Capítulo 16.

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[...]

- Não se perca querido, cuidado por lá ouviu? - Mamãe fala ajeitando minha roupa, como se eu fosse uma criança pequena.

- Tudo bem mãe, eu não vou me perder, já fomos para aquela cidade uma vez, não lembra? - Ela assente e me abraça bem rápido; meu avô ainda estava dormindo então não pude falar com ele.

Era o final de semana que eu e Arvid havíamos marcado de ir àquela cidade para comprar os itens da viagem. Era mais ou menos 9:00 e eu fui andando até o trem, seria o automóvel mais fácil de ir.

Esperei Arvid em frente ao trem, o esperando. Não demorou muito para vê-lo correndo até mim, provavelmente achando que estava atrasado e acabei rindo dele todo desajeitado.

- Não ria! Eu vim correndo desde minha casa. - Ele resmunga respirando fundo várias vezes e eu rio ainda mais, entrando junto com ele depois de pagar a passagem.

- Está bem, Sr. Resmungão. Vamos escolher as cadeiras antes que ocupem.

Pegamos um dos últimos assentos e sentamos, dei uma garrafa de água para ele, estava cansado de correr tudo aquilo.

- Obrigado. - Fala e depois começou a bebê-la.

- Pretende comprar algo além das coisas para a viagem? - Ele afirma, parando de beber a água.

- Alguma coisa para nós dois, algo que seja nosso porém não tão perceptível para os outros. - Me olha com um leve sorriso. - Você quer?

- Claro que quero, mas não compre algo muito caro tudo bem? - Rimos. - Que tal.. Cordões? Ninguém nota muito colares.

- Boa idéia, queria que fossem anéis, mas iriam perceber rápido demais.. - Ele bufa e eu coloco a mão em sua coxa, acariciando, o quê o faz olhar para mim.

- Não tem problema, colares podem ter o mesmo valor que anéis, não me importo com isso, contanto que seja especial para nois dois. - Sorrimos e, como não tinha ninguém por perto pois estávamos nas últimas cadeiras, beijei sua bochecha e Arvid fez o mesmo comigo.

- Eu te amo, sabia? - Sorri com seu comentário.

- Eu também te amo, sabia? - O imitei e ele me deu um empurrão de leve e eu ri.

A maioria da viagem ficamos em silêncio olhando para a janela, apontando para árvores diferentes e estranhas e até casas no meio do nada. Apreciando o céu e coisas do tipo.

Saímos do trem depois de umas duas horas ou uma hora e meia. Começamos a andar por lá, olhando praticamente cada canto da cidade, lojinhas, cafés, floriculturas.

- Ronald! Achei as cabanas. - Me chama entrando rapidamente numa loja e eu apenas o segui, olhando envolta.

- Temos vários tipos para os senhores. Para duas pessoas eu recomendo esta aqui, o preço é bom. - A atendente fala sorridente como toda atendente faz para conseguir vender um produto.

- Parece pequena para nós dois.. - Pensei em voz alta.

- Então vamos escolher a de três, pode ser um pouco maior. - A atendente falou as mesmas coisas, demos uma olhada e resolvemos comprar essa.

- Uhu! Já conseguimos a primeira coisa! - Arvid comemora e eu rio de seu exagero.

- Minha preocupação é onde iremos deixar tudo que comprarmos, não posso voltar com tudo isso para casa, e se minha mãe suspeitar? - Falei pensando demais nisso.

- Ei, relaxe, eu soube de uns cofres, armários, não sei ao certo o nome, que podemos deixar qualquer coisa lá e pagamos uma taxa para manter tudo no local.

- Isso é uma boa, podemos fazer isto.

- Mas teremos que vir aqui todo mês, você sabe, para pagar.

- Isso não seria problema, eu acho. E ainda passaríamos mais um tempo juntos. - Sorrio, quando percebi ele já estava me chamando novamente em outra loja. - Meu deus ele é muito rápido.

Fui atrás dele rapidinho, uma loja de curtinas.

- Por que cortinas Arvid?

- Você não disse que estava precisando? Compraremos logo aqui.

- Quê? Não, não é uma coisa tão importante, vamos focar nas coisas da... - Ele me interrompe, me puxando para ver uma cortina marrom.

- Olha, é parecida com a minha, que cor você quer? - Ele ignora totalmente o quê eu falara e reviro os olhos.

- Arvid, vamos focar em.. - Me interrompe novamente, eu não tenho moral aqui?

- Sem essa, se está precisando compre agora, e se falar para focarmos de novo nas coisas da viagem eu juro que te dou um soco. - Ele me encara e eu suspiro, vendo que Arvid sempre teve esse jeito insistente.

- Tá, tudo bem, eu compro a droga da cortina. - Bufei e ele sorriu, chamando o homem que trabalhara no local.

- Azul marinho, pode ser? Combina com seu quarto. - Apenas assenti olhando envolta novamente. Não deu 5 minutos e Arvid aparece com o item embalado.

- Espere, você pagou? Não precisava Arvid, eu tinha dinheiro. - Tentei brigar com ele mas não iria me ouvir.

- É apenas dinheiro Ronald, não se estresse com isso, está bem? - Saímos da loja, andando pelas ruas da cidade novamente.

- Quer comer alguma coisa? - Falei depois de uns 10 minutos andando procurando algo mais.

- Sim, estou morrendo de fome. - Ele suspira fazendo um certo drama e eu acabo rindo.

- Que idiota, vamos logo. - Apontei para um restaurante e almoçamos no local. Pedimos comidas diferentes do normal, nem sabíamos os nomes dos pratos, apenas apontamos para qualquer um e a garçonete anotou.

O restaurante era bem rústico, decorado com flores brancas dentro e fora e uma placa com o nome grande acima da porta.

- Eu nem sei o quê é isso, mas com certeza é perfeito. - Arvid fala dando a primeira colherada em sua comida.

- Você teve sorte, não estou com coragem de experimentar o meu. - Rimos, ele insistiu para eu comer e foi isso que fiz. Estava bom, mas o dele realmente era melhor.

[...]

- Já pensou em se casar? - Arvid me pergunta, ascendendo um de seus cigarros.

Compramos o quê seria necessário e ainda uma cortina para mim, agora estávamos em um muro velho onde não passara ninguém, esperando o pôr-do-sol.

- Não, meu plano era viver sozinho, viajar o mundo, sair da cidade o mais rápido possível.

- Você odeia tanto lá? - Dá-me uma olhada rápida e volta a fumar.

- Sim, lá é.. Limitado, e eu não quero ter limites. - O quê eu falo o faz rir, e eu o olho confuso.

- Eu já devo ter dito isto a você, mas vale a pena falar sempre. Você é incrível. - Sorri e então nos encaramos, ele pôs sua mão encima da minha.

- Eu te amo tanto. - Soltei como se fosse automático e vi as bochechas do garoto ficarem rosadas, demos um pequeno beijo, sorrimos e olhamos novamente para frente, vendo que estava começando o pôr-do-sol.

- Devemos ir? Ou quer ficar mais um pouco? - Continua com a mão encima da minha enquanto me olha.

- Só mais um pouco, hum? - Sorrimos e Arvid concorda, apaga o cigarro e volta sua atenção para mim.

Continua...

Talvez em Outra VidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora