Mas o momento foi quebrado pela voz arrogante estrondosa quando uma mão grande e calejada agarrou fortemente o braço esguio da garçonete. 

Seus cabelos ruivos encardido eram rente a cabeça achatada, seu corpo era grande e peludo e suas mãos eram do tamanho de pedras, usando uma roupa marrom que fedia tanto quanto aquele fim de mundo. Pelo que ouviu na cidade o nome dele era Asper e ele tinha dívidas o suficiente para começar a temer — coisa que aparentemente não fazia. 

— O que você está fazendo parada aqui? Sua função é servir os clientes e não flertar como uma vagabunda sem escrúpulos! — O empurrão que o selvagem deu em Hedia foi forte o suficiente para que seus pés amarrados tropeçassem e seus joelhos fossem ao chão. 

— Ei, não tem nenhuma necessidade de falar assim com ela, ela só estava recebendo meu pagamento. — A Capitã fez o possível para não voar no pescoço do macho nojento quando se levantou. 

— Ela é minha esposa e propriedade, trabalha para mim e tem como função me servir. Então sim, eu como dono posso falar como bem entender. — E o punho de Thalassa não perdeu tempo para encontrar a mandíbula do homem boçal. 

— Dono? Você não é dono nem do seu próprio nariz, seu endividado de merda. Fala dela ou com ela assim de novo e eu farei você acertar suas dívidas com A Mãe. 

Thalassa saiu de perto e ajudou Hedia a se levantar, a mulher tinha os olhos melancólicos e parecia estar segurando o choro. A Capitã estava prestes a se abaixar para soltar as correntes que prendiam a outra quando sentiu a aproximação do boçal. Girando em seu próprio eixo, desembainhou uma de suas adagas e a colocou contra a genitália do macho — que parou a mão que segurava um martelo no ar. 

— Nem tente — sibilou. 

— Sai do meu bar e não apareça aqui novamente — o rosto rechonchudo sua a de forma nervosa conforme a mulher de cabelos rubros pressionava a lâmina contra sua intimidade. Thalassa olhou para Hedia uma última vez olhando-a com a promessa de que voltaria ali. 

— Se eu souber ou sequer imaginar que você encostou um dedo ou levantou a voz para ela ou qualquer outra garota aqui, eu voltarei apenas para garantir que sua morte seja dolorosa. 

Assim a Capitã se foi com a Promessa eterna de que aquele homem nojento morreria por suas mãos. 



°°°


Thalassa estava quase no final da garrafa enquanto olhava o céu noturno — uma de suas coisas favoritas em todo mundo. Desde quando era criança aquela era sua coisa, deitar sob o céu estrelado e esperar — não sabia ao certo o que esperava naquele momento, mas sempre tinha alguma coisa. As estrelas brilhavam e pareciam cantar para a Capitã, a noite era a maior confidente da garota, presenciou suas lágrimas risadas e todas as noites em claro — tal como essa. De forma simplória o céu noturno era seu maior confidente. Todos estavam jantando mas ela não sentia fome, queria ficar apenas ali com sua mente livre e sem preocupações como há muito tempo não estava, seu corpo estava relaxado e tudo parecia bem. 

Quando ela se concentrava podia ouvir a risada gostosa de Nyx ecoando na sala de jantar, só aquele som colocava um sorriso nos lábios cheios da mulher. Estava sentada encostada na área do timão quando uma coisinha pequena e leve circulou por sua mão, novamente aquele toque gelado em forma de fumaça escura mas que tinha um toque sólido e parecia fazer uma carícia suave entremeio seus dedos — ela nunca admitiria mas adorava a sensação quando as sombras tocavam seus dedos. Sentindo outras se aproximando se atreveu a olhar para frente encarando o Mestre-Espião que se encostava no mastro maior localizado no meio da embarcação. 

Corte de Sombras e Marés Where stories live. Discover now