Capítulo VIII

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Aurora

Ao abrir meus olhos pela manhã e ver rosas brancas bem ao meu lado na cama lembro-me que hoje é o meu aniversário. Todos os anos meus pais enchem meu quarto de rosas brancas por serem as minhas preferidas e sempre deixam um cartão que dessa vez estava escrito:

"Feliz Aniversário,Aurora! Nós te amamos e cada ano que passa percebemos o quanto a nossa princesinha cresceu,seja luz e inspiração para todos,sempre".

Fecho meus olhos e faço algo que nunca fiz:Oro.
Não sei como se faz isso mas sinto que preciso e assim o faço:

"Deus obrigada pela minha vida. Sei que muitas vezes reclamo por viver aqui e não poder tomar as minhas próprias decisões mas também sei que deveria agradecer por ter muito mais do que mereço. Eu vivi duas décadas sem te conhecer e agora que te vi prometo nunca mais te deixar,por que antes eu só ouvia falar de um Deus que Bárbara me contava,porém agora à luz da Tua palavra,verdadeiramente,os meus olhos te vêem".

Uma brisa invade todo o ambiente e sorrio ao sentir algo diferente dentro de mim,acho que isso significa sentir a presença Dele.

No minuto seguinte alguém bate na porta e ao dar permissão,Iza,uma funcionária do Castelo,entra no quarto toda animada.

- Parabéns,princesa!

- Obrigada,Iza. Onde a Sarah se encontra? - Pergunto me levantando da cama.

- Ela disse que não poderia vir hoje e me pediu para substituí-la.

Estranho. Sarah não aparecer justamente no dia do meu aniversário?Ela está aprontando alguma coisa,com certeza!

Depois de me aprontar ouço barulhos do lado de fora,no Jardim,e vou até a janela ver o que é.

- Viva a Aurora! - Todos os funcionários,guardas e todos as pessoas que eu conhecia no Palácio gritam felizes e sorrio acenando para a multidão formada em frente à minha janela - Parabéns princesa!

- Todos nós combinamos de fazer essa surpresa,Alteza. Somos muito gratos pela vida da nossa princesa que,logo logo será nossa rainha.

As palavras de Iza me emocionam e a abraço forte a pegando de surpresa. Agradeço à todos pelo gesto simples que me deixou muito mais feliz!

Desço para o café da manhã e sou surpreendida por muitos abraços e muitas felicitações ao longo do trajeto.

- Minha filha,Parabéns! - Mamãe me abraça.

- Obrigada,mãe. - Respondo sorrindo e pego o presente que ela me deu.

- Parabéns,querida! - Papai também me abraça e depois beija minha testa com carinho me entregando uma caixa com um presente.

- Muitas felicidades,princesa. - Bernardo me parabeniza e ao me abraçar sussurra no meu ouvido: - Sarah e eu preparamos uma surpresa para você antes do baile.

Eu o olho confusa e só então deduzo que os dois haviam planejado algo para mim e que por essa razão Sarah não apareceu no meu quarto hoje pela manhã.

Todos comemos e conversamos animadamente e Bernardo comunica que me levará a um passeio e saímos depressa.

- Vá até o seu quarto,vista algo simples e me encontre ao lado da cavalaria Real. - Ele diz quando estamos nos corredores.

- O quê?Como assim?Por quê? - Indago totalmente curiosa e muito confusa - O que vocês dois estão tramando?

- Não seja tão curiosa,Aurora! - Ele diz impaciente - Se eu disser deixará de ser surpresa!

Nós andamos em direções opostas até nossos quartos e procuro algo simples como ele orientou. Se eu tenho que o encontrar ao lado da cavalaria então vamos andar a cavalo,certo?
Ele tem sorte de eu saber cavalgar,caso contrário a surpresa iria de água a baixo.

Em alguns minutos eu estou no lugar combinado e ao chegar já avisto Sarah ao lado de três cavalos.

- Surpresa! - Ela grita animada e me abraça - Você me disse uma vez que gostaria de sair e aproveitar o dia sem ser necessariamemte uma princesa,então nós vamos realizar esse desejo.

- Obrigada! - Falo realmente surpresa - Mas desde quando você e o príncipe são cúmplices?

- Desde quando ela me ameaçou de coisas terríveis se eu não a ajudasse! - Bernardo aparece do meu lado explicando e olho para minha amiga abismada - É brincadeira Aurora,mas a Sarah tem um grande poder de persuasão!

- É,eu sei bem. - Digo e nós três rimos - Bom,então vamos?

- Vamos! - Eles dois dizem em uníssono e partimos das redondezas do Castelo conversando tranquilamente.

Fazia muito tempo que eu não saia assim e não sentia o vento no meu rosto e a tranquilidade em não ser reconhecida e bajulada. Andamos pelas vilas e vilarejos e nem as pessoas que andam pelas ruas de um lado para o outro nem as crianças que brincam animadas percebem que nós somos do Palácio,ainda bem!

Paramos em uma vila que não fica muito longe de casa e andamos um pouco a pé junto com nossos respectivos cavalos.

Sentamos em um vasto campo verdejante e observamos a paisagem admirável a nossa frente.

- Muito obrigada por me trazerem para esse passeio,eu realmente estava precisando! - Digo e me deito na grama.

- Mais tarde você voltará a realidade,Cinderela. - Bernardo brinca e gargalhamos. - É bom poder participar desse dia com vocês,sair dos meus dias monótonos é sempre um prazer!

- Disponha,Alteza. - Sarah brinca com ele e os dois riem um para o outro.

Eu poderia pensar estar louca mas realmente vi nascer um brilho diferente nos olhos de ambos,espero de verdade,que eu esteja certa e eles se dêem uma chance pois combinam muito juntos.

Permanecemos ali deitados na grama conversando por longos minutos e depois de muitas risadas um silêncio se instaurou no lugar. Olho para o céu e as nuvens escondem o sol por causa do clima frio em que estamos mas mesmo assim nada deixa de ser belo na criação de Deus.

Sarah nos alerta sobre o baile e então decidimos voltar para o Palácio,porém fazendo uma rota diferente da qual viemos. Passamos por uma praça e vemos uma pequena aglomeração em volta de um senhor que cantava um hino muito bonito. As pessoas pareciam não gostar do que ele estava fazendo e ouvimos ameaças terríveis ao pobre senhor.

Faço menção de me aproximar para entender o que estava havendo mas Sarah me impede.

- Nós temos que voltar,princesa. - Ela avisa segurando o meu braço.

- Pelo que eu pude ouvir estão o ameaçando pois ele está louvando à Jesus,e seu pai proibiu,lembra? - Bernardo sussurra para nós e não consigo acreditar no quanto o meu pai tem se tornado quase um ditador.

- Isso é uma injustiça! - Eu falo realmente indignada - Não poder cantar ou falar sobre o que acredita é desumano!

- Realmete Aurora mas infelizmente você não pode fazer nada agora. Vamos voltar logo por favor antes percebam que você sumiu. - Sarah fala receosa e mesmo sem querer,voltamos o mais rápido possível.

É inacreditável perceber que o nosso reino tenha se tornado tão idólatra ao ponto de não respeitarem a fé das outras pessoas e tudo isso começou pelo meu avô lá atrás e posteriormente pelo papai.

Sei que posso fazer a diferença para o nosso povo,sei que posso trazer a memória de todos o Deus de verdade,só não sei por onde começar...

Fidelidade Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz