Q U A T O R Z E

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Donghyuck ainda ouvia os gritos descontrolados de sua mãe, mas também podia ouvir a voz de seu pai vindo de trás da porta. Era notável a vontade que ele tinha de tirar a mulher dali. Agora o garoto entendia mais do que bem; sua mãe o odiava, não havia dúvida disso.

Ouvir o quão cruel ela podia ser, a inconsciência no momento de lançar palavras duras que o atingiam sem piedade, ferindo-o, mostrou-lhe que tipo de pessoa o havia criado. Sua mãe, a mulher que havia lhe dado a vida, e que agora estava fora de seu quarto declarando e afirmando que ele estava doente.

Doeu. E muito. Era uma dor indescritível. Ele podia conviver com a rejeição de alguns fora de casa, na sociedade sempre haverá pessoas com uma mentalidade tão quadrada que só se limitam a criticar você ao invés de buscar a própria felicidade em outras coisas. Na rua, Donghyuck aguentava; ele fingia não ouvir cada um daqueles comentários discriminatórios.

Não o afetava, ele poderia continuar sua vida sabendo que aquelas pessoas, talvez, estivessem com ciúmes. Ele nunca mais as veria, de qualquer jeito.

Mas, neste caso, era sua mãe. Você nunca vai saber o que é uma verdadeira dor até sua mãe o tratar dessa maneira; como se estivesse doente, como se tivesse uma "condição" anormal, chamando-o de nomes horríveis para ofendê-lo a ponto de fazê-lo chorar, a ponto de dizer "ele não é meu filho".

Mesmo que Donghyuck fosse uma pessoa que costumava ignorar os pensamentos e opiniões alheias, chegando até a ser um pouco arrogante às vezes, a rejeição materna era uma que nem a sua atitude dura conseguia lidar. Ele acreditava que poderia suportar quando esse dia chegasse, mas imaginar não era o mesmo que viver, tudo na carne era mais pesado.

Ela o odiava, o odiava apenas por ele não querer estar com alguém que nunca lhe faria feliz. Mark o fazia feliz, além de que o fazia pensar fora da merda que ele vivia; pressão familiar, medo de ser descoberto, ter que fazer coisas que não quer, ser obrigado a viver dentro de um limite para que os outros não falem demais, ter que seguir os planos de vida que a mãe fez por ele.

Queria parar de ouvir e testemunhar o rancor de sua mãe. Queria sair e dizer a ela que ele orgulhosamente aceitava ser gay, que ele tinha o melhor dos relacionamentos com um garoto maravilhoso que deu a ele tudo o que ela nunca deu: amor e compreensão, apoio, Mark era quase um pilar no seu dia a dia.

Parecia tão simples em sua mente, mas ao mesmo tempo tão complicado. Ele ainda chorava nos braços de Mark pedindo para ele parar, ele se sentia o pior ser humano da face da terra, sua mãe o fazia acreditar nisso.

— Ela já foi? — murmurou Donghyuck ao ouvir os passos se afastando, os gritos continuaram, mas agora eram ouvidos de longe — Mark — chamou-o quando não recebeu uma resposta e se mexeu levantando o rosto para vê-lo.

Mark continuava quieto, olhando fixamente para a frente sem falar nada; estava em transe. A voz de Donghyuck o fez olhar para baixo, e ele sorriu levemente antes de acariciar a pele de sua bochecha encharcada. Mark continuou ouvindo a mãe de Donghyuck, a discussão ainda era ativa entre seus pais, mas na sala de estar.

O canadense pegou nas mãos do namorado que ainda estava com os olhos assustados, brilhando. Juntou-as para beijá-las antes de soltá-las e abraçá-lo de forma protetora, com dor.

— Ninguém vai te machucar enquanto eu estiver aqui, Donghyuck — Mark o manteve nos braços, dando-lhe seu calor.

— Eu tenho que falar com ela — disse fungando, encharcando a camisa fina de Mark — Tenho que explicar pra ela, tenho que contar tudo.

— Agora não, eu sei que você tem que falar com ela, mas neste momento ela tá intratável — o canadense negou, passando os dedos nos cabelos ruivos de Donghyuck.

Mom, I'm gay too『Tradução pt/br』 | MarkhyuckOnde as histórias ganham vida. Descobre agora