capítulo 02

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——— start what I finished
don't need no hold up
taking control of this kind of moment

Thalassa não queria ir até o Palácio novamente, a jovem estava apavorada. Faziam dois dias que ela estava enrolando Helion dizendo estar muito ocupada para se encontrar com ele e os Grão-Senhores da Corte. Já tinha conhecimento que aquelas pessoas que a encaravam no corredor eram Feyre, Rhysand e seu círculo íntimo, o que significava que ela teria que passar semanas no mar com o desconhecido dos olhos de avelã. Nesses dias trancada no navio a garota havia recebido enormes camas, banheiras e cadeiras, qual era a porra do tamanho daqueles machos? 

Ela já havia dado um jeito do seu parceiro não descobrir a ligação, aquele amuleto em seu pescoço se certificaria disso. Mas mesmo assim ela temia conhecer aquele que a Mãe reservou para ela. Isso era uma baboseira romântica, um enredo mal feito de uma peça teatral. Então ela deveria ficar com alguém pelo resto da vida apenas porque a força superior que controlava o universo decidiu isso? Não, aquilo não colava com ela. 

E foi pensando assim que a garota decidiu que iria naquele Palácio, olharia nos olhos de seu parceiro e torceria para que ele não sentisse o maldito elo que os ligava. Parcerias não podem ser quebradas e Thalassa já estava conformada com isso, mas também não significava que não pudessem ser sentidas. Aquele colar em seu pescoço cuidaria de tudo, mas era uma faca de dois gumes. Enquanto aquele que não deve ser nomeado não sentiria nada do laço, Makaela sentiria tudo. Cada maldito sentimento vindo dele. 

Decidida a sair do quarto e encarar - provavelmente ignorar - aquilo de frente, a garota se levantou da espaçosa cama e foi se vestir. A calça preta de couro ficava bastante colada no corpo, não deixando espaço para imaginação, como ela dizia "ressalta mais ainda a grande gostosa que eu sou". A blusa de mangas longas era num tom vinho que ressaltava seus olhos assim como o delineador ao redor e o casaco longo de botões abertos que batia em suas panturrilhas colocavam uma cereja no topo do bolo. Colocou as mesmas joias no nariz e nas orelhas e começou uma árdua batalha para arrumar os fios rubros de seu cabelo em uma trança que alcançou sua cintura.  Enquanto saia da cabine ajeitava o tricornio na cabeça  fazendo uma nota mental de cortar as pontas do cabelo depois. Após dar bom dia para os poucos da tripulação que estavam no navio, a garota começou a subir a rua de pedras para o Palácio. 

— Ei, menina Makaela — a garota virou a cabeça abruptamente com o susto e encontrou Ludovica. A feérica - considerada inferior - de pele esverdeada acenava para a garota desesperadamente em frente a porta de sua padaria. A garota caminhou na direção da senhora e quando parou em sua frente foi engolida em um abraço. — Ah, você está ainda mais bonita do que da última vez. 

Quando os soldados de Amarantha invadiram a Corte Diurna, a padaria de Ludovica acabou sendo pega no fogo cruzado e foi Thalassa quem tirou a senhora de lá e a levou em segurança ao Nostradamus. Desde aquele dia, em todas as ocasiões que as duas se encontravam, Ludovica parava a capitã para conversar e mimá-la um pouco, naquele dia não foi diferente.

— Aqui criança, fiz estes especialmente para você hoje. Sei que são suas favoritas  — antes que pudesse raciocinar a senhora já estava entregando um prato de roscas açucaradas com creme na mão da garota. A única exigência foi que o prato voltasse. 

— Mas você nem sabia que eu viria, Ludo. 

— Ora, menininha, não acabe com a alegria dessa pobre senhora. Por favor! — O riso saiu fácil do seus lábios carnudos. Era sempre fácil sorrir quando estava em casa. 

— Tudo bem dona Ludovica, essa menininha está realmente grata, eu já estava enlouquecendo sem seus doces. Você sabe que eles são os melhores de toda Prythian, não é? — Thalassa achou adorável a forma como as bochechas enrugadas cobraram. 

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