— Eu não encontrei a sua mãe logo de cara, meu amor. Assim como ela também não me encontrou. Tivemos que quebrar muito a cara para estarmos onde estamos hoje e nem posso dizer que sou um homem bom para sua mãe, porque eu sinto que tenho muito caminho pela frente para ser o melhor para ela. Talvez eu nem seja, talvez eu nem chegue na minha meta, mas o que eu quero dizer é que, mesmo a pessoa boa, irá errar de forma bruta algumas vezes.
— Mas você nunca errou com a mamãe, pai. Eu nunca vi vocês brigarem, eu nunca vi vocês separados. Vocês são perfeitos um para o outro, como a porcaria de um conto de fadas que eu tenho certeza que nunca irá existir para mim.
— Eu já errei muitas vezes com sua mãe, filha. Nunca contamos isso para vocês, mas já nos separamos uma vez.
— Sério? — Ela arregalou os olhos, como se fosse o maior segredo de sua vida. Assenti. — Como assim? Por quê?
— Bom... — Procurei palavras para dizer aquilo de uma forma com que Licie não fosse me odiar, mas eu precisava ser sincero. — Eu saí para beber com a banda um dia e encontrei uma amiga antiga. Eu não lembro muito bem, mas me lembro de ter levado-a para casa e... Não sei, ela me beijou e tentou... Você sabe. Sua mãe acabou descobrindo no outro dia, nos separamos depois de uma briga feia, eu jurava que não iria tê-la de volta. — Ri fraco, encarando meus pés descalços. — Bom, não sei o que me deu, eu namorei essa garota por alguns meses, nos mudamos para Londres, mas terminamos logo depois.
— Por quê? Como você e mamãe voltaram?
— Faith. — Sorri de canto, olhando seus olhos. — Eu namorava Ca... — pigarrei — Essa garota quando descobri que sua mãe estava grávida de Faith. Terminei com ela no dia em que sua irmã nasceu, literalmente horas antes. E estamos aqui até hoje.
— Como você conseguiu reconquistar a mamãe? Droga, isso deve ser um episódio bem doloroso para vocês! — exclamou indignada.
Ri fraco.
— Quer mesmo saber? — Sorri de canto.
— Ah, pai! Me poupe! Você é um mente poluída! — Ela revirou os olhos, negando com a cabeça ao enxugar as lágrimas.
— Qual é, filha. Vai me dizer que não gosta? — Arqueei uma sobrancelha.
— Eu não vou falar sobre isso com você, é estranho!
— É estranho para mim também! — exclamei indignado, ouvindo sua risada. — Enfim, mas eu consegui reconquistar sua mãe com bastante paciência e carinho. Nós tivemos a nossa primeira vez muito tempo depois de sua irmã ter nascido, então nunca foi apenas sexo. Nunca nos resumimos a isso. E nem você deve se resumir a isso. Eu sei como o mundo é cruel, filha. Porra, eu sei mais do que ninguém, e não é apenas uma frase decorada de pais para filhos. Ter a minha vida pública nunca foi a minha intenção e isso me afetou em tantos relacionamentos que eu senti medo de ficar sozinho o resto da vida.
Suspirei, sentindo o amargo gosto do sentimento que isso me causou há anos atrás. Eu ainda lembro como se fosse ontem as minhas noites ruins sozinho no quarto de um hotel ou na minha enorme casa, sozinho, sem ninguém para conversar.
— Mas enfim, você vai conhecer muitos caras ruins até achar um bom, e ele nem sempre será bom no começo. Você vai errar muito ainda e ainda vai se decepcionar muito. E isso é algo que eu, infelizmente, não posso controlar. Mas eu sempre estarei aqui para te ajudar, te aconselhar e te segurar quando estiver caindo, porque esse é o meu dever. E eu peço desculpas por não ter te apoiado quando precisou, eu me sinto um merda por isso. Não prometo que isso não acontecerá mais, mas prometo que sempre estarei aqui para você, filha. Mesmo que a verdade doa. Então, por favor, não minta mais para mim. Eu não quero que a mentira estrague nosso relacionamento como estragou o meu com o da sua mãe lá no começo. Eu não quero passar por isso novamente.
— E eu não quero passar por isso nunca, pai. Eu prometo que não haverá mais mentiras entre nós e prometo que serei mais aberta com você.
— Mas por favor, me poupe dos detalhes.
Ela riu, deitando a cabeça em meu ombro.
— Me prometa que nunca mais irá fazer algo que não quer só porque alguém insistiu muito, minha filha? — murmurei, abraçando seu corpo magro.
— Eu prometo, papai. Eu te amo, me desculpe.
— Eu te amo mais, meu amor. Me desculpe por ter sido um idiota com você.
— Eu te desculpo.
— Então quer dizer que concorda comigo? — Franzi o cenho, encarando seus olhos.
— Ah, pai... Eu acabei de prometer que não ia mais mentir para você. — Ela sorriu graciosa e cheia de ironia.
— Felicity, Felicity... — Neguei com a cabeça, elevando meu olhar até a lua. — Você não nega o pai que tem.
Ela riu, me abraçando de lado.
— E ele é o melhor que eu poderia ter. Obrigada por ser tudo e mais um pouco para mim.
— Obrigado por ser minha filha, Licie. Obrigado por ter me escolhido para ser o seu pai e obrigado por ter lutado naquela sala de parto pela sua vida.
Sorri, sentindo o nó em minha garganta.
— Como assim? — Ela franziu o cenho.
— Ah, isso é cena para outro episódio.
O silêncio nos dominou e a luz da lua nos abraçou. Eu não sei por quanto tempo ficamos ali, abraçados e quietos. Mas foi tempo o suficiente para saber que nenhuma metragem de tempo ou espaço era demais para demonstrar o amor que eu sinto por esse serzinho que já me causa rugas e cabelos brancos. E não posso esquecer dos outros dois dentro de casa, que provavelmente já sentiram ciúmes só de eu ter pensado isso.
Nenhuma metragem de tempo demonstraria o quanto meus filhos importam para mim, e nem mesmo demonstram a gratidão pela a mãe dos três.
Porra, eu sou o homem mais sortudo do mundo.
••
AHHHH, quanto tempo!!! Passando aqui para postar um extras para que vocês consigam matar a saudade desse livro que foi mais do que especial para todos nós!
Não prometo que terão MUITOS extras por aqui, mas prometo que vou me esforçar para trazer mais para vocês.
Beijinhos, Titia Shub/Gwen! ❤️😫
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FALLING | ʜ.ѕ
Fanfiction(HISTÓRIA COMPLETA) ❝ 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐮 𝐬𝐨𝐮 𝐚𝐠𝐨𝐫𝐚? 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐮 𝐬𝐨𝐮 𝐚𝐠𝐨𝐫𝐚? 𝐄 𝐬𝐞 𝐞𝐮 𝐟𝐨𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐮𝐞́𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐚̃𝐨 𝐪𝐮𝐞𝐫𝐨 𝐩𝐨𝐫 𝐩𝐞𝐫𝐭𝐨? 𝐄𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐜𝐚𝐢𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨, 𝐞𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐜𝐚𝐢𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨, 𝐞...
EXTRAS 1
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