▪ Flashbulb Eyes II

802 81 32
                                    

What if the camera

Really do

Take your soul

Hit me with your flashbulb eyes!

You know I've got nothing to hide

You know I got nothing

No, I got... nothing

FLASHBULB EYES - ARCADE FIRE

Nota: Essa é uma série de duas one shots que são chamadas "conceituais", porque elas se constroem em cima de um conceito, que é o da câmera, da relação dessas pessoas que vivem em frente a uma lente. Por isso mesmo, as histórias são curtas, como se fossem só um frame, uma foto tirada de uma sequência, um trecho congelado de um filme.

Essa não é uma sequência de Flashbulb Eyes I, é uma história separada. E vamos agradecer de pé igreja porque fazem meses que eu tento escrever isso, e tive que fazer QUATRO versões diferentes até ficar satisfeita.

Dedicada pra Laís porque eu achei que essa era a melhor maneira de agradecer os dois comentários maravilhosos que ela deixou nesse livro e os incontáveis moodboards lindos que ela já fez pra minhas fics, e porque ela gosta de coisas estranhas.


FLASHBULB EYES II

Onde Louis é um morador de rua que tem a alma roubada pela câmera de Harry, um fotógrafo de anônimos.

Harry sempre pensou que, como fotógrafo, sua tarefa era enxergar o que os outros não viam, e capturar aquela ótica como as lentes da câmera. Foi isso que o levou, no início de uma noite no outono, a se aproximar de uma pessoa solitária deitada em uma das inúmeras praças de Manchester. A pessoa levantou o rosto e olhou longamente, os traços angulosos se deformando devido à luz alaranjada dos postes.

— Meu nome é Harry Styles, eu sou fotógrafo. — começou. — Boa noite.

— Boa. — respondeu o homem, se sentando.

— Como é seu nome?

O outro ficou em silêncio por alguns momentos, que Harry aproveitou pra observar suas roupas gastas, a mochila que ele antes usava como travesseiro, o corpo magro, a barba por fazer e, finalmente, seus olhos azuis e estreitos que emanavam inteligência.

— Louis. — disse, finalmente. Ele parecia observar Harry também, porque logo em seguida disparou: — Câmeras são coisas engraçadas. Máquinas do tempo. É por isso que os antigos achavam que elas roubavam a alma, não é natural um momento poder ser congelado para sempre e permanecer intacto, enquanto um dia nunca é igual ao outro.

Foi a vez de Harry o encarar espantado.

— Sempre achei que as fotografias fosse lembranças. — rebateu.

— Lembranças são fragmentos de imagens, sons, cheiros, toques, e sentimentos que vivem dentro da gente. Fotos são só uma forma do ser humano lidar com o medo de ser esquecido.

— É por isso que eu tiro fotos de pessoas anônimas nas ruas. — disse Harry. — Taxistas, vendedores, encanadores, pedreiros, garis, mendigos e o que mais for. Pessoas que estão sempre lá, mas invisíveis, esquecidas.

— Quem caça em meio à multidão, escondido à vista de todos? — sussurrou Louis, olhando para o céu.

— Justamente.

— Foi pra isso que você veio falar comigo? Uma foto?

— Sim. — Harry admitiu, sem pudores — É para o livro que vou montar.

Crown of Love ▪ larry stylinson oneshotsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora