Parte I - 80 horas

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Narrado por Christian Grey.
 

— Filho da mãe! - Exclamei enquanto corria pelas ruas de Nova York atrás de Tobby, o bandido da vez. 
Quando Katherine e eu o pegamos no flagra, o babaca estava dentro de uma boate, tentando fazer mais uma vítima. Por sorte, nós conseguimos evitar que ele fizesse, mas o desgraçado conseguiu nos despistar e correu. 
— Você vai para lá e eu vou por aqui! - Katherine disse apontando o caminho para mim, já que perdemos o imbecil de vista. 
Coloquei minha arma na cintura e caminhei até um beco, aparentemente sem saída. 
Diminui o ritmo, a fim de escutar melhor os passos de Tobby.  
— Parado! Não se mexa. - Avisei sacando minha arma para o moreno, que estava de costas para mim - Erga as mãos para o alto e vire-se lentamente. - Ordenei, sendo obedecido prontamente - Kate, já encontrei o canalha. - A avisei através do ponto eletrônico. - Pensou que ia escapar, não é seu desgraçado?! - Perguntei apertando as algemas nas mãos do desgraçado que atacou e tirou a vida de três mulheres no último mês. 
Trabalho como agente do FBI há cerca de dez anos. Primeiro, fui policial em Nova Jersey e depois, fui para o FBI onde após um treinamento intenso, me tornei agente federal. Atualmente, nossa base está em Virgínia, mas viajamos para vários outros Estados, dependendo do caso. 
Após prender Tobby, Katherine e eu retornamos para Virgínia. 
Graças ao nosso bom desempenho, ganhamos um dia de folga, muito bem aproveitado por mim para ir ao cinema e ler um livro. Sempre fui um cara sozinho, até porque toda a minha tia, Cora, que foi quem me criou ainda mora em New Jersey. 
Por isso, minhas horas de folga são quase sempre dedicadas a atividades mais individuais, como ler um bom livro ou assistir uma boa comédia na TV para me alegrar um pouco. 
Após ganhar meu dia de folga, estava prestes a retomar minhas atividades. 
[...]
Todos os dias, assim que acordo, tomo um café reforçado e vou dar uma corridinha no quarteirão do prédio onde moro. Essa foi a maneira que encontrei de manter a forma, já que não posso fazer musculação por enquanto, graças a um tiro no ombro que levei há cerca de três meses. 
[...]
Já estava correndo por quase meia hora, quando uma garota de olhos escuros e cabelos negros como a noite, surgiu na minha frente do nada. 
— Por favor, senhor Grey? - Me chamou, segurando meu braço. 
Parei imediatamente a corrida e tirei os fones do ouvido para escuta-la melhor. 
— Bom dia, senhor Grey. - A mulher disse tentando esboçar um sorriso, mas dava para ver que estava visivelmente nervosa, tensa... Como se algo a estivesse perturbando muito.  
— Bom dia! Quem é você? - Questionei ainda ofegante. 
— Mia Steele, muito prazer. - Ela estendeu a mão. 
— Prazer - Apertei a mão da jovem, que eatava trêmula - De onde me conhece? E o que quer comigo? - Perguntei desconfiado. 
— Dos jornais! Sei que o senhor é agente do FBI. Vi em uma entrevista o senhor dizendo que gostava de fazer corridas matinais, perto do condomínio onde mora. Procurei seu endereço da internet e achei  - Afirmou respirando fundo - Contei com a sorte e desta vez, deu certo. Preciso muito da sua ajuda. 
— Com o quê? 
— Preciso da sua ajuda para salvar a vida da minha irmã. - Respondeu aflita. 
— Como assim?
— Minha irmã está presa, acusada de um crime que não cometeu. 
— Tem certeza? - Franzi a testa, não entendendo nada. 
— Absoluta. 
— Quem é sua irmã?
— Anastasia Steele. 
— Este nome me é familiar... - Murmurei coçando a cabeça, logo me lembrando do caso - Sua irmã não é o monstro de Vírginia? - Questionei me lembrando por alto de um dos crimes mais famosos da cidade.  
— Sim. - Mia balançou a cabeça negativamente - Quer dizer, não. Pois como disse antes, ela é inocente. 
— Eu não cuidei deste caso na época, pois estava em outra cidade resolvendo outro crime. Mas meus colegas, agentes tão experientes quanto eu, cuidaram de tudo. E duvido que tenham cometido algum erro. Aliás, se não me falha a memória, a própria Anastasia assumiu a culpa dos assassinatos, junto com o marido na época. 
— Sim, mas ela é inocente. Não tenho dúvidas disso, senhor Grey. - A morena insistiu. 
— Inocente? - Suspirei - Olha, eu sei que pra família é muito difícil aceitar que alguém tão amado possa ter cometido uma atrocidade daquelas, mas essa é a verdade - Dei de ombros - Sinto muito, senhorita.  
— Não, não é - Mua negou me olhando nos olhos - Minha irmã jamais tiraria a vida de alguém daquela maneira. Muito menos de quem sabemos que a justiça acredita que ela tirou. Jamais! Eu a conheço mais do que ninguém e sei do que estou falando.  
