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Se no trabalho eu quisesse que determinado evento acontecesse numa terça-feira ele aconteceria exatamente numa terça, mesmo contrariando o bom entendimento de festas e lazer apenas em dias não úteis, isso eu chamava de determinação, mas se no trabalho era tudo como eu queria, na vida pessoal eu não sabia sequer decidir a cor de uma parede sem isso virar uma questão longa e dramática: Azul fica bom na cozinha? Muito criativo? Na verdade os tons pastéis são mais clássicos? E assim eu passei 5 meses até pintar o meu ap em Nova York, e era justamente por essa indecisão que eu não sabia o que fazer agora e estava olhando para o teto do meu antigo quarto esperando que divinamente Deus - ou qualquer ser místico desocupado- me mandasse um sinal claro, de preferência parágrafado e com notas explicativas do que eu deveria fazer em relação a minha noite com o Noah, as opções rodavam na minha mente como um pós bebedeira:
1. Me declarar e falar que nunca esqueci e que ele deveria largar Tudo?
2. Sair correndo?
As opções eram horrendas.
Mas eu teria que enfrentar, não que eu tivesse tido disposição pra ir na casa dos Flynn, dessa vez eu não escaparia, pois o próprio Noah resolveu vir e agora ele estava em pé, bem na porta do quarto esperando uma reação e eu simplesmente daria tudo pra sumir.

- Eu posso entrar? - Noah estava meio agitado, quase sem graça.
- Claro, er, senta.
-Elle, eu ... Sobre ontem - Ele não completa a frase, talvez falte coragem pra admitir em voz alta que foi um erro, um erro muito bom, mas subitamente ele continua- eu largo tudo, eu quero ter mais noites como ontem, eu não posso deixar isso acabar assim.

A forma como ele falou foi tão intensa que por um momento eu quase pude imaginar como seria nossas vidas se eu cedesse, se eu ficasse, mas nós éramos adultos então a minha melhor resposta foi jogar com a verdade:

- Noah, eu estou indo pra Nova York e chegando lá eu vou terminar meu namorado, mas porque isso já era algo que eu faria independente da noite de ontem e você? E se ontem não tivesse acontecido você, nesses anos, já teve dúvidas em relação ao Ally?

Eu não precisava de uma resposta, o fato de Noah ter abaixado a cabeça e depois desviado o olhar do meu já era uma resposta: Não, ele nunca teve dúvidas

- Você está com ela há quantos anos?
- isso importa, Shelly? Eu quero falar de nós dois - Noah fala ainda sem olhar pra mim.
- Quantos anos, Noah?
- 5 anos, 5 longos anos.
- E você a ama.
- Eu não acho que isso tenha sido uma pergunta.

O clima pesa, é quase paupável o desconforto, é óbvio que esse não era o caminho que ele estava esperando, e quando eu acho que ele não vai falar mais nada ele de repente diz:

- Eu a amo, mas amo mais você.
E então eu entendo o nosso destino, nós sempre nos amaremos, sempre teremos nós dois, mas ficar com o Noah agora significa voltar pra mesma questão que nos separou, só que agora bem mais sério que uma faculdade, vidas distantes, trabalhos que exigem cidades diferentes, nossa caminhada tornou rumos completamente distantes um do outro e forçar isso agora só magoaria a nós dois e uma outra pessoa que nada tinha a ver com a nossa história, Noah sorriu pra mim, ele também tinha entendido, nós nunca não seríamos um do outro, mas nossos caminhos ainda não tinha se encontrado, ele abriu os braços me chamando pra um abraço, poderia ser o último por muito tempo, mas dessa vez iríamos embora com a certeza que estávamos fazendo a coisa certa, e quem sabe, a vida louca como é, nos juntaria novamente.

a barraca do beijoWhere stories live. Discover now