Eram seis e meia da manhã e Eduardo já estava de pé e pronto para ir pro cursinho. Tinha que levantar cedo e pegar o ônibus, pois o pai não o levava, uma vez que a empresa onde trabalhava ficava no bairro vizinho e em direção oposta.
Mas Eduardo nem ligava, já estava acostumado com esta rotina.
Desde que fizera treze anos andava de ônibus para cima e para baixo. Melhor assim, aprendera a se virar e saber ser menos dependente dos pais no quesito "deslocamento". Sabia o nome das ruas da cidade de cor e salteado e jamais se perdia. Quando a mãe ou o pai precisava achar alguma localidade, pediam a Eduardo se ele não podia ir junto.
Logicamente Edú queria ter o seu próprio carro.
O pai já havia prometido um para quando ele completasse dezoito anos, mas o garoto recusou. Disse que queria que fosse um presente por algo bom que ele fizesse, e não apenas por uma data. O pai achou estranho, mas concordou.
Ficou combinado que o garoto ganharia o carro se passasse no vestibular da Federal, e desde então o garoto tinha um motivo a mais para continuar estudando com tanto afinco. Cumpria seus deveres com severidade.
E lá estava Eddie, em frente ao espelho do seu quarto, mirando-se para ver se a roupa estava legal. Usava uma calça jeans que valorizava as formas das pernas e deixava a bunda marcada, uma camiseta preta justa e tênis preto.
Bem normal, porém, insinuante.
Rumou para o banheiro, iria escovar os dentes e arrumar o cabelo. Olhou para o espelho e fez uma careta.
Enquanto escovava os dentes, organizava seus horários do dia como se fossem tópicos em uma mesa de reunião.
Iria para o cursinho... Ia ficar pelo centro durante à tarde e à noite estudaria as matérias. Tirou vantagem por ser sexta-feira e as matérias serem fáceis. Além do mais, se não terminasse de estudá-las, poderia continuar no dia seguinte pela manhã.
Ajeitou o cabelo e saiu pro corredor.
Deu de cara com um vulto vindo em sua direção, todo de branco, com cara de buldogue, cabelos desgrenhados e andar de morto-vivo.
- Bom dia mãe! – cumprimentou o rapaz.
- Hum... – balbuciou a mulher, que estava com muito sono para responder qualquer coisa que fosse.
- Nossa! Parece que tá de ressaca!
- Hum... – fez ela novamente meio zumbi.
- Bem, hoje vou ficar de tarde no cursinho. Se você for para o centro, eu vou almoçar no mesmo local de sempre. Se quiser passa lá. Mas deixa eu ir, senão chego atrasado! Vem cá me dá um beijo!
Avançou para a mãe e a beijou na face com tanta rapidez, que a mulher quase tombou para trás. Eduardo correu para o quarto, pegou a mala do cursinho e voou escadaria abaixo. Não quis nem tomar café da manhã.
Comeria algo na hora do intervalo maior.
Ao sair para a rua, constatou que caía uma garoa finíssima, mas não quis voltar para se agasalhar nem pegar guarda-chuva. A garoa era comum nesta época do ano em Curitiba e logo iria passar.
Para chegar ao ponto de ônibus, Eddie subia a rua e depois virava à esquerda.
Pelo menos esta vantagem ele tinha. Não precisava correr feito louco para alcançar o veículo, pois a parada ficava quase em frente à sua rua. Mas se perdesse esse ônibus não precisava nem entrar em pânico, pois naquele horário passava um atrás do outro de maneira que ficava difícil chegar atrasado.
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A Casa do Começo da Rua (romance gay)
RomanceEduardo é aluno de um curso preparatório para o vestibular. O sonho do rapaz é entrar no curso de medicina da Universidade Federal. Eduardo passa grande parte de seu dia estudando, e quando não está com livros e apostilas, passa um pouco de tempo co...