Capítulo 3 - Part of Me

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Maldita hora em que decidi criticar o grêmio estudantil. Tudo estava perfeito. O salão parecia que iria desabar ao ritmo de uma música perfeita da Nicki Minaj, que saltitava pelos altos falantes.

O pátio central havia sido enfeitado com faixas cinzas e douradas, cruzando-se totalmente pelo teto. No centro de tudo, girava uma brilhante esfera de vidro pendurada, como se tivéssemos voltado no tempo, direto para uma discoteca dos anos 70.

Casais vestidos em seus trajes de gala perambulavam de braços dados de um lado a outro. Apontando de admiração para as luzes negras que acessas passavam uma sensação de estramos numa festa neon. 

Se alguém me dissesse a duas semanas atrás que teríamos um baile na escola, com certeza daria risada imaginando o desastre que seria, da organização à decoração tema. Mas afinal, o comitê central merecia nossos parabéns, eles haviam arrasado, superando a todas as minhas expectativas.

Com o salão pouco lotado, a maioria dos alunos iam para os fundos do colégio para se pegarem longe dos professores que evitavam a todo custo garantir o mínimo de diversão esperada aos seus pequenos aprendizes.

Falando neles, mais ao canto estavam os professores cochichando uns com os outros em grupinhos silenciosos. Fiscalizando os alunos e concordando com a cabeça. Na certa, estavam entediados e queriam ir para casa ficar juntos de sua família.

-Olhe para eles, parecem um bando de velhos mau humorados com o barulho que fazemos – cochichou Mychelle colocando sua mão em meu ombro. Me virando na direção em que estavam.
Não teve como conter a risada. O jeito como nos olhavam de cima a baixo quando passávamos por eles. Era hilário.

Com certeza pensando, aonde foram parar aqueles diabos maltrapilhos?

-Essa noite não tem como ficar melhor – comuniquei a ela.

Como resposta ao meu desafio, o DJ preferiu trocar por outra música. Deixando de tocar Lady Gaga, a música trocou-se para uma mais lenta e apaixonante. Algo inspirador e sonhador. Senti o ar ficar mais gélido ao ver de qual musica se tratava.

Katy Perry. Unconditionally.

Aiiii, gritei interiormente. Minha música estava tocando para que todos ali presentes escutassem, apreciando com sensatez aquela maravilha da natureza. Uma obra não reconhecida com o seu devido valor.

A partir desse momento lembro de sentir meu corpo inteiro se amortecer de repente. Voltando para ver os alunos que dançavam embriagados.

O vi atravessar entre as portas principais, apressado como se o tempo não estivesse ao seu lado.

Entrando com um caminhar gracioso, capaz de fazer qualquer pessoa se apaixonar por ele, caminhou sem excitação direito para a mesa principal aonde estavam servindo os convidados e pegou para si uma dose de ponche.

Cara, como as pessoas conseguiam fazer isso? Essa merda não era negócio de filme americano, não?

-Quem é ele? – perguntei, franzido a testa.

-Não faço a mínima.

-Talvez seja namorado de alguma menina do segundo ano – tentei acertar.

-Não quero saber quem é a namorada dele – expressou grosseiramente.

-Ou talvez também seja gay. Há vários meninos com namorados estudando aqui para a sua informação.

-Não me importo, nem quero saber como ficou sabendo disso. A verdade é que o cara é gato para caralho – comentou levando a mão para o peito - olha aquela bundinha redonda. Que perfeita. Salivei aqui agora amiga.

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