Cinco: Proposta indecente

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- Seu sangue será reivindicado, senhorita, mas não nesse momento...- mais um olhar que deveria gelar a minha espinha, mas acende o meu corpo como uma fogueira. - Como sinal da minha boa fé, eu vou te dizer o significado desse símbolo nas suas vítimas: ele pertence ao Millenium, o Conselho que controla todos os bruxos e bruxas do mundo e faz as leis deles. O por que do símbolo de um dos principais partidários da paz entre os sobrenaturais e vocês humanos estar gravado no peito de homens mortos, é um mistério. Eu preciso confirmar algumas suspeitas antes de te dar algo mais concreto, mas posso deixar essa informação para você e a sua equipe queimarem os seus cérebros um pouco.

Eu fico pensativa por alguns segundos. Me surpreende muito que os bruxos tenham um Conselho que funciona como a lei para eles, visto que eu nunca soube que os seres sobrenaturais são comandados dessa forma. Se é assim, a quem Nikolay é subordinado? Por que ele decidiu nos ajudar? Claro, não sem um pagamento, mas Deus sabe que quando um vampiro não quer fazer algo, nada pode comprá-lo.

- Como você sabia sobre mim e o meu parceiro? E por que está nos ajudando?

- Ninguém entra no meu estabelecimento sem que eu saiba. Nada, absolutamente nada, acontece aqui sem o meu conhecimento. Eu soube das mortes daqueles três homens, logo em seguida, duas pessoas que nunca vieram aqui requisitam entrar com, diga-se de passagem, muita urgência. Isso, somado ao fato dos seus amigos policiais ficarem espreitando o meu estabelecimento por mais de uma semana, me indicou as reais intenções de vocês. E, mesmo vestidos a "caráter", você e o seu amigo destoam muito da clientela.

- Destoamos? - eu ri. - Interessante o seu comentário, vindo de alguém que está todo engomadinho no meio de uma boate. Está claro que passar despercebido não é o seu forte.

- O ponto principal é que, diferente de vocês, eu não tenho intenção nenhuma de ocultar a minha presença. - o vampiro passa a mão pelos cabelos perfeitamente alinhados e sorri. - Muito pelo contrário, quero que saibam que eu vejo tudo o que acontece aqui.

- Você é muito arrogante, vampiro. - eu cuspi as palavras, semicerrando os olhos.

- Eu? Arrogante? Isso vindo de uma humana que pensou que um nome falso é o suficiente para me enganar... Meus seguranças só permitiram a entrada de vocês essa noite, porque eu queria ver até onde a arrogância humana pode ir. Acham mesmo que vocês entrariam aqui sem que ninguém percebesse? - o vampiro ri sarcasticamente. - Vocês não são vampiros e muito menos foram marcados por um, então, é fácil reconhecê-los na multidão.

Eu mordo o lábio inferior e meneio a cabeça em negativa, revirando os olhos em pura frustração. E eu achando que haveria alguma vantagem em usar esse vestido esmagando os meus pulmões, penso comigo mesma.

Nikolay parece captar o meu pensamento, pois um lento sorriso se forma em seus lábios.

- Se te serve de consolo, você está absolutamente deslumbrante e muito, muito degustável. - mais um sorriso cheio de luxúria e os olhos do vampiro varrendo a minha pele tão lentamente, que isso deveria ser proibido por lei. - Deus sabe quanto do meu autocontrole eu estou usando.

Ignore esse olhar e a dupla conotação nessas palavras!, eu grito mentalmente para mim.

Céus, isso não deve ser real, não pode ser real. Como ele parece saber exatamente o que eu estou pensando? Será algum tipo de poder esquisito de vampiro? Se sim, quantos dos meus pensamentos ele ouviu?

- Não pense que vai me ganhar na bajulação, vampiro. Por que está nos ajudando?

- Bem, se os meus clientes fossem constantemente assassinados, isso prejudicaria o meu negócio. Meu interesse no seu caso é puramente comercial.

A Pecadora (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora