eu pudesse sentir o que Jungkook está sentindo.

Se isso tudo for um pesadelo espero que acabe logo, espero que eu acorde e descubra que ainda estou no dia em que dormi a tarde toda com Jungkook mesmo estando calor. Que a mãe dele apenas esqueça da nossa existência e nos deixe ser feliz.

A porta se abre revelando minha mãe com um prato e copo em mãos. Me sento na cama quando ela acende a luz e dou um sorrisinho.

-Você não tem escolha, não vou sair daqui até você comer. -ela diz se sentando na ponta da cama e me entrega o prato com um sanduíche e um copo de suco.

-Obrigada mãe. -falo sentindo um sorrisinho crescer em meus lábios.

Ela acaricia meu cabelo e continua em silêncio, me vendo comer.

-Quando eu conheci seu pai, eu também ficava dias sem comer. -minha mãe começa a dizer, olhando fixamente a porta do banheiro- No começo ele dizia que queria ficar comigo, mas não namorar e eu não entendia o porque ele rejeitava uma mulher linda como eu.

-Mas teve um dia que eu cansei de sempre procurar por ele, insistir por migalhas que nunca passariam disso. -ela me olha e dá um sorrisinho- No começo doeu porque ele não pareceu se importar, mas com o tempo ele começou a olhar para mim e me perguntar o que tinha acontecido.

-E você ainda respondeu? -ela assente e eu bebo um gole do suco, franzindo as sobrancelhas.

-Eu gostava dele, independente do que ele fizesse. Eu disse que estava cansada dele e das atitudes estúpidas, daí para frente ele começou a agir diferente. No começo foi difícil, qualquer coisinha que ele fizesse já me deixava em alerta. -ela respira fundo e acaricia meu rosto outra vez- Mas no final, eu descobri que ele só não sabia lidar com o que sentia por mim e por isso agia daquela forma.

-E porque a senhora está me contando isso? -pergunto quando ela pega o copo e o prato para sair do quarto e ela me olha.

-Porque amar não é tão fácil, exige muita maturidade. E também às vezes amar é deixar ir, mas tem uma grande diferença. -passo a língua pelos lábios e engulo em seco quando ela me encara e continua: -Deixar ir porque é realmente necessário é diferente de deixar ir por uma coisa que não existe. Amar também é lutar junto contra os problemas, crescer e amadurecer juntos. Vocês se tornam um após começarem a se amar, mas devem sempre lembrar que o coração de ambos continua separado. Amar é como estar em uma montanha russa, se você conseguir passar por todas aquelas curvas assustadoras vai chegar ao final, no seu ponto seguro. -ela dá um sorrisinho e fecha a porta, me deixando sozinho de novo.

Uma montanha russa? Eu nunca gostei de montanha russa, eu tenho medo de chegar lá em cima e depois cair até chegar ao final outra vez.

Então é por isso que eu estou tão confuso e com medo? Estou tendo que enfrentar meu maior medo sozinho, sem minha mãe segurando minha mão enquanto eu caio.

Verifico meu celular outra vez, sentindo meu coração doer por não ter nenhuma mensagem ou ligação de Jungkook.

Se andar em uma montanha russa é tão assustador assim, eu prefiro fazer isso segurando a mão de Jungkook. Mesmo que ele implore para que eu a solte e abra os braços para sentir o vento contra mim.

• Se Eu Tivesse Dezessete Vidas • [TaeKook]Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz