Eu continuava me sentindo atordoada à medida que ia recobrando à memória dentro do hospital, lembrando das coisas que haviam acontecido, ou como havia ficado amedrontada com o inferno que havia sido a noite passada.
De imediato não entendi aonde estava, mas ao ver 3 figuras paradas a minha frente, tive consciência que coisa boas não haviam acontecido.
Meus pais não paravam de chorar um minuto sequer, era a segunda vez que escutavam a mesma história pela boca da minha amiga, e mesmo assim, agiam de forma que se estivessem sabendo de tudo o ocorrido naquele momento.
Papai soluçava enquanto me abraçava, deitado ao meu lado dizendo que me amava.
O jeito como haviam sido informados sobre o incidente de ontem havia sido desastroso por si só, sem mencionar o pânico que causou a todos.
Eles meio que foram obrigados a deixar meu avô internado no hospital aonde estavam, para assim, pegarem um ônibus de última hora afim de voltarem para o Rio de janeiro querendo ver como eu estava.
Mychelle desconfiou a respeito do meu repentino sumiço do baile, decidindo ir me procurar em meio à aquela bagunça toda que rolava no salão principal. Para o espanto dela, acabou me encontrando imobilizada ao chão prestes a ser estuprada pelo menino que à muito tempo consideramos nosso amigo.
Esperava que nunca tivesse que olhar para a sua cara novamente. Eu sabia que Kawan havia agido por impulso, mas isso não justificava o modo como tentou tirar minha roupa e fazer sexo a força comigo. Com certeza, surtaria se preciso fosse encará-lo mais alguma vez na vida, seria uma péssima brincadeira de mau-gosto do universo
-Tudo vai ficar bem, meu amor. Papai está aqui – disse ele, vendo o quão debilitada eu demonstrava estar naquele momento – descanse, você está segura agora.
Sentindo o toque quente de sua mão sobre a minha. Me deixei apagar e dormir a fio pelas duas horas que vieram a seguir. O descanso para minha recuperação seria eficiente nesse momento.
👒
Aproveitando que meus pais haviam saído para conversarem com o diretor, sobre o ocorrido, e quais eram as providências a serem tomadas por ele a respeito do aluno para que isso não voltasse a acontecer dentro do colégio outra vez.
Mychelle pulou seu traseiro para em cima da cama, aconchegando-se ao meu lado, cabisbaixa.
-Como está se sentindo agora? – questionei, com medo de me tocar e tudo ir pelos ares no segundo seguinte.
-Bem eu acho, minha cabeça continua zumbindo sem parar – contei, esfregando meus dedos contra as têmporas – tenho que ver se tenho mais algum remédio para dor de cabeça.
-Posso chamar uma enfermeira para te examinar – propôs ela.
-Não tem precisão. Deve ser por causa da queda de ontem. Choquei minha cabeça com tudo no chão duro - confirmei.
-Tem certeza?
-Claro que tenho – afirmei, não muito consciente se tinha certeza mesmo.
-Conhece os riscos que tem de ter uma hemorragia interna, então não brinque. Não é mais uma criança para eu ter que ficar te explicando a gravidade da situação – avisou ela.
Sem querer, um silêncio chato nos rondou. Não erámos de brigar e ficar dias com a cara virada uma para a outra, sabe. Mas quando se tratava de discussões sobre os erros uma das outras, éramos especialistas nisso.
-Olha tem algo que quero te perguntar, mas estou juntando coragem para isso... – digo, como alguém que não quisesse nada demais.
-Sei muito bem o que você quer conversar. Só acho melhor deixarmos isso para deixarmos para depois. É tudo muito recente – disse ela, olhando para direção da porta.
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ARTPOP : O Início de Uma Vida (Livro 1) - John Victor Rocha
FantasyTranstornada, impulsiva e levemente mau humorada. Gleice se vê diante da possibilidade de dar uma nova chance a vida e recomeçar com o pé direito. Cansanda, e sendo obrigada a terminar o ensino médio de uma vez, ela está exausta de tudo. Desejando...