Todos os segredos do Universo

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SINOPSE: Bucky descobre os segredos do universo. 

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Já faziam décadas desde tudo. Bucky nunca teve essa distinção de sentimentos sobre as coisas, pessoas ou estações. A consciência afogada pelos procedimentos da hidra, mas quando voltou a si por um período mais estável do que os breves devaneios que tinha quando ainda era o soldado invernal, ele concluiu que odiava o inverno. Era como prever uma tragédia da qual ele não podia escapar. Fosse o que fosse.

Mesmo em Wakanda o inverno piorava os pesadelos, fazia-o se encolher em si mesmo, num loop perigoso e caótico. Bucky ficava dias sem comer ou se mover do canto da pequena cabana. Aterrorizado por suas próprias ações, aceitando aquilo como uma punição justa, até Sam. Aquele era o fim da linha?

O céu que no inverno é mais escuro. Os dias que terminam mais cedo e amanhecem opressivamente mais tarde. O sol frio e a brisa desconfortável, até Sam.

Sam lembrava coisas boas. Coisas boas como a caneca de chocolate quente que ele tinha em mãos naquele momento, o calor macio espalhando-se entre os dedos e as palmas das mãos. Coisas boas, como a vez em que os pesadelos deram espaço para um sonho bom. Bucky também chorou naquela noite, e enquanto Sam o abraçava, ainda podia sentir o toque suave das mãos de Winifred em seu rosto.

"Sonhei com ela Sam", surrou trêmulo, contra o peito do homem "minha mãe..."

Era o conforto das estações que ele amava, naquela que o chateava. A boa sensação no peito, como as risadas de AJ e Cass, treinando lançamentos no quintal de Sarah, ou os jantares e os fins de tarde em frente á TV.

Bucky passou uma vida de escolhas injustas, outra em que não podia realmente escolher, esta em que podia escolher e estava bagunçado demais para fazê-lo, mas ainda podia. Dos males o menor.

Ele estava melhor, apaixonado. Se afastando da sensação de dissociação, uma mordida profunda dos velhos traumas. Enterrando o passado e dando uma chance a si mesmo. Bucky sabia que o soldado invernal sempre estaria com ele, de alguma forma, aquele era o ponto que entregava para o assassino uma redenção justa. Sem mais mortes ou todo drama doentio. E Sam estava do outro lado da porta aberta para fora de toda melancolia.

Bucky estava descobrindo, ou redescobrindo, a cada momento, a cada toque na pele escura e macia do homem que amava, a cada estação em Louisiana. Reconhecer isso ainda lhe agitava o estômago, mas era uma sensação boa. Uma sensação clara, nítida e era bom em anos não estar sufocado e cego. Apenas certo de sentir e redescobrir as coisas.

"Ei", Sam se aproximou, sentando ao lado dele no pequeno balanço, recebendo de Bucky, um sorriso como gesto de cumprimento.

Ele beijou o rosto do mais velho e suspirou acomodando-se, passando o braço envolta dele e apreciando a vista em silêncio. O homem se aconchegou naquele calor, enquanto sorvia pequenos goles do chocolate quente. Imperturbável, num lugar que ele escolheu estar e agora pertência.

Bucky observou o perfil de Sam iluminado pela luz fraca e amarela da varanda, seu sol, em quanto a noite mergulhava todo o resto numa escuridão pacifica e a lua era um pequeno ponto muito distante.

O coração dele queimava com a visão. Ele estava feliz. 

Sam era o fim da linha. A brecha. A resposta para todos os segredos do universo de Bucky.


FIM!


Um pequeno barco e remosWhere stories live. Discover now