Todos que não podem ir para a luta se encaminhem para o Palácio Dourado para se protegerem! Vamos focar em manter todos em um lugar só para evitar baixas — o tom de voz da Capitã era firme e sem espaço para questionamentos, olhando para o mar viu que os barcos inimigos estavam cada vez mais próximos. Idosos e crianças se encaminharam apressadamente para os enormes portões do Palácio.

Amarrou seus fios rubros no alto da cabeça e conferiu suas armas, a companheira de todas as horas — sua machadinha — repousava em seu quadril junto de algumas adagas, algumas lâminas de diversos tamanho estavam dispostas pelas roupas, não importa a ocasião, Thalassa sempre está preparada para uma luta. Ouviu os passos firmes e sentiu um cheiro gostoso próximo a ela.

Você foi bem antes, eles só são cabeça dura demais para perceber que nossos Grão-Senhor não vai voltar por um bom tempo.

Não posso julgá-los por isso, às vezes não consigo fechar pensando que Helion pode voltar e eu não o veja pois estava dormindo. Estamos todos perdidos aqui e eu realmente não tenho a mínima do que fazer se ele não voltar — mesmo sem querer suas palavras saíram embargadas mas ao olhar para Aleksander não havia julgamentos em seus lindos olhos verdes, apenas a mais genuína compreensão e empatia.

Ele vai voltar, não hoje e muito menos amanhã, mas ele retornará para casa. E até lá eu posso te oferecer um pouco do meu tempo para manter as coisas no lugar.

Thalassa não pôde deixar de agradecer pelo soldado deixar o clima leve mesmo em uma situação daquelas.

Acho que nós dois podemos manter isso aqui em ordem por mais algum tempo.

E quando as tropas de Amarantha chegaram a areia eles lutaram lado a lado como um só, e não houve vidas poupadas por suas lâminas.



°°°



Ao longo da sua última viagem, Thalassa passou por muitos lugares e teve a oportunidade de se aprofundar ainda mais em algumas culturas. Quando estavam hospedados em um pequeno vilarejo que entre as cortes Estival e Outonal, a Capitã encontrou uma dupla peculiar de objetos, ambos sendo espelhos de mãos com moldura prateada em detalhes negros. Ambos estavam ligados, aquilo que era dito em frente a um dos espelhos era reproduzido pelo outro, não importa se ambos estivessem no mesmo ambiente ou não. Assim que os olhos oceânicos alcançaram aquela duplinha ela sabia que aquilo seria útil, não para si, mas para duas pessoas que se amavam de longe. Então ela comprou os objetos e dando seu jeitinho fez um deles chegar às mãos da Senhora da Corte Outonal.

No momento ela levava o outro para as mãos de seu padrinho, esperava que ele gostasse da pequena lembrança que mesmo de longe o deixaria um pouco mais perto de sua parceira. Já era noite e dali algum tempo o jantar seria servido, suas costas doíam e ela não pôde deixar de agradecer mentalmente por Serena e Caeda terem ajudado a extravasar um pouco, após uma tarde inteira de treino ela sentia que dormiria a noite toda por conta do cansaço e aquilo era maravilhoso. Virando no corredor onde estava o quarto de seu patrono, ela se adiantou até a porta do quarto onde bateu três vezes suavemente e aguardou.

— Ei, branquela. Precisa de algo? Eu já estava indo para a sala de jantar. — O corpo de Helion estava coberto apenas por uma calça solta cor creme e o macho parecia secar os cabelos escuros, o cheiro de colônia deixava claro que havia acabado de sair do banho.

— Na verdade eu só queria te entregar algo, e prefiro fazer isso a sós do que na frente de todos — franzindo o cenho o macho abriu mais a porta dando liberdade para que a protegida entrasse.

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Adentrando o quarto, Thalassa olhou ao redor, estava tão acostumada com a decoração do seu próprio quarto que esqueceu como os outros eram. Um simples e grande baú se encontrava frente a um cama de casal embrulhada em lençóis de seda, e ao canto de uma parede uma confortável poltrona marrom se encontrava e foi lá onde a Capitã se sentou — se jogou — confortavelmente.

Corte de Sombras e Marés Where stories live. Discover now