Capítulo 1

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Me sento na cadeira com um mal humor da porra, tirei uma nota ruim em cálculo III e agora vou ter que estudar em dobro, exatamente agora que tenho um jantar de gala na casa de algum granfino, não como convidado, como garçom e uma luta no sábado o que me deixa com pouco tempo para estudar.

Basicamente eu trabalho, trabalho, trabalho e estudo para ter que trabalhar menos um dia, ou talvez eu trabalhe mais e ganhe bem mais, é uma escolha.

Layla entra porta com seu sorrisinho típico, também com tanto dinheiro como essa garota tem acho difícil não andar por aí com um belo sorriso estampado na cara, ela não tem com o que se preocupar. Não tem problema nenhum!

Ser filha do dono da maior construtora do país deve, com certeza, ter suas vantagens, uma delas é nunca ter preocupações. Nada de chegar em casa sem saber que cortaram sua luz por falta de pagamento, ou que você não vai ter uma uma gota d'água porque cortaram a água a alguns dias, ou não ter o que comer e ficar feliz por ter guardado o pão que deram no café onde trabalha.

Thais senta do meu lado sorrindo, sem chance pra ela, a garota é uma fresca, não tem papo nenhum a não ser novela, dinheiro que gastou, roupa e maquiagem. Prefiro o celibato a ter que comer ela outra vez.

_Tenho uma proposta que você gostar! - Hilder diz sorrindo largo, ele tem me arrumado umas lutas boas.

_Diz aí. - peço ansioso, mais lutas é mais dinheiro entrando.

Já me sinto até com um humor um pouco melhor.

_Cinco mil para você se ganhar uma luta no FiFither na sexta.

_ Quem é o cara? - pergunto tentando saber se conheço meu oponente e se posso vencer.

_ É esse mané aqui. - Hilder me mostra foto de um cara branquelo e bombado.

_Gente. - Layla começa tirando um pouco da minha atenção.

_Não parece ser difícil... - respondo com olhar na tela outra vez.

_ Exatamente! Porque não é. O cara é bomba pura, não tem preparo físico, é grande mas, lento. Está começando agora, tem alguma grana e um treinador de bosta. Vai ser mamada essa. - ele ri satisfeito. - vou te mandar o vídeo do último treino dele.

Balanço a cabeça num sim terminando de ouvir o que Layla fala sobre convites de formatura e o site que temos que cadastrar para comprar os convites. Não me interessa nenhum pouco essa festa de formatura, mal tenho grana para pagar pelo ônibus para a faculdade.

A professora de cálculo entra sala com um sorriso simples comprimenta a todos e começa a distribuição da última prova. Preciso de um monitor rápido!

_Ei. Bete. - cutuco Betânia que senta na minha frente, ela vira a sua cabeça só um pouquinho me mostrando que está me ouvindo. - Quem te ajudou com as aulas de cálculo no semestre passado? - cochicho.

Ela anota um nome em um e telefone post It amarelo e me dá.

Que maravilha!!!

_Ela é ótima! É a melhor pessoa que você vai achar por aqui. - Bete completa.

_Obrigado! - resmungo de volta.

Eu nunca conversei muito tempo com a Layla mas simplesmente não bate. Eu sinto uma sensação estranha quando ela está por perto. É a garota mais irritante de todas, de toda a universidade ela é, com certeza, a pior.

Sem chance! - penso comigo mesmo, preciso arrumar outra pessoa parar me ajudar.

...

Evelin resmunga irritada com qualquer coisa sobre Layla e Demitri responde, eles conversam baixo e olham para Layla que come lendo algum livro, ela vive com livros nas mãos. Deve ter muitos livros para ler. Verônica senta na mesa com os olhos vermelhos de quem estava chorando. Ela vive brigando com o namorado desde de ingressamos juntos no curso de Engenharia Civil.

_Não fica assim amiga. Não dá ouvidos ao que aquela exibida disse, não dá ouvidos, eu pagaria para ver ela se apaixonar e quebrar a cara. Iria rir, juro!

_Ela não vai quebrar a cara porque não é tonta igual a mim, está sempre estudando, lendo e buscando ser alguém na vida enquanto eu simplesmente desperdiço o meu tempo com esse namoro idiota!

Paro de mastigar o sanduíche natural e olho para Verônica. Ela e Layla são primas, Layla é mais nova, talvez a mais nova de todos nós na turma. Não tinha feito dezoito quando passou na universidade federal junto com cada um de nós.

_Eu disse que não era para dar ouvidos para o que aquela vaca disse! - Evelin solta com uma raiva que pinga por seus lábios e olhos. - Se eu conhecesse alguém disposto a fazer essa sonsa se apaixonar e depois dar um bico federal na bunda magra dela... - a loirinha diz me deixando surpreso.

_Eu te ajudo a pagar. - Dimitri responde e eu acabo rindo, ele tomou um tremendo toco dela no semestre passado ao que parece os olhos azuis e queijo quadrado do Dimitri não foram capazes de tocar a morena. Certeza que isso que ele está falando é só pelo orgulho ferido. - Conhece alguém Ricardo?

Dou de ombros pensando que eles parecem realmente dispostos a pagar.

_Eu dou mil para qualquer que um. tentar! - Evelin diz e eu tenho uma tremenda dificuldade de engolir o restante do meu lanche. Não duvido que ela faça mesmo algo assim, Evelin tem uma raiva da prima que sinceramente eu nunca entendi.

_Eu triplico se o cara a fizer chorar. - Dimitri diz com olhos presos na morena.

Isso está ficando interessante! - penso.

_Deixa ver se entendi, estão dispostos a pagar quatro conto para alguém partir o coração de Layla? - Será que ela vale isso tudo!?

_Exatamente! - os dois dizem juntos. - Interessa? - os olhos azuis de Dimitri me olham em desafio. - as vezes sinto que loiro tem algum tipo de disputa comigo.

_E se eu não conseguir? - Layla não parece o tipo que se interessaria por caras como eu.

_Você é bem o tipo dela Ricardo. - a prima sorri me olhando com maldade. - Não bem o tipo porque ela gosta romance mas... O tipo. Entendi?

_Não. - Respondo tentando entender onde isso vai dar.

_Minha prima gosta de caras que trabalham, metem as mãos massa, mãos calejadas. Ela namorou um cara, encarregado de obra, filho da empregada. Ele foi embora morar em outro estado depois de conseguir passar numa prova para faculdade pública...

Essa informação me surpreende porque tenho criado na minha mente que Layla é uma garota metida e orgulhosa. Está sempre bem vestida e qualquer um que olha para ela sabe que tem dinheiro.

_ Vou tranferir metade do dinheiro agora. - Dimitri começa a mexer no celular.

_Eu não sei se consigo fazer isso... - por pior que Layla seja isso parece bem cruel.

_Claro que consegue! - Evelin diz com um sorriso cruel, quem sabe se ela sofrer um pouco começa a ser mais humilde.

HopeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora