Não posso estar desejando isso...

Jamais desejaria algo assim... Jamais.

Estou prestes a me entregar ao ato mais idiota que já cometi na minha vida, o que me conforta é que poderei culpar o álcool por essa atitude estúpida amanhã...

E com certeza é o álcool.

É ele que está causando essas alucinações no lugar mais racional da minha mente, fazendo-a acreditar, que acha esse idiota estupidamente atraente.

Como os pilotos aéreos comunicam a sua tripulação um possível desastre?

Porque estou prestes a explodir agora.

─ Seu filho da puta desgraçado, eu vou matar você... – A voz de Andrew ressoa por todo o corredor e sinto o corpo de Nate ser lançado bruscamente no chão, de repente a parte sã do meu cérebro parece funcionar novamente. – O que é que você fez com ela?

Nate o encara perplexo, e solta um sorriso, mas seus olhos não conseguem ocultar a fúria que toma conta do seu interior.

Ele lança um olhar na minha direção, como se esperasse que eu explicasse o que acabara de acontecer, mas recebe meu silêncio como resposta.

Em contrapartida, lhe devolvo um olhar que implora para que ele não revide. Que ele não faça nada.

Mas é o Nate, não é mesmo?

O cara problemático e irresponsável que não recusa uma boa briga, mesmo que isso lhe cause mais alguns problemas.

O cara que faz qualquer coisa por míseros segundos de atenção...

─ Você só pode estar maluco, seu maldito desgraçado. – Nate segura Andrew pelo colarinho da camisa, e o empurra forte contra a parede. – Perdeu mesmo a noção do perigo, seu filho da puta?

Suas palavras saem com tamanha rispidez e raiva que chego a me assustar, ele cerra o punho e o ergue aproximando-o do rosto de Andrew.

─ Eu perdi a noção do perigo? – Andrew se desvencilha rapidamente, empurrando Nate que cambaleia, perdendo o equilíbrio novamente. – Quem você pensa que é para coagir a Ollie assim?

─ Coagir? – Nate ri com deboche e coça a cabeça. – Quer pagar de amigo preocupado agora, Andrew? – Ele esbraveja e todos no andar de baixo começam a reparar na confusão. – Onde você estava quando a sua amiga, completamente bêbada, passou mal no meu quarto?

Andrew abre a boca, mas recua. Ele me olha com preocupação e eu desvio o olhar.

Odeio quando ele me olha assim, como se eu precisasse de proteção.

Penso em revidar as palavras de Nate, mas por mais que me cause repulsa admitir, não posso ser ingrata a ponto de ignorar o fato de que ele poderia me deixar passando mal sozinha, mas por algum motivo extraordinário ele preferiu cuidar de mim.

E até me impressiona o fato de que ele saiba fazer o mínimo.

─ Perdeu a voz, Wilson? – Nate volta a provocar quando percebe a expressão surpresa e envergonhada no rosto de Andrew. Ele o empurra novamente e dessa vez é o corpo de Andrew que vai ao chão.

Nate se apoia sobre o corpo de Andrew e eu sinto que ele está a ponto de enchê-lo de socos. Eu preciso intervir, mas o nervosismo não deixa as minhas pernas saírem do lugar.

Nesse momento, Logan, melhor amigo de Nate se aproxima da confusão para proteger o amigo, ou evitar que ele se meta em encrencas.

Ele provavelmente nem sabe o que aconteceu, nem quem está com a razão, mas sua primeira iniciativa é proteger o seu amigo.

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