FALLING | ʜ.ѕ

EXTRAS 1

Quando meus dedos já estavam enrugados e minhas pernas já estavam cansadas de ficar em pé - resultado de semanas sem um mísero exercício -, fechei a ducha e deixei o banheiro. Me vesti com roupas confortáveis e fui verificar quarto por quarto, no intuito de curar um pouco da saudade que eu estava dos meus filhos.

Ou dois deles, já que Licie havia dito que estaria estudando intensamente essa semana para a prova da próxima semana. Ela odiava que nós atrapalhássemos seu horário de estudo, e há vinte minutos atrás ela disse que começaria a estudar.

Howard estava dormindo em seu quarto, literalmente capotado. Faith estava da mesma forma enquanto a sua televisão passava alguma série na Netflix. Me aproximei do quarto da Felicity e fui recebido com seu nome estampado na porta com um arranjo de madeira brega em roxo que minha mãe a deu quando ela tinha seus quatro anos. Eu tentei não entrar, mas eu estava com saudade e queria dar-lhe apenas um pequeno beijo para avisar que havia chego. Algumas placas de "Não perturbe" ou "Estou dormindo" estava ali também, mas como sempre, ignorei.

O que eu preferia não ter feito.

Ok, eu já fui adolescente um dia. Meu primeiro beijo foi em uma árvore próximo à minha casa em Holmes Chapel e foi um tesão, para ser sincero. Minha primeira vez foi um tanto quanto apavorante pois passei dias achando que havia engravidado a garota, mesmo tendo usado camisinha. Eu sei o quanto é constrangedor ter que dizer isso aos seus pais ou ao menos tocar no assunto, e era algo que eu gostava de tratar com os meus filhos para que não houvesse nenhum tipo de barreira entre nós. Eu gostava de ser um pai presente, e gostava de saber o que meus filhos sentiam ou faziam.

E não imaginava ver essa cena tão cedo, ou ao menos esperava ver essa cena algum dia. Eu sempre prometi para mim mesmo que não iria surtar ou algo do tipo, e eu sei que eu deveria ter dito algo diferente do que eu disse, mas foi impossível não gritar:

— MAS QUE PORRA É ESSA, FELICITY?

Vi seus olhos claros e cinzas se esbugalharem e ela sair do colo do frango loiro com olhos azuis - também esbugalhados - com rapidez. Ela puxou o lençol para se cobrir enquanto o fedelho se cobriu com o edredom.

Porra, eu acho que vou desmaiar.

— Merda... — O garoto murmurou, se apressando para se cobrir.

— Pa-pai? P-por que está em casa tão... cedo? — Sua voz mal saia de sua boca avermelhada e inchada, que eu sabia que não tinha esse formato naturalmente.

Senti meu sangue ferver em minhas veias e uma mistura de desgosto com raiva estavam vagando por elas. Eu sabia que eu não deveria me sentir dessa forma, mas era impossível. Licie tinha apenas dezessete anos! Eu acabei de ver o meu bebê fazendo um bebê com o fedelho do filho dos Drummonds! Eu me lembro de ter o visto em alguma festa que demos nesse último mês, ele era vizinho do condomínio e sua cara de tonto não me passou o ar de que traçava a filha dos outros.

E o pior de tudo isso não era a cena horrível que acabei de presenciar, mas sim, o fato de Felicity ter mentido para mim. Eu achei que ela estava estudando, mas não. E isso me deixava triste, porque eu nunca lhe dei motivos para mentir para mim. Sempre fui um pai presente e sempre me interessei por seus respectivos sentimentos. Eu confiava em meus filhos, mas acho que depositei confiança demais.

Eu estava decepcionado e me perguntava quantas vezes esse "estudo" havia acontecido debaixo do meu teto.

Ouvi passos apressados no corredor e logo Howard e Faith estavam observando a cena chocados.