🔱 2 ◖ Primeiro Cio ◗ 🔱

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O tempo é o senhor detentor das mudanças, sejam elas positivas ou negativas, ele sempre se encarregará de lhe trazer a sua. E sendo guiado pelo tempo, as estações mudaram, fazendo assim o ciclo dos anos passar. 

A floresta a cada passar de ano ficava mais densa, assim como ao lado o Reino Persóis crescia e enriquecia, novas alianças foram formadas com o noivado do príncipe herdeiro do trono, com isso o vilarejo se expandia e o povo passava por uma fase de abundância. No entanto, as tradições se mantinham firmes mesmo que para muitos parecessem arcaicas. 

O príncipe havia completado seus dezesseis anos e o Reino estava ansioso se preparando para a celebração do primeiro cio do príncipe Jeon, que segundo os anciões, dado o alinhamento das estrelas no dia de seu nascimento, se daria dali a alguns dias junto a primeira lua cheia do mês. 

Os ômegas mais belos recebiam convites para passar esse período com o jovem príncipe, era a oportunidade de famílias humildes oferecerem seus filhos, mesmo que soubessem que após o heat, os mesmos nada mais recebiam do que algumas meras moedas de ouro pelo serviço prestado.

Não que os membros nobres da corte não desejassem fazer o mesmo com seus filhos, mas sabiam que isso poderia acarretar perdas de casamentos futuros, visto que se deitar com o filho do Rei não garantia união com o mesmo. 

O príncipe alheio a tal absurda tradição dedicava seus dias aos treinos com o capitão da Guarda, estes tão mais esperados do que seus outros estudos à cerca do Reino. 

Enquanto na floresta, o jovem ômega aos treze anos se dedicava com afinco ao aprendizado que sua mãe lhe passava, estudando as várias espécies de plantas e ervas, raízes e flores, suas propriedades medicinais e afins, dedicava-se ainda mais quando a beta se sentava e lhe ensinava a ler alguns dos livros que tinha, visto que para a mais velha e educação de seu filhote era essencial, ainda que o mesmo nunca viesse deixar aquela floresta.

Jimin havia crescido, seus cabelos dourados eram mantidos curtos,(desde que por acidente em um passado não tão longínquo), o garoto havia conseguido atear fogo nos fios longos enquanto acendia a lareira. Os olhos dourados e afiados nada deixavam passar, a curiosidade sempre o metia em certas enrascadas, no entanto, foi através delas que o garoto havia trazido para casa mais dois moradores, para o desespero de sua mãe, seus fiéis seguidores nas traquinagens diárias. 

Alheios a todas as forças que giravam em torno deles, os jovens seguiram suas vidas, os dias passaram e logo a lua cheia despontava no céu estrelado, quando ela atingiu seu esplendor, lançando sua luminosidade sobre Persóis, os feromônios do príncipe espalharam-se pelo Castelo informando ao povo que o heat do príncipe, enfim, havia chegado.

Um ômega, escolhido pelo Rei, fora enviado ao quarto do príncipe para ajudar a saciar seus instintos, não antes de tomar todas as precauções para que nenhuma gravidez resultasse passado esse momento, e só então as comemorações se iniciaram e durariam durante os quatro dias que seguiram. 

Curiosamente na floresta, o jovem ômega também entrava em seu cio (junto com o príncipe) surpreendendo Park Boyong,que sendo pega de surpresa, apressou-se em buscar suas ervas e fazer seus chás para amenizar os desconfortos causados pelo cio, assim como lhe provendo banhos. Sabia que não seria o suficiente, porém, era o que podia fazer pelo filho, marcou a lua para se certificar de estar preparada na próxima vez. 

E enquanto um sofria com as dores o outro libertava seus instintos pela primeira vez, mesmo que os olfatos apurados dos lúpus sentissem o cheiro um do outro mesmo que a distância, o príncipe se contentou com aquele que estava em sua cama saciando seus desejos sexuais naquele momento, ainda que seu lobo estivesse ansiando por encontrar o detentor daquela fragrância que lhe deixava ainda mais descontrolado, o ômega pela primeira vez criava seu ninho como se aguardando alguém que nem mesmo ele saberia quem era. 

