- Para com isso, Eduardo. Não existe mais nosso casamento, está mais do que na hora de cada um seguir seu caminho ao invés de você ficar preso à uma mulher que não ama e que não pode realizar seu sonho de ser pai. - secou o rosto dele - Não fica assim, você sabe que é muito especial pra mim.

- Eu vou... para o quarto de hóspedes, assim que amanhecer vou até meu apartamento no centro ajeitar as coisas, até o final de semana eu saio daqui. - calçou os chinelos e pegou o livro que lia.

- Com o tempo as coisas se ajeitam, é a melhor decisão que podemos tomar. Só não se afasta de Santiaguinho, sabe quanto ele te ama. - alisou o ombro dele.

- Nunca vou me afastar dele. Santiaguinho é a minha terapia, me ajuda esquecer os problemas de adulto e me leva de volta pra infância. - respirou fundo e então saiu do quarto com calma.

Eduardo entrou no quarto de hospedes ainda digerindo o acontecimento dos últimos cinco minutos. Se não tivesse tomado a iniciativa de perguntar o que estava acontecendo para Fernanda, continuariam naquilo ainda. Mas caramba, terminar um casamento as onze horas da noite não é pra qualquer um. Sentou na cama e de tanto pensar, chegou a conclusão que era realmente melhor que se separassem. Já não tinham conexão alguma, não fazia sentido seguirem com um casamento sem rumo.

...

Dia seguinte...

Santiaguinho acordou, desceu da cama e saiu do quarto com a chupeta na boca, caminhou até o quarto dos tios e viu apenas Fernanda acabando de acordar.

- Oi, meu amor. Bom dia. - pegou ele no colo e sentou-a em suas pernas.

- Hum... cadê meu titio? - procurou na cama pondo as mãozinhas nos ombros da tia.

- Ela tá lá no quarto do fundo.

- Eu quero meu titio. - encostou no corpo dela.

- Vai lá com ele, meu anjo. - ajeitou o cabelinho dele.

Santiaguinho desceu do colo da tia depois de beijar o rosto dela e saiu do quarto indo para o de hóspedes. Eduardo ainda dormia, o pequeno subiu na cama e deitou ao lado dele voltando a dormir colado no corpo dele.

...

Bárbara saiu do banho e colocou uma roupa de frio, chegou perto da cama e cutucou Luna que passou a noite com a madrinha.

- Hora de levantar, vai tomar um banhinho quente pra tomar café. - beijou a bochecha de Lunas várias vezes seguidas.

- Bom dia. - se espreguiçou sorrindo.

- Vai tomar banho...

- Tá bom. - bocejou e sentou abraçando a mulher.

Luna tomou banho então foi tomar café com Bárbara e Matias. Após isso, foi para a escola.

- Luna, Luna, Luna! - uma garota correu até ela na porta do escola.

- Oi? Lucrécia?

- Então, acha que pode me ajudar?

- Depende, do que?

- Minha mãe precisa de uma modelo para divulgar o trabalho dela como fotógrafa, eu vi sua madrinha e ela tem o perfil que minha mãe busca. Acha que ela aceitaria?

- Não sei, Lulu. Eu tenho que falar com a minha madrinha pra ver se ela aceita, então te aviso.

- Obrigada, obrigada, obrigada! - agradeceu abraçando ela.

- De nada. - sorriu do jeito da colega.

...

- Aurora, posso conversar com você? - Eduardo se aproximou dela na mesa do jardim enquanto a jovem mulher fazia um esboço de um vestido.

- Claro.

- É sobre sua mãe. - sentou.

- Minha mãe? Você sabe alguma coisa dela?

- Sim, sei onde ela mora. Eu conversei com ela ontem, quando cheguei você já estava dormindo, não consegui te contar sobre.

- Então me conta agora. Como a encontrou? - se ajeitou curiosa - E como eu posso encontrar ela? Levar meu filho? Ela tá bem?

- Calma, uma coisa de cada vez. - sorriu - Sua mãe está bem, está bonita, sensível, mudada. Ela mora num condomínio no centro, com o tutor dela. Na verdade, a história é bem louca e longa.

- Tenho tempo. - riu.

- A pessoa que tirou sua mãe da cadeia tem 15 anos de idade. Ela gosta de ajudar as pessoas, encontrou a história da sua mãe e se ofereceu para ajudar ela e cuidá-la, essa menina tem muito dinheiro e é órfã, o responsável dela é o mordomo da família, ele que toma conta do dinheiro dela e foi ele também que entrou com os trâmites para tirar Bárbara de lá. Sua mãe é completamente apaixonada pela menina, virou madrinha da garota e tá se esforçando demasiadamente pra se reeinserir na sociedade e não fazer feio depois da chance que a menina presenteou à ela. - assim Eduardo foi contando tudo que ele sabia de Bárbara até então.

- Eu preciso pedir perdão à ela, Eduardo. Por ter sido tão dura, por ter julgado tanto ela, isso não foi certo, minha mãe precisava de mim e... eu virei as costas e como meu filho mesmo disse, só queria saber de mandar cartinha... - balançou a cabeça - Pode me levar até ela?

- Eu sei onde ela vai estar, te levo.

- Obrigada.

...

Horas mais tarde...

Bárbara estacionou o carro e desceu, os pais dos alunos a encaravam na cara dura e algumas mulheres também, a maioria com inveja da beleza dela.

- Bárbara?

- Eu. - se virou - Eduardo... - abriu um sorriso calmo.

- É... tem alguém querendo ver e falar com você... - apontou para o portão onde estava Aurora e Santiaguinho, Bárbara procurou e logo encheu os olhos de lágrimas ao ver seu neto e sua filha juntos.

- Você trouxe eles para mim? - perguntou olhando o homem.

- Contei tudo a Aurora e ela pediu para te ver, queria te apresentar Santiaguinho.

Bárbara passou pelas pessoas, pelas crianças, adolescentes, diminuindo a distância entre eles aos poucos. Santiaguinho não quis esperar ao reconhecer a avó, largou mochila e lancheira no chão, correu em direção aos braços da mais velha.

- VOVÓ! - se jogou em cima dela.

- Meu amor. - o recebeu com todo carinho, com todo calor que poderia existir em seu corpo.

- Vovó, eu te amo. - o pequeno começou a chorar e Bárbara se levantou com ele no colo.

- Eu também te amo, minha vida. Eu te amo muito, meu príncipe. Eu tava louca pra te ver, te abraçar. - o apertou contra seu corpo - Meu menininho.

- Não me larga, vovó. Não me deixa.

- Nunca mais. Me perdoa por ter te machucado antes mesmo de você nascer. - beijou o ombro dele - Me perdoa, por favor...

- Eu te amo...





Reaprendendo a CaminharOnde as histórias ganham vida. Descobre agora