Capítulo 14

253 9 19
                                    

Era a hora do buquê, então um aglomerado de mulheres correram pra frente do palco montado especialmente pra esse momento, Rachel piscou pra mim enquanto fazia um discurso animada, isso me lembrou que eu devia me afastar, hora perfeita pra atender um telefonema na cozinha, se a noiva não fosse ficar tão decepcionada comigo eu juro que teria feito isso, mas fui apenas bem mais atrás, contado com a sorte  e com uma possível péssima mira de Rachel.

E então, mais rápido que um pensamento , todas as mulheres se bateram como se estive caindo notas de dólares do céu e o buquê tão disputado ficou com uma amiga do Lee da faculdade, Rachel me olhou decepcionada e eu arquei a sobrancelha levanto minha taça e comemoração.

Amém! tudo que eu não merecia era Toddy vendo um vídeo meu com um buquê, era capaz dele me pedir em casamentos nas primeiras horas da minha volta a NY.

A  festa estava animada a contar pelo número de copos espalhados e risadas altas, a pista de dança era o lugar mais disputado, Lee havia improvisado uma competição de dança e Rachel estava tão suada e ofegante que qualquer pessoa diria que ela tinha acabado de vir de uma maratona, em algum momento da noite perdi Noah de vista, era pouco provável que ele tenha dormir, não com esse barulho, mas a casa estava tão cheia que ele devia está jogando conversa fora em algum lugar.

Já eu precisava de um pouco de paz, larguei a bebida em uma mesa e subi as escadas em direção ao quarto de hospede que tinha ocupado mais cedo, não era o plano dormir aqui, mas minha casa, depois de tantas doses de uísque, estava fora de cogitação, abri a porta já saboreando uns minutos de descanso quando dei de cara com Noah sentado na beirada da cama, ele tinha tirado o paletó e a gravata borboleta estava pendurada em seu pescoço, meu primeiro pensamento foi " ok, álcool demais, Elle", mas ele levantou a cabeça e sorriu, então não, não era minha imaginação, ele estava realmente sentado na cama.

- Han.. esse é o quarto de hospedes, mas você sabe...  - Eu disse apontado pro quarto e Noah rio.

- É eu ainda conheço a minha casa, Shelly.

Percebi que ele estava sóbrio  e sabia em  qual quarto estava e que não pretendia sair, então entrei e fechei a porta atrás de mim e me apoiei contra ela com os braços nas costas.

o que ele tá fazendo aqui? 

Noah continuava sentado e tinha algo nas mãos, ele permanecia relaxado com os ombros jogados, nem parecia que estava em um quarto fechado, com sua ex -namorada enquanto tinha uma noiva que estava chegando dali algumas horas, tirei as sandálias e arremessei no canto perto da porta e atravessei o quarto ficando perto da janela, Noah não parecia disposto a falar e eu estava com medo de iniciar qualquer assunto então fui pelo básico.

- Surpreendente a capacidade de Lee de lotar uma casa não é?  

- É,  ele é bom.

Silêncio.

- Eu pensei em você quase todos os dias nos últimos nove anos, Shelly.

A confissão de Noah foi tão baixa que em um primeiro momento pensei ser apenas meus próprios pensamentos ecoando em minha cabeça..

- Noah..

- Não, eu nunca pude falar, Elle - Noah disse se levantando e vindo pra perto de mim, não tinha raiva, nem mágoa, nem ressentimento no seu tom de voz,  eu não sabia lidar com o Noah de hoje, calmo - Eu pensei: ok! depois da faculdade a gente se acerta, então os 4 anos passaram e você fez questão de me esquecer... você me tirou da sua vida como... de uma forma tão fácil... por quê? por que você nunca fez questão da gente na droga desses últimos nove anos? 

- Noah

- Porra, Elle, eu sei a droga do meu nome, responde a merda da pergunta 

Eu permaneci quieta enquanto vi aquela fachada de garoto calmo ruir, com esse Noah eu sabia lidar, o que falava tudo, o desesperado, mas eu tinha explicação pra ele agora? 

Noah se aproximou de mim e me abraçou e foi só ai que eu percebi as lagrimas no meu rosto, não eu não tinha explicação, eu joguei tudo fora porque eu era uma adolescente querendo bancar a madura, mas em certo ponto não foi bom? eu precisava de NY, eu precisava ser o que eu sou hoje, eu não podia responder sua pergunta, era tudo tão patético, tão infantil, então senti as mãos de Noah na minha cintura, ele me afastou de seu corpo apenas o suficiente pra encostar sua testa na minha e tão rápido aquele gesto se transformou em um beijo que mesmo que eu quisesse parar não teria tipo de tempo.  

mas eu não queria parar.

foi um encontro desesperado, como se quiséssemos suprir em uma noite os beijos de nove anos, Noah desceu os beijos pelo meu pescoço de uma forma tão intensa que eu tinha certeza que deixaria marcas, mas quem se importa? caminhamos pra cama e enquanto ajudava a tirar sua camisa eu me permitir não pensar em nada, por um momento, naquele quarto, naquela cama, como nossos copos conectados eu fingiria que demos certo, que amadurecemos, e estamos tendo apenas mais uma noite de amor dos últimos nove anos, eu imploraria por esse momento se pudesse, se minha voz fosse além dos meus gemidos involuntários eu diria a ele o quanto fui dele, o quanto ainda sou e talvez o quanto ainda quero ser... mas Noah estava me amando de uma forma tão pura e intensa, um misto de desejo e saudades que eu não estragaria o nosso momento com promessas que ele não fez, afinal, como se diz eu te amo pra alguém que você deixou pra trás? eu não sabia e nesse momento eu também não me importava em saber, ser dele por hoje já era o suficiente e foi com essa certeza que eu me entreguei.  




a barraca do beijoOnde histórias criam vida. Descubra agora