- Desculpe eu...- Parei de falar quando vi que se tratava do Bernardo e que seu sorriso zombeteiro já estava pronto para me provocar - Eu estava a procura de Sarah e...

- E acabou encontrando o seu príncipe encantado,bem melhor não?

- Definitivamente,não. - Digo e tento sair de seu campo de visão mas alguém anuncia que é a hora da dança da aniversariante,que nesse caso sou eu.

- Me concede essa dança,princesa? - Bernardo pareceu assumir uma postura séria e me olhava diferente,não com um tom de zombaria mas sim de compreensão e amizade.

Aceitei sua mão estendida porque seria bem pior dançar a minha valsa com qualquer outro nobre ou príncipe desconhecido.

Todos abriram espaço para observar os nossos passos bem sincronizados como se realmente tivéssemos ensaiado cada um. Em silêncio ele me olhava e vez ou outra sorria me fazendo sorrir também. Quem nos visse dançando com tanta sintonia assim diria que estamos completamente apaixonados,mas acredito que isso nunca aconteceria conosco,não mesmo.

- Aurora você confia em mim? - Ele sussurra no meu ouvido quando me gira em meio a dança.

- Por que isso agora?O que está havendo?

- Diga se confia,por favor! - Nós entramos num diálogo de sussurros e eu decido colocar logo um fim nisso tudo.

- Eu confio em você,Bernardo.

Assim que digo isso a música vai parando aos poucos e as pessoas aplaudem eufóricos a valsa perfeita que dançamos mas de repente vejo Bernardo se ajoelhar a minha frente e todos se surpreenderem assim como eu com a possibilidade dele...

- Princesa Aurora de Montenaro,case-se comigo e seja a minha rainha. - Ao ouvir esse pedido minhas mãos ficam trêmulas e não entendo porque ele está fazendo isso.

Olho para os rostos abismados e ansiosos dos convidados do meu baile que assim como o príncipe estão esperando uma resposta positiva minha mas tudo que consigo é balançar minha cabeça negativamente e me afastar dele.

- Eu não posso...- Consigo falar o que tanto queria e saio correndo depressa dali em busca de um lugar seguro. Enquanto corro o vento gelado da noite vem de encontro ao meu corpo me fazendo arrepiar e agarrar meu tronco com os braços para me proteger do frio.

Ouço passos correrem atrás de mim mas não me viro para ver quem é e entro na primeira porta que vejo,a da Biblioteca Real. Sento em uma cadeira ofegante e apoio minha cabeça na mesa de madeira tentando entender o porquê do Bernardo ter me pedido em casamento assim,sabendo que eu não estou pronta!

"Deus me ajude,me ajude a sair dessa situação. Tenho tantas dúvidas e tantos medos,incertezas e indecisões...Me mostre uma saída,me mostre a Sua vontade..."

Repito essa oração umas três vezes e choro de desespero por não querer que meu futuro seja assim,por não querer que minha vida seja tão inútil e sem direção.

- Aurora! - Sarah entra abruptamente na biblioteca e me abraça forte ofegante por ter corrido atrás de mim - Se acalme por favor,se acalme!

- Aurora me deixe explicar! - Bernardo entra no recinto também sem fôlego e se ajoelha outra vez a minha frente - Eu tive que fazer aquilo por pressão dos meus pais!

- Como assim? - Pergunto enxugando minhas lágrimas - Você me perguntou se eu confiava em você e eu disse sim e...

- Eu perguntei justamente por que você precisará confiar em mim e no meu plano,princesa.

- Plano? - Sarah e eu indagamos sem entender.

- Sim,escute-me com atenção. Meus pais me pressionaram para pedí-la em casamento logo porque eles temiam que você encontrasse outro alguém e não quisesse mais unir Montenaro e a Silícia. Eu não pude dizer que não e fiz o pedido hoje pois é o seu vigésimo aniversário e seria o momento perfeito,segundo eles. Eu sei que você não quer se casar comigo e eu confesso que isso também não é algo que eu realmente queira. Então vamos fingir que somos noivos e depois encontramos uma saída para nós dois!

- Mas isso é errado,Bernardo! - Argumento - Não posso mentir,nem você. Não podemos fingir que vamos nos casar e depois descobrirem que é uma farsa!

- Amiga talvez essa seja a solução por agora,Deus bem sabe do coração de vocês dois. - Sarah me olha e segura minha mão com firmeza - É só por enquanto...

- Não! - Digo firme me levantando - Eu preciso ter atitude de um verdadeiro cristão então vou até os meus e os seus pais e serei sincera!

Saio da Biblioteca e ando decidida de volta ao baile. Direi a eles que não podem me pressionar dessa maneira e pedirei paciência para buscar em Deus uma resposta definitiva.

Eu preciso ser parecida com Jesus e se pra isso for necessário enfrentar todo o Reino,assim eu o farei.



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