As cinco fazes do luto

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Meredith

Quando Derek me disse que perdemos o bebê, era como se tudo estivesse se quebrando dentro de mim, eu achei que não teria como piorar, mas por ironia piorou. Eu estava em lástima nos braços do Derek quando notei que Bailey e Richard, Maggie e Lexie, Amélia e Cristina, estavam todos olhando pela janela do lado fora.
Perguntei ao Derek se todos já sabiam apontando com os olhos para a janela, e ele hesitou, disse que voltaria logo e saiu do quarto. Cristina entrou em seguida, dizendo que lamentava muito e me abraçou. Derek entrou no quarto novamente e Cristina saiu depois de dar um abração de consolo em Derek também. Lá fora já não tinha mais ninguém, Derek voltou a se sentar e me disse que eu precisava saber de outra coisa; foi quando ele me disse que Marilla e Thomas faleceram depois de sofrerem um acidente de carro. Esse com certeza foi o pior dia da minha vida.
Os dias seguintes foram silenciosos e dolorosos, coloquei na minha cabeça que eu não iria mais chorar, por medo de não conseguir parar. Tive que escolher um nome para o meu filho, para o colocar na certidão de óbito, o que eu nunca imaginei por um segundo que seja ter que estar fazendo isso. Perguntei ao Derek se ele gostava de Harry Jones, e ele disse que amou o nome.
Ignorar o luto era o que eu queria fazer, assim que recebi alta, quis voltar ao trabalho imediatamente.

- Eu não acho que esteja pronta para voltar Grey.- Discordou Bailey depois que eu disse que voltaria. .

- Já faz mais de quatro dias, eu estou pronta, a Arizona já me deu alta, eu te garanto, eu já posso voltar.

- Meredith ainda é cedo pra você volta- disse gentilmente.- Vá pra casa descansar, se recuperar de tudo o que aconteceu. Já fez a terapia?

- Eu não preciso de terapia, eu preciso só voltar a fazer o que eu sempre fiz. Por favor, eu sou a chefe de um departamento.

- Tudo bem então,pode voltar. Mas vai ficar só na parte administrativa, nada de operar.

- Tá brincando né?

- Eu pareço estar brincando?

- Eu estou bem.

- Pode dizer isso o quanto quiser, mas só vai entrar em uma sala de cirurgia quando eu, e somente eu autorizar. - Fiquei com tanta raiva que virei as costas indignada e sai da sala batendo a porta.

Derek

Todos os dias, eu salvo vidas. Todos os dias eu perco vidas, e sou obrigado a dar a triste notícia para as famílias, e sempre, sem exceção, é triste e desgastante, mas superamos pois tem outras vidas a serem salvas.
Mas e quando nós somos a família... não é só triste e desgastante, é também doloroso, tão doloroso que você não sabe como viver com aquele sofrimento. A angústia de perder alguem que amamos é indescritível e inimaginável. E saber como superar é difícil. Também tem a dor de ver quem você ama sofrer tanto, chegando ao ponto de não reconhece-la, de conseguir agir perto de tanta agonia.

- Derek? Achei que era para você estar em casa, você sabe... se recuperando.- Comentou Mark assim que me viu perambulando pelo corredor do hospital.

- E era. Mas a Mer quis voltar a trabalhar hoje e eu não queria que ela voltasse sozinha.

- Como ela está?

- Ela acha que está bem, mas não está.

- E você?

- Sinceramente? Eu não sei...

- Precisa de café, sua cara está péssima. - concordei com o café, até aparecer alguma coisa pra fazer iria demorar.

 - concordei com o café, até aparecer alguma coisa pra fazer iria demorar

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- Então... como vocês estão lidando com tudo isso?- indagou Mark me entregando um copo com café e se sentando ao meu lado naquele banco que ficar fora da emergência.

- É complicado... ontem a Mer me pediu pra descrever como era o Harry e eu entrei em choque ... eu não gosto muito de lembrar daquele dia e de ver meu filho sem vida, mas... eu fiz isso por ela porque foi a primeira e a única fez que ela tocou no assunto. Eu só queria que a Mer parasse de fingir que está bem e aceitar o luto, ela está agindo como se nada tivesse acontecido com a Marilla e com o Thomas, isso acaba com ela e acaba comigo também. Ela me pediu espaço mas...quem quer espaço quando se passa por tudo isso?- Mark me consolou e me senti aliviado de ter desabafado com ele.

Quando já era noite, depois de passar o dia na papelada, ou dormindo, comecei a vagar pelo hospital pra ter algum sinal da Meredith, já dei espaço o dia todo.

- Ei! Amy, viu a Meredith?

- Ela foi pra casa pela tarde Derek, aliás foi no meu carro até.

- Por que ela não me avisou? - Perguntei com indignação.

- Eu não sei... talvez ela queira um pouco de espaço.

- Não... já chega de espaço.

A casa estava com todas as luzes apagadas, não parecia que alguém estava lá, ao não ser pelo barulho de coisas quebrando no andar de cima. Quando entrei no quarto, me deparei com a Meredith quebrando tudo do quarto, tacando coisas na parede e chutando os móveis com muita raiva.

- Meredith

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- Meredith... - Segurei ela para faze-la para-Mer... para... você vai se machucar...para... - Estava se relutando, querendo continuar; mas parou, e se afundou em lágrimas e soluços abafando o rosto em mim. - Shh... vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem.

Meredith

Luto deve ser algo que todos temos em comum, mas parece diferente em todos. Não é só pela morte que temos que sofrer. É pela vida. Pelas perdas. Pelas mudanças. E quando imaginamos porque algumas vezes é tão ruim, porque dói tanto... temos que nos lembrar que pode mudar instantaneamente. Quando dói tanto que não se pode respirar, é assim que você sobrevive. Lembrando-se que um dia, de alguma forma, impossivelmente, não se sentirá mais assim. Não vai doer tanto. O luto vem em seu próprio tempo para todos. À sua própria maneira. O melhor que podemos fazer, o melhor que qualquer um pode fazer, é tentar ser honesto. A parte ruim, a pior parte do luto, é que não se pode controlá-lo. O melhor que podemos fazer é tentar nos permitir senti-lo, quando ele vem. E deixar pra lá quando podemos. A pior parte é que no momento em que você acha que superou, começa tudo de novo. E sempre, toda vez, ele tira o seu fôlego. Há cinco estágios de luto. São diferentes em todos nós, mas sempre há cinco. Negação. Raiva. Barganha. Depressão. Aceitação.

Evitando Compromisso Parte 2Where stories live. Discover now