— Amanhã vovó te leva pra brincar no parquinho, tá bom? — sorriu dando a mamadeira para ele.

— Tá bom, vovó. — voltou a pedir colo e mais uma vez Bárbara voltou para a sala, sentou outra vez na poltrona e o pequeno se deitou tomando o chocolate quente.

— Eu amo você, meu amor. — acariciou o rosto dele e o pequeno suspirou pondo a mãozinha no rosto dela.

Eduardo chegou na sala e observou a cena de longe, Bárbara vai ser uma ótima mãe para o bebê deles. Era inegável.

— O que esse meninão tá fazendo acordado? — chegou perto dos dois e sentou no braço da poltrona.

— Fala para o padrinho que você teve um pesadelo e acordou chorando, amor. — Bárbara falou carinhosa.

— Foi um sonho ruim, titio... — o pequeno falou assim que tirara a mamadeira da boca.

— Ainda bem que passou e a vovó te ajudou.

— A vovó é a melhor. — sorriu mostrando as banguelas e os adultos ficaram encantados.

Não demorou para ele pegar no sono de novo e Bárbara foi levá-lo para o quarto, colocou o pequeno com cuidado na cama e beijou seu rostinho. Ela saiu do quarto e se encaminhou para o seu, quando entrou, Eduardo estava na cama encostado na cabeceira mexendo na televisão mudando de canal.

— Podemos conversar...? — ele perguntou baixo e Bárbara assentiu indo sentar ao lado dele — Você me ama, Bárbara?

— Amo... — respondeu baixo sem coragem de encarar ele.

— Olha nos meus olhos e diz que me ama. — ela estava em silêncio mexendo seus dedos — Bárbara... — puxou o rosto dela — Você me ama?

— Eu te amo... — esticou a mão trêmula para o queixo dele — Não é culpa minha, eu juro.

— Claro que não é culpa sua, ninguém ama as pessoas por querem, se fosse assim, a gente escolheria por quem se apaixonar. — beijou a mão dela — Acho que posso aprender te amar. — abriu um leve sorriso.

— Me amar? — aquele frio na barriga percorreu ela — Eu... não tô acostumada com isso...

— Então acho bom você se acostumar com essa ideia. Não vai ser difícil me apaixonar por você, Bárbara... — sussurrou e deu um selinho bem demorado nela.

...

Dois dias depois...

Bárbara acalmou Santiaguinho para entregar ele a Aurora, o que foi uma luta porque o pequeno não queria ir embora longe da avó. Quando conseguiu teve que levar ele até o carro.

— Babi, você já viu os últimos assuntos das redes sociais? — Luna sentou ao lado da madrinha.

— Não, amor. Você sabe que eu não mexo muito. — cruzou as pernas.

— Olha. — mostrou o celular pra ela.

— " Casal de modelos fazem sucesso com química e beleza em divulgação de marca de roupas. " — Bárbara leu em voz alta e viu a foto dela com Eduardo na sessão que fez com Edite — Gente... Eu tava bonita esse dia.

— Cheguei. — Eduardo abriu a porta do apartamento.

— Você não tem mais casa, não? — Luna brincou rindo da cara dele.

— Eu gosto mais daqui. — de aproximou e beijou rosto dela — Oi, linda. — se inclinou no sofá por trás, ficando entre as duas e rosto a rosto com Bárbara.

— Oi. — sorriu.

Eduardo roçou o nariz dela e em seguida deu-lhe um selinho. Bárbara mordeu de leve os lábios e o observou dar a volta e sentar ao seu lado.

— Linda essa amizade colorida, tem mais cores que o arco-íris. — Luna como sempre não perdia chance.

— Sua madrinha vai ser minha namorada, Luna. Vai se acostumando. — Eduardo encarou a menina sorrindo.

— Vocês já namoram só não se assumiram ainda. Nem pra vocês. — sorriu.