— Mas ao que me consta, ela assumiu a culpa. É um fato.  - Dei de ombros de novo - Por que ela faria isso? Por que aceitaria ser executada por um crime que não cometeu? 
— Isso é o que o senhor vai ter que descobrir. Nosso advogado disse que vocês do FBI irão a prisão onde Ana está  para fazer entrevistas ou algo do tipo, não entendi muito bem. Tentei falar com os outros agentes, mas não adianta. Eles estão convictos de que a Ana assassinou todas aquelas pessoas, e de que fez aquela coisa horrível com minha sobrinha, mas é mentira! Te procurei porque o senhor não participou do caso na época, então talvez tenha outro olhar sobre ele. 
— E o que quer que eu faça, Mia? - Questionei pondo as mãos na cintura. 
— Quero que o senhor prove a inocência da Ana, antes que ela seja executada. - Respondeu com lágrimas nos olhos - 
Minha irmã está no corredor da morte, senhor Grey. Vai ser executada daqui poucos dias se nada for feito. Por favor, não permita que uma inocente pague por um crime que não cometeu. Nos ajude, senhor Grey! Eu te imploro! - Exclamou ficando de joelhos diante de mim. 
— Calma, senhorita - Pedi segurando as mãos dela e a ajudando a se levantar - Se eu realmente for cuidar deste caso, prometo que irei verificar se sua irmã é realmente inocente. Okay? - Prometi pois senti muita pena do desespero daquela jovem, que parecia estar na casa dos vinte anos. 
— Obrigada, muito obrigada! - Mia agradeceu beijando minhas mãos. 
— Preciso de um contato seu para nos comunicarmos, caso seja necessário, Mia. - Pedi e imediatamente, a morena me entregou um cartão com número de telefone, email, absolutamente tudo o que eu precisaria caso realmente precisasse manter algum tipo de contato com ela. 
[...]
Após conversar com Mia, voltei para casa, tomei um banho rápido e me arrumei para o trabalho. Em seguida, tomei um último gole de café, peguei as chaves do carro e me dirigi até meu local de trabalho em Quântico, Virgínia. 
— Ethan, Katherine e Christian. Quero vocês cuidando do caso dos monstros de Virgínia. Vamos entrevistar os assassinos Bob e Anastasia Steele, pois eles serão executados daqui cerca de 80 horas. - Nosso chefe, Edgar, nos ordenou em volta da nossa mesa redonda de reuniões - Para ficar na nossa base de dados. Sei que atualmente, boa parte dos crimes que o FBI resolve são do colarinho branco, mas vez em outra sempre aparece um serial killer e, é importante que estejamos de olho neles. Além disso, os corpos de cinco vítimas ainda não foi localizado, mesmo depois de tantos anos. Quero que tentem de alguma forma, arrancar essa localização deles. 
— Ok. Esqueci de contar a vocês um fato curioso que me aconteceu mais cedo. - Comentei. 
— O que houve Chris? - Katherine questionou curiosa.
— Uma garota, Mia, me procurou afirmando que a irmã dela, Anastasia, não participou dos assassinatos daquelas mulheres. Disse também que estamos prestes a executar uma inocente. - Revelei. 
— Ah, ela fez o mesmo comigo outro dia. - Kate, que é uma das minhas melhores amigas, comentou tomando um gole de café preto, nossa bebida favorita. 
— É impossível. Anastasia confessou para mim, na minha cara que tinha sido cúmplice do marido sim. Por que ela faria isso? - Ethan indagou revirando os olhos - Não faz o menor sentido!  
— Eu sei. - Concordei - Só achei curiosa a forma visceral como Mia afirma que a irmã não cometeu aqueles crimes todos. Provavelmente, ela realmente acredita na inocência da irmã e vai sofrer muito quando ela for executada. - Avaliei suspirando profundamente. 
[...]
No caminho até a temida prisão do corredor da morte, aproveitei para recapitular o caso com o uso do meu tablet de trabalho. 
Anastasia era casada com Bob Hank, mais de vinte anos mais velho do que ela. Aro é acusado de estuprar, torturar e matar essas dez mulheres no celeiro da casa onde moravam, no oeste de Virgínia. Anastasia foi considerada culpada não só por viver com ele naquela casa e certamente, saber do ocorrido, mas também, por ter se declarado culpada. Não só de cumplice da morte das mulheres como também de Phoebe, a filha de ambos. 
Anastasia Steele Hank matou a própria filha que teve as ossadas encontradas junto com a das outras vítimas. Por isso, ela foi apelidada ao lado de Bob como o monstro de Virgínia. 
Um crime pesado e muito triste. 
O que pode levar uma mãe a fazer isso com a filha de três anos? 
Observando a foto de Anastasia, não consigo acreditar que uma mulher tão linda como essa possa ter cometido uma atrocidade como aquela. Cabelos castanhos, olhos da cor do céu e rosto angelical, de menina mulher. 

O Corredor Da MorteWhere stories live. Discover now