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Os dias passaram, e ao fim do quinto dia Jungkook despertava sentindo o corpo um tanto quanto dolorido passou a mão pelo rosto e olhou em volta deixando seus olhos pousarem na figura que estava adormecida a seu lado. 

Assustado, sentou-se na cama com os olhos esbugalhados, vendo o corpo jovem se remexendo e prendeu a respiração ao vê-la sentar-se e então timidamente levantar seu rosto. 

— Perdoe-me vossa Alteza, eu deveria ter deixado o quarto antes que o senhor acordasse. — disse abaixando a cabeça. 

— O que fazes aqui? Quem te deixou entrar em meus aposentos? 
A ômega nada disse, apenas saiu da cama e buscou por suas roupas que estavam espalhadas pelo quarto. Jungkook desviou o olhar do corpo nu. 

— Vossa Majestade me enviou aqui vossa Alteza, são os costumes do Reino, julguei que o senhor soubesse. Agora se me der licença. 

Após estar devidamente vestida, se curvou e deixou o quarto, embora na frente do príncipe tivesse demonstrado fragilidade, por dentro a ômega estava se sentindo eufórica, além da recompensa que lhe esperava fora a primeira a deitar-se com o alfa, certamente que viriam lhe perguntar como havia sido a noite dos dois, e ela embora sentisse o corpo dolorido tinha que confessar, se o príncipe voltasse a lhe procurar o atenderia com todo grado, podia até se imaginar com sua concubina no futuro, tal pensamento lhe trouxe um sorriso bobo. 

Já Jungkook tinha os braços sobre os joelhos, não acreditava haver passado seu primeiro heat com uma desconhecida e ao menos sabia seu nome ou lembrava de algo, e ainda que seu pai ainda mantinha tais tradições e havia planejado tudo escondido de si. 

Jogou as cobertas para o lado e encaminhou se para a sala de banho, vendo a tina cheia e dois servos lhe esperando para dar lhe seu banho.
Deixou seu corpo ser lavado enquanto ouvia movimentos em seu quarto e logo o crepitar da madeira na lareira, provavelmente os servos já estavam cuidando da arrumação. Estranhou esse fato, pois geralmente quando acordava o quarto já estava organizado, a lareira acesa, ficando assim apenas sua cama para arrumar após ser acordado. 

No entanto, resolveu não pensar no assunto, visto que seus pensamentos foram atraídos para a lembrança de um certo cheiro que havia sentido durante seu heat, e que notou não ser o mesmo da (ômega) que estava consigo. 

Deixou a tina e logo sentiu tecidos passando por seu corpo o secando e então seguiu para o quarto que já se encontrava devidamente arrumado e onde dois valetes esperavam para lhe vestir. 

Devidamente apresentável, deixou seus aposentos e seguiu para o salão onde sua família fazia o desjejum. 
Quando as portas se abriram, foi saudado por seu pai com um sorriso orgulhoso. 

— E então meu filho, como se sentes? Àquela ômega fez o trabalho direito?
— o Rei questionou assim que tomou seu lugar na mesa. 

Pelo canto do olho pode ver o desconforto de sua mãe, assim como de seus irmãos. 

— Como posso saber se não tenho nenhuma lembrança? Depois, pensei ter deixado claro que gostaria de ter passado meu heat dopado, meu pai. 

— Ora, não sejas tolo, és um alfa! Um alfa lúpus ainda por cima, certamente que eu não lhe deixaria perder um dos maiores prazeres que nos é de direito, e depois pense nisso como seu rito de passagem para a vida adulta, meu filho. Agora podeis cumprir com seus deveres para com o Reino. 

O lúpus viu o rei sorrir e erguer a taça como se fosse brindar, algo naquele sorriso o deixou desconfortável, porém, repetiu o gesto. 

— Claro, meu pai. — concordou. — minha lealdade sempre será para com nosso Reino. 

O sorriso do Rei ficou maior, porém, nenhuma palavra deixou sua boca e em silêncio, o príncipe voltou a atenção para a refeição que tinha em sua frente. 

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