CAPÍTULO 1

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Feyre. Há mais de 1700 anos.

Feéricos do norte possuem apenas um elemento que corresponde à corte em que residem, ao contrário dos feéricos do sul, que têm controle sobre diversos elementos. Eles têm a capacidade de mentir, o que os diferencia dos feéricos do sul. A lenda de que eles odeiam ferro é infundada; na verdade, apenas as madeiras de freixo os enfraquecem. Eles são os soberanos da ilha Phythian, onde há senhores de corte sazonais, enquanto em outros territórios existem impérios feéricos.

Qualquer feérico que consiga atravessar a barreira para Elfame deve ser morto e jogado ao mar, para que sua família talvez encontre os pedaços restantes. Suas orelhas não são tão pontiagudas quanto as dos feéricos do sul. São menos poderosos e ágeis que bruxos e feéricos do sul; são como crianças brincando de escravizar, sem possuir leis mágicas, preferindo lapidar seus poderes eternamente em vez de desenvolver habilidades com a espada. Eles sofrem de síndrome de grandeza.

Levantei a mão, pedindo para interromper a fala de meu pai.

— Por que não vamos lá? – meu pai negou com a cabeça. Inclinei-me para Nestha e Elain, lançando um olhar suplicante para as duas.

Elain aplaudiu.

— Ela está certa, pai – disse Elain depois de piscar para Feyre. – Seria mais interessante aprendermos na prática. Como reconheceríamos feéricos de Phythian se nunca vimos um?

Nestha colocou o livro na mesa. Achando a conversa interessante, inclinou a cabeça para nosso pai com um sorriso malicioso.

— E ainda podemos levar Cardan, Kai e Jo – sugeriu a mais velha.

— Por favor – imploraram em uníssono.

Ele massageou as têmporas e refletiu por um momento. Seu cabelo castanho caía sobre os ombros. Vestia-se com roupas leves e confortáveis.

— Está bem – suspirou ele, elas comemoraram – Desde que vocês se comportem.

Depois que almoçaram, O homem deu um mapa para cada uma das crianças e jogaram cada uma deles em queda livre em cortes diferentes, assumindo as formas humanas. Ele arrumou um tempo sozinho e tranquilo com a esposa sem as crianças que ele sempre precisava vigiar.

A grama estava incrivelmente verde, apesar de ser inverno.

— Corte primaveril – constatou olhando para o mapa nas mãos. – Fica bem fácil de perceber com toda essa grama verde e flores.

Feyre olhou os arredores, procurando as  irmãs e primos. Logo percebeu que havia sido deixada sozinha na corte.

Uma criança estava sentada na grama, enquanto uma feérica de cabelos vermelhos puxava agressivamente uma humana adulta pelos cabelos. A criança chorava em meio a soluços, a mãe da criança seria açoitada.

A mãe começou a gritar quando o chicote acertou a pele frágil pela primeira vez. A mulher gritava aos deuses e a quem quer que fosse. Que tirasse a filha daquele destino cruel, que alguém matasse o demônio de cabelos vermelhos. Alguns humanos observavam aquilo com um pesar no rosto, como se fossem apenas um dia comum, como se fossem questão de tempo para que fossem o próximo.

A feérica arrancou a cabeça da mulher humana. Deixando a criança aos prantos.

Feyre balançou a cabeça em negação para a barbaridade que estava aos meus olhos. Estava em um mar de escravos em uma aquarela de flores, ela se agachou nos arbustos, arrancando uma rosa vermelha com sangue e depois outra e outra com raiva. A pequena bruxa sentiu a aproximação de alguém atrás dela, mas apenas continuou a arrancar as flores daquele belo jardim.

ACOTAR- Corte de feitiços e rosasWhere stories live. Discover now