— Preferi me dedicar somente a você.

— Deveria ter cuidado de você também, Matias. Mas eu cresci e agora tem a Rebeca comigo também, então nós vamos arranjar uma namorada pra você.

— O QUE?

— Sim, sim, sim! — Rebeca comemorou junto com Luna.

— Luna, eu acho que...

— Assim que voltamos para o México, vamos fazer de tudo pra você arranjar alguém. Ebaaa! — a menina ria do semblante do homem.

— Por que eu ainda concordo com essas coisas? — ele negou com a cabeça.

— Porque você me ama. — beijou o rosto dele.

...

Aurora abriu a caixa de correio e viu que todas as últimas cartas que havia escrito para sua mãe tinham voltado para ela, sem abrir, completamente intactas. Ela entrou em casa e sentou no sofá encarando os envelopes.

— Mamãe, mamãe! — Santiaguinho entrou correndo e logo seu pai e seu tio Eduardo apareceram atrás dele.

— Oi, meu amor. — pegou-o no colo e sentou ele na perna.

— A vovó respondeu?

— Então... não... E dessa vez, todas as últimas cartas que eu mandei... voltaram, não foram sequer abertas. Mas ela lia todas e respondia todas. Aconteceu alguma coisa e eu vou ligar no presídio para saber.

— Não aconteceu nada, meu amor. Se tivesse acontecido algo, teriam ligado avisando. — Santiago comentou.

— Não vou ficar em paz se eu não ligar lá, Santiago. Isso está estranho. — ajeitou o filho nos braços.

— Você quem sabe...

— Vem tomar banho, seu porquinho. — Aurora saiu com o filho.

— Nãoooo.

— Você tá aprendendo a ser porco com o seu pai. — começou a subir os degraus com ele.

— Aurora! — Santiago se virou na direção da esposa.

— É verdade e você sabe. — a jovem morena sumiu do olhar deles.

— O que pode ter acontecido com Bárbara? — Eduardo encarou o cunhado.

— Eu acho que não aconteceu nada, às vezes Aurora errou algo no endereço, ou Bárbara foi transferida de cela e a carta não chegou nela. Não é nada grave. — sentou-se.

— Vai saber. Bom, eu vou dar uma volta na cidade. — pegou as chaves do carro e saiu.

Eduardo saiu dali direto para o presídio, ao chegar na entrada, caminhou-se até a portaria do mesmo onde estava um policial trabalhando. O oficial se levantou chegou perto da janela da guarita abrindo.

— Em que posso ajudar?

— Eu queria uma informação sobre uma das pessoas desse complexo.

— Pois pode me dizer o nome?

— Rebeca Sanchez Frutos. — ajeitou a postura.

— Um minuto. — voltou para o computador e começou a procurar enquanto Eduardo esperava — Ela não está mais nesse complexo, foi solta há quase três meses.

— Solta? Tem certeza?

— Sim, é o que consta. Entraram com um pedido de soltura por condições psicológicas.

— Como assim?

— Fizeram exames psicológicos com a então detenta e se certificaram de que ela precisava de cuidados nesse quesito, pois levantaram que as faculdades mentais dela estavam péssimas. Recorreram a sentença e ela está respondendo em liberdade sob tutela de outra pessoa e com a condição de que ela faça tratamento com um psiquiatra para poder voltar a conviver em sociedade. — pegou uns papéis nas mãos lendo — Pelo o que está marcado aqui, ela teve três dos melhores advogados do país e uma psiquiatra para ajudá-la a recorrer.

— Sabe quem tem a tutela dela?

— Infelizmente não posso dizer, isso já é uma informação confidencial.

— Ok... — balançou a cabeça compreensivo — Sabe e ou pode me dizer onde posso encontrar ela?

— Única coisa que sabemos é que ela se foi à Miami para passar com alguns médicos dermatologistas e cirurgiões plásticos para ver se conseguiam reverter a situação dela. É o máximo que podia te dizer.

— Obrigado, isso já é o suficiente. — assentiu e saiu voltando para o carro, ao entrar arregalou os olhos ao sentir a ficha cair — Meu Deus, ela foi solta. — deu partida e saiu com o carro totalmente perdido e curioso.

...

— Luna, eu quero mudar meu nome. — a loira falou fazendo cafuné na adolescente enquanto assistiam televisão.

— Assim que voltarmos pra casa, a gente vai no cartório e você muda. — falou sonolenta abraçada ao corpo dela.

— Me acostumei a ser chamada de Bárbara, eu quero que seja meu nome oficial, não me traz lembranças boas, todavia justamente por isso que eu quero voltar a ser chamada assim pra mudar meu histórico. — beijou a cabeça dela.

— Então já vou indo me acostumando a te chamar de Bárbara. Tia Barbie. — sorriu — Passei minha vida toda sem um carinho feminino e alguém que pudesse me aconselhar em certos assuntos que Matias não podia... — segurou a mão da mulher.

— Eu te entendo... Passei por isso e minha filha cresceu longe de mim em uma situação precária. — continuava o carinho — Eu não vou substituir ela por você, claro que não. Amo a minha filha, meu neto e em algum momento vou ter que ir atrás deles e de toda a família Elizalde para pedir perdão. Mas você, Luna, você me adotou, não foi nem o oposto e eu quero cuidar de você e te apoiar em tudo, não quero e não vou te deixar por nada, minha princesa.

— Eu também não vou te deixar, nunca. — se confortou mais ainda nela.

Reaprendendo a CaminharOnde as histórias ganham vida. Descobre agora