01 ➵ Quando os dois lados se cruzam.

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As patas o forçaram a parar ao tropeçar em uma pedra. Seu corpo caiu de bruços, deslizando a barriga pela grama, sujando os pelos branquinhos e machucando a parte de baixo de suas patas; que arderam com o contato rígido da pele sensível com as pedrinhas pontudas.

Resmungando, desfez a transformação completa e sentou ali mesmo, não se incomodando com as roupas encardidas e rasgadas pelo atrito. Olhou em volta, respirando ofegante, à procura de qualquer mínimo sinal de ameaça. O espaço plano que estava era aberto, sem rochas e plantas coloridas, no chão haviam somente as folhas caídas das árvores esquisitas, cujo feixes de luzes escapavam por cima delas, iluminando-o e destacando os fios ruivos, completamente bagunçados.

E parecia estar só até notar um esquilo em uma das árvores.

ㅡ O que foi, perdeu algo aqui?! ㅡ Exclamou com violência ao sentir um arrepio percorrer sua pele branquinha, pela forma medonha que o esquilo o encarava. Um silêncio instalou na floresta, sendo possível escutar somente o som da respiração ofegante. ㅡ Yah! ㅡ O bolo que prendia em sua garganta escapou sem permissão. ㅡ Pare com isso... De me olhar assim... ㅡ Sua imagem foi borrada pelas lágrimas vencidas.

Puxou os joelhos de forma protetora contra o peito e apoiou a testa neles, esquecendo-se do esquilo julgador, do tempo em que ficou sentindo e questionando as emoções dolorosas que preenchiam seu peito de maneira cujo se via incapaz de querer entender e compreender. Queria afogá-las com seu silêncio e insignificância, para que pudessem deixá-lo em paz. Pois, se não lhe desse a atenção que imploravam para ter, não havia de ter de lidar com elas.

No entanto, traiçoeiramente Jimin pegava-se no flagra ao esgueirar-se pelo corredor de memórias, tentando rever os momentos por um brechinha imperceptível. E por assim, matar a curiosidade de si mesmo, de modo que passasse despercebido. Mas, neste jogo de pique-esconde, Jimin sempre saia derrotado, sentindo-se um tolo por cogitar conseguir enganá-la.

No escurecer, seu corpo parecia ter criado raízes no solo. Sentia-se minúsculo, quase desaparecendo nas sombras projetadas pelas árvores, mesclando-se ao lugar.

Ergueu a cabeça ao sentir algo roçando em seu braço, era o esquilo segurando uma noz. Passou as costas das mãos no rosto, tentando inutilmente fingir que não transbordava um oceano inteiro pelos olhos âmbar. E eles, mesmo inchados, esforçavam-se para focar novamente nas cores, sem ser o familiar preto avermelhado. Sentia-se melhor, apesar de ainda estar chorando.

Era por isso que negava-se em entregar a chave reserva aos sentimentos, neles ausentavam autocontrole. Eram os anfitriões odiados por todos, os responsáveis pelo desconforto instalado no ambiente, a inconveniência exclamada em uma frase, uma criança birrenta que clamava pelos olhos alheios; pior ainda, por uma recepção e compreensão deles.

ㅡ Você está dando ela para mim? ㅡ Encarou o mamífero. ㅡ Não vai me morder se eu tentar pegá-la? ㅡ Cerrou os olhos, desconfiado. Era idiota, mas o vendo parado como se esperasse que ele realmente pegasse a noz, fez Jimin agir conforme a inocência de sua idade e levar a mão à fruta, só para ser mordido pelo esquilo; que voltou a subir na árvore. ㅡ SEU MENTIROSO! ㅡ Apertou o dedo mordido. ㅡ TOMARA QUE CAIA DESSA ÁRVORE, SEU MALDITO! ㅡ Desejou com força. ㅡ TOMARA QUE SE ENGASGUE COM A SUA NOZ ESTÚPIDA. NÃO, TOMARA QUE ROUBEM TODAS AS SUAS NOZES E VOCÊ MORRA DE FOME! ㅡ Expressou diversos xingamentos ao pobre bichinho.

Entre o espaço de dois troncos grossos e enormes, atrás da raposa, a cena era encarada por uma expressão confusa e humorada. Os velhos azuis celestes voltavam-se entre a figura de um rapaz alterado e, ao mamífero que parecia bem inocente com a sua noz. Os azuis hipnotizaram-se pela forma que a cor viva dos cabelos ruivos movimentavam-se com o soprar dos ventos, em uma dança preguiçosa. Embora, ela fosse quebrada em seguida: o rapaz voltara a lamentar em silêncio.

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⏰ Last updated: May 31 ⏰

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Até o Para Sempre Desmoronar │JIKOOK.Where stories live. Discover now