Capítulo 07 - Dois Garotos, contar ou não contar o que sente?

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Eduardo fica na dúvida se abre seu coração ao amigo... 


Assim que o sinal do intervalo tocou, o professor mal se despedira da turma e esta já rompia para fora da sala, como um estouro de boiada. Todos muito aflitos querendo pegar um lugar bom na fila da cantina ou querendo fumar o seu cigarrinho na boa e botar as fofocas em dia.

Para Edú seria um momento decisivo.

Teria que definir de que lado estava.

Isto é, teria que decidir com quem ficar.

Embora fosse invisível, um muro havia se erguido, e em cima deste muro ele jamais poderia ficar. Tinha medo de cair. Porém, tinha medo de descer dele e de se arrepender descobrindo que descera do lado errado. E era essa a escolha agora.

Mas como poderia ele saber de que lado ficar?

Como poderia ele decidir qual lado do muro apresentava melhor caminho para seguir?

Deveria caminhar com a velha guarda – o que seria desmerecer a coragem do melhor amigo – ou deveria prosseguir com Fábio – o que seria visível afronta ao grupinho de garotos hormonalmente carregados. Se por um lado andar com os garotos lhe daria a segurança necessária para a casa não cair, Eduardo tinha a certeza de que se ela caísse, seria Fábio quem estaria ao seu lado em meio às ruínas.

Sim, porque o telhado da mente de Eduardo se encontrava balançando com o vento da dúvida. Temia ter goteiras terrivelmente geladas em sua alma quando a tempestade chegasse...

Eduardo olhava seus colegas de sala saindo apressados, deixando apenas as cadeiras vazias para trás.

Olhou Carlos e o grupinho de amigos rindo zombeteiros para uma garota da sala. Uma garota gorda e feia – era do que a chamavam.

Olhou para Henrique, que parecia resoluto a não descer para o pátio. Se possível colar-se-ia a sua cadeira e assim ficaria até o término da aula.

Ed procurou Fábio no local onde ele costumava sentar para assistir as aulas. Não o encontrando lá, vasculhou toda a proximidade do local com os olhos bem abertos e encontrou o amigo conversando com um bando de garotas.

Riam e gesticulavam animadamente.

Fábio, sempre bem humorado, parecia estar liderando o bate-papo no grupinho.

Eduardo admirava o amigo. Como ele lhe parecia feliz e de vida definida.

Não chegava a invejá-lo, mas desejava para si o mesmo tipo de relações que Fábio tinha. Eduardo desejava não ter um gênio ruim. Tudo ia ser mais simples, porém, o que poderia ele fazer se nascera assim?

E que culpa tinha Fábio em ser tão carismático?

Ele era tão belo exercendo fascínio sobre as garotas. Tinha charme e sabia como usá-lo com quem quisesse. Eduardo se espantava, pois até com os rapazes Fábio conseguia exercer certa influência e sempre era bem quisto em qualquer rodinha de pessoas.

Sem contar que Fábio sempre ficava com as mais poderosas beldades.

Sempre se saía bem em tudo.

Ele, Eduardo, também tinha este poder... Se dava bem e tinha o mesmo sucesso... Mas... E daí? De que lhe adiantava tudo aquilo se agora estavam danificados os alicerces nos quais ele construíra toda uma vida? Que tipo de segurança teria em viver dentro dessa casinha frágil?

A Casa do Começo da Rua (romance gay)Where stories live. Discover now