Os adultos sorriam para a menina. Eduardo então pegou um envelope e entregou para Bárbara que de início não entendeu o que era, até reconhecer o nome da clínica médica. Ela abriu, não entendia muita coisa, então logo encarou o homem.

— Isso é bom ou ruim?

— É maravilhoso, podemos ter um filho, quando você quiser.

— Verdade? — os olhos dela encheram de lágrimas — Nós... podemos ser papais?

— Sim, linda. Podemos ter o nosso filho. — sorriu e Bárbara o abraçou com força.

— Obrigada por me dar esse presente, Eduardo. Você é o melhor homem desse mundo, eu te amo.

Eduardo a aconchegou em seus braços sorrindo e Luna também os encarava feliz, estava satisfeita e orgulhosa por consegue ajudar Bárbara. Não imaginou ter ela tão cerca de si e nem que seria uma figura tão importante, pro estado que tirou ela da prisão até o que ela havia se tornado teve muita luta por parte das duas.

A menina se levantou e caminhou para seu quarto, parou em frente ao espelho e passou a mão por seus cabelos, em seus dedos caíram vários fios de cabelo que ela jogou no lixo da penteadeira. Luna não sabia por mais quanto tempo esconderia suas condições, em algum momento teria que contar para Bárbara. Matias não conseguiria levá-la para a quimioterapia escondido por muito tempo e logo teria que raspar a cabeça.

— É melhor eu dizer agora. — pegou um papel de uma gaveta e colocou uma toalhinha no ombro voltando para a sala — Posso falar com vocês? — parou de frente com eles.

— Claro, baixinha. — Eduardo respondeu sorrindo.

— É... bom, não tenho muito o que esconder, uma hora ou outra vou ter que falar pra vocês... — sentou na mesa de centro — Eu comecei ajudar as pessoas depois que... que eu descobri que a doença que a minha mãe tinha era hereditária e eu acabei desenvolvendo ela também...

— Do que está falando, Luna? — Bárbara desfez o sorriso e Luna entregou os papéis para ela e Eduardo.

— Eu desenvolvi o mesmo câncer que minha mãe, madrinha, eu trato ele já há algum tempo. Nunca quis dizer a ninguém, apenas Matias sabe, por isso ele sempre me apoia em qualquer ideia louca que eu tenho. — abaixou a cabeça.

Eduardo sentiu Bárbara apertar sua mão com força, a loira estava em choque, Luna apensar da tristeza, não escondia o sorriso.

— Apesar de estar em tratamento por bastante tempo, eu estou feliz porque o médico disse que falta pouco pra acabar, mas acontece que esse final vai ser mais forte, vou sentir bastante dor e vou ter que raspar os cabelos, não adianta eu ficar impedindo o que vai acontecer. Minha sobrancelhas e cílios já estão caindo em uma quantidade maior.

— Por que você não me contou, Luna?

— Porque você também estava em tratamento, Babi. Eu não podia falar nada pra não te afetar, foram ordens médicas.

— É por isso que tem dias que você come pouco e dorme muito...

— É o efeito dos remédios.

Foi então que Luna cansou de sorrir e começou a chorar, ela abriu a boca como uma criança sentida e correu para os braços de Bárbara pedindo perdão por não ter falado nada à ela. As duas se uniram de uma maneira forte, o que machucava uma, machucaria a outra.

— Vai dar tudo certo, pequena. Você precisa ter mais paciência, quando piscar, já vai ter melhorado. — Eduardo a abraçou também e Luna do aconchegou no ombro dele enquanto ainda estava no colo da madrinha.

— Eu não quero morrer, Eduardo. — apertou ele.

— Você não vai, já chegou aqui no tratamento, não vai ser agora que te vai acontecer alguma coisa. Você vai viver muito ainda, vai conhecer seu priminho ou priminha, princesa. Fica calma, tá? Nós não vamos deixar você sozinha. — beijou a cabeça dela.






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