A casa estava vazia. O silêncio deixava o ambiente pacífico e o escuro do quarto, iluminado brandamente pela luz da lua atravessando a janela me fazia querer dormir. Coloquei Molly na cama e olhei para Casey, que tirava a jaqueta.
- Muito obrigada. Lamento que não aproveitamos