Capítulo 15.

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- Prazer em te conhecer também, Evans. - Eles se cumprimentam e eu me aproximo de Arvid, cochichando.

- O quê está fazendo aqui? Achei não acordava cedo. - O olhei e ele sorriu.

- Não sei também, senti vontade de fumar e encontrei vocês aqui conversando, ouvi um pouco e me intrometi. - Arvid com certeza iria se dar bem com Teresa, os dois tinham esse jeito de serem diretos.

- Então.. Vocês dois..? - Teresa nos olha e afirmamos ao mesmo tempo, a mesma sorri com isso.

- Podemos confiar em você sobre isso? - Arvid pergunta e ela afirma.

- Claro, se também posso confiar a vocês o quê eu sou.

- Espere, por que me disse isto? Por que.. Confiou em mim esse segredo? - Questionei-a, sabendo que ela me odiara.

- Sabes que não te suporto, mas.. Você foi meu amigo de infância, e nunca revelou algum segredo meu, sempre confiei em você, mesmo te odiando.

- Eu não.. Sabia disso. - Fiquei sem reação novamente, aquilo era loucura. Bem, o quê ela falou é verdade, mas eu achava que não confiava em mim para nada. Todos esses anos ela.. Ainda me considerava seu amigo.

- Querem ir para um café para conversarmos melhor? - Arvid dá idéia e Teresa afirma. Apenas fui seguindo os dois, que conversavam sobre como Teresa soube que gostava de mulheres.

Eu já estava tendo uma leve ponta de ciúmes, eles não paravam de conversar, meu deus.

- Espera, ainda gosta de garotos então?

- Sim, não parei de gostar entende? Gosto dos dois lados. Fico com os caras mas não teria coragem em chegar na moça que me apaixonei..

- Faça amizade com ela, e vá aprofundando depois disso. Foi assim que.. Aconteceu comigo e com Arvid. - Tomei um gole do meu café.

- Não sei não, ela é tão... - Ela suspira depois, estava claro que estava realmente apaixonada, os olhos de Teresa eram claros, dava para perceber sua pupila dilatar. Quero testar com Arvid isso.

- Arvid. - O chamei e ele me olha, esperando alguma pergunta apenas fico encarando seus olhos, tentando enxergar sua pupila.

- O quê está fazendo? - Fala confuso me vendo tentar olhar parecendo alguém sem óculos.

- Não estou vendo.

- Não está vendo o quê Ronald?

- Suas pupilas. - Ele ri de mim. - O quê foi?

- Meu olhos são escuros, precisa de luz para ver, e por que quer ver minhas pupilas?

- Para ver se dilatam perto de mim. - Ele riu mais ainda. - Qual a graça Arvid?!

- Você ainda acha que não dilatam? - Ele se aproxima do meu ouvido. - Ela sempre dilata quando te vejo ou quando está por perto, por que eu te amo.

Soltei um sorriso bobo e ele riu, se afastando e se indireitando, foi aí que percebemos a cara de nojo de Teresa para nós.

- Vocês são melosos. - Fingiu como se fosse vomitar.

- Cala a boca, você estava assim minutos atrás, estamos de prova. - Falei com um certo deboche e ela mostra a língua.

- Idiota.

- Parecem duas crianças, meu deus. - Arvid comenta rindo.

- Quieto! - Brigamos com ele ao mesmo tempo, e todos acabamos rindo no final.

Ficamos conversando lá naquela cafeteria e nos divertimos bastante, finalmente pude desabafar com alguém sobre mim e Arvid, que alívio...

[...]

- Seu avô me contou que se encontrou com Teresa de manhã cedo, o quê estavam fazendo hein? - Minha mãe fala enquanto eu lia o jornal, fazia algumas horas que eu já havia voltado da obra da praça. Um tempo antes eu havia tomado banho e meu cabelo ainda estava molhado.

- Mãe, não pense coisas assim. - Ela riu. - Apenas tomamos café e conversamos, como sempre.

- Nada mais mesmo? - Jogou uma toalha em meu cabelo, dando uma ordem indireta para enxugar meu cabelo, e foi isso que fiz.

- Encontramos Arvid, eles viraram amigos.

- Sério? Que bom, mas não deixe ele roubá-la de você ouviu? - Brincou comigo e eu soltei um risada baixa. Coitada, não sabe de nada.

- Claro..

[...]

- Então ela disse "Não deixe ele roubá-la de você". - Arvid riu alto junto comigo.

Estávamos na pedra, de madrugada novamente, comendo morangos enquanto conversávamos.

- Mais fácil eu roubar o noivo. - Ele brinca comigo e eu lhe dou um leve empurrão, o quê o faz rir. - Mas então.. Aaah lembrei do que eu iria falar!

- O quê seria? - O olhei e ele sorri.

- Consegui um emprego, perdão por conseguir só agora Ronald.

- Ei, eu disse que daria conta dessa parte sozinho, não precisava trabalhar, meu bem.

- E eu disse que iria arrumar do mesmo jeito, não quero te dar todo o trabalho, não gosto disso. Não pode ser o durão toda hor.. - Coloco um morango em sua boca para parar de falar e Arvid ri, comendo em seguida o morango. - Idiota.

- E onde está trabalhando? - Peguei um morango para mim.

- Ajudando numa colheita, perto daquela árvore onde íamos. Não é tanto dinheiro mas já irá dar para pagar o básico.

- Falando nisso, estava pensando em irmos na cidade vizinha para comprar as coisas, aqui não tem muito do que precisamos...

- Pensei a mesma coisa, podemos ir no fim de semana que vem, posso dizer que quero visitar a outra cidade.

- E eu posso dar a desculpa de comprar um cortina.

- Cortina?

- Sim, estava falando sobre isso com meu avô, para meu quarto.

- Entendi, temos ideias boas, não é? Com certeza me deixarão ir, e podemos até passear juntos por lá.. - Se mete em meus braços e eu faço cafuné em seu cabelo, sorrimos com isso.

- Será ótimo. - Falei e ele dá uma leve puxada em minha camisa e beija um pouco abaixo do meu pescoço. - E aquele seu tio? Ele não voltará por um tempo, não é?

- Sim, ele só veio à trabalho, provavelmente voltará apenas no natal por causa da comemoração em família, mas tomara que até lá nem estaremos aqui. - Ele sorri e fecha os olhos.

- Vai dormir?

- Não, só aproveitar enquanto estou com você. - Bocejou. - Está bem, vou dormir um pouco sim.

Rimos e coloquei meu casaco em minha perna e ajeitei sua cabeça lá, para ficar mais confortável. Continuei sentado olhando para a lua que brilhava distante e refletia naquele lago.

- Boa noite, querido.. - Sussurrei olhando para Arvid, sabendo que ele não responderia pois já havira dormido.

Não sabe o quanto eu te amo, meu garoto.

Continua...

Talvez em Outra VidaWhere stories live. Discover now