Capítulo 17

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Capítulo dezessete

Rosabel

Sentia-me uma confusão.

Nunca tinha passado por nada parecido e nem que chegasse perto do que eu vivi no momento em que olhei para a foto daquele casal. Eu podia ter encontrado o que seria a minha história e aqueles dois poderiam ser meus pais.

E não bastando a loucura de tudo, lá estava eu invadindo uma propriedade particular.

— Martin, não podemos.

— Para de falar e anda. Vamos entrar e sair rápido e sem que ninguém nos veja.

— Eu nunca cometi um crime. Você é uma péssima companhia.

— Na verdade, a péssima companhia é você, porque invasão de domicílio ou propriedade privada, eu nunca tinha cometido até te conhecer.

Fomos andando, quase correndo, pela propriedade que devia ser muito bonita quando era bem cuidada. Ao mesmo tempo olhávamos para todos os lados com medo de sermos pegos... Bom, ao menos eu estava com medo. Muito medo.

— Se alguém aparecer eu vou fingir que desmaiei.

— Se alguém aparecer, Rosabel, vamos correr em direção ao carro o mais rápido que pudermos.

— Ai, meu Deus — rezei e ele riu.

Chegamos à porta principal da enorme casa e eram portas duplas, também deterioradas pelo tempo e não foi difícil conseguir abri-las, na realidade, acho que já estavam abertas, porque Martin nem colocou força.

Andei grudada nele e quando dava um passo eu dava também, a qualquer barulho o agarrava ainda mais e apesar de também apreensivo, Martin ria do meu medo.

— Se continuar me agarrando assim, não vamos a lugar algum. — O soltei um pouco... só um pouco.

Passamos por uma sala que provavelmente foi muito chique na época em que foi decorada, naquele momento estava mobiliada, mas cheia de poeira e teias de aranha. Seguimos por alguns cômodos e depois para uma escada luxuosa, mas também empoeirada.

Assim que saímos do último degrau e chegamos ao corredor no topo da escada, diversas portas eram vistas de um lado e de outro dele, mas decidimos rumar para o final, onde provavelmente seria o quarto principal, no entanto, uma porta que estava aberta chamou a minha atenção e foi o único momento desde que havia colocado os pés para dentro da propriedade, que larguei do Martin.

O cômodo era um quarto de bebê com as paredes pintadas de um rosa desgastado e sobre ele desenhos de nuvens brancas, mas que por causa do tempo estavam amareladas.

No canto uma caminha pequena estava disposta e acima dela, pendurado ao teto, um móbile cheio de estrelas de muitos tamanhos, se movimentava lentamente movido pelo pouco vento que soprava do corredor.

Imediatamente ao fitar aquele móbile fechei meus olhos e uma lembrança muito viva invadiu meus pensamentos, como se eu tivesse sido transportada para a cama, deitada nela e vendo o objeto debaixo.

Engoli o caroço que se formou na minha garganta e era como se todo o ambiente tivesse se transformado no mesmo instante e tudo a minha volta fosse novo. Vi as luzes do sol invadirem o quarto, ouvi até vozes ao fundo. Entrei em um transe que não sabia se era real ou estava imaginando, mas parecia mesmo lembranças de algo que vivi.

— Rosabel, você está bem?

— Não sei. Acho que... Parece loucura, mas acho que já vi isso. — Toquei no móbile.

— Viu?

— Sim, senti como uma lembrança... Não sei.

— Vamos com calma, ? Vamos investigar mais. — Balancei a cabeça em positivo sem tirar os olhos do objeto. — Vamos sair daqui.

Degustação a partir do dia 28/09/2021 Minha RosabelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora