🩸 Capítulo 8

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Elisa

Desço do táxi esforçando minhas pernas caminharem sem ficarem bambas. Confesso que a conversa que tive com o senhor Davis me deixou esperançosa, mas não esperava um retorno tão rápido. Na sexta-feira ele pediu que eu enviasse o documento da apresentação para mostrar ao doutor Russell e no sábado de manhã ligou de novo marcando uma reunião para hoje cedo. Não iriam pedir que eu viesse se não estivessem interessados, só estranhei o fato de solicitarem apenas a minha presença. Queria a professora Moore do meu lado, ela acha que podem estar querendo sondar melhor o terreno antes de tomarem uma decisão.

O que está me deixando mais nervosa é que a conversa terá a presença da CEO da Bioimmune Future, Madelyn Scott. De acordo com as minhas pesquisas do fim de semana, a mulher é super ocupada e administra filiais em vários cantos do país. Só aqui em Chicago tem a sede e outros dois laboratórios de pesquisa. Um deles é mais afastado, por causa do nível de biossegurança.

Caminho pela calçada dando um passo de cada vez para não correr o risco de tropeçar com esse salto alto. Acabei indo ao shopping no domingo para comprar um terninho e um sapato novos. Quero parecer a mais séria e comprometida possível com esse projeto, e sei que aparência conta muito – mesmo que a minha não ande das melhores ultimamente.

Chego na frente do prédio cinza escuro de seis andares e sinto meu coração acelerar ao ler o nome em alto relevo estampado na parede. Antes de entrar, dou uma olhada no reflexo do vidro para ver se está tudo em ordem. Passei um batom vermelho depois de meses e, apesar de ter achado bonito, ando tão insegura que tudo me deixa receosa.

Vai logo, Elisa, você consegue esse financiamento!

Inspiro fundo e passo pela porta giratória, tentando bloquear tudo ao meu redor e focar apenas na recepcionista que me atende com um sorriso simpático. Logo sou direcionada para o último andar. Assim que desço do elevador e observo o requinte do hall de espera meu peito vai ficando mais agitado ainda.

Eu já trabalhei em grandes empresas, como a Globalmed, mas não era tão luxuosa como essa. Parece que, além de investirem no que há de mais moderno em biotecnologia, também gastam bastante em decoração. Os quadros da parede, os lustres, os objetos... tudo é de muito bom gosto. Sento-me em uma daquelas poltronas macias, e com design inovador no formato de bola, e fico esperando até ser chamada. Repasso cada detalhe do discurso que treinei na cabeça novamente para não ficar mais nervosa do que já estou.

— Senhorita Montemor? — Uma jovem bonita aparece no hall minutos depois para me chamar.

— Bom dia!

— Bom dia, acompanhe-me por favor. Eles estão esperando a senhorita.

Sigo a morena alta de corpo esbelto por um amplo corredor. Não vi ninguém passar por onde estava, deve ter outra forma de chegar aqui mais reservada. Pelo que entendi a recepcionista falando, esse andar todo é só da CEO, por isso, tem pouca gente.

Assim que chegamos na sala, assusto-me ao ver um quadro da Frida Kahlo pendurado bem no centro da parede. Mark adorava arte e eu acabei gostando de apreciar também durante o tempo que ficamos juntos. Pela ostentação do lugar, eu tenho certeza que é uma obra de arte original que, com certeza, custou milhões de dólares. Não é todo dia que se encontra um leilão da artista mexicana que se tornou símbolo do feminismo.

— Elisa, é um prazer revê-la! — A primeira pessoa que aparece no meu campo de visão é o senhor Davis. Ele está parado próximo a porta, como se estivesse me esperando.

Aperto sua mão estendida e tento sorrir. Nossa, fazia muito tempo que não ficava tão ansiosa. Eu já estou acostumado a lidar com esse meio corporativo, não estou entendendo por que tanta afobação. Mesmo sendo o projeto da minha vida, sei lá... parece que tem algo a mais.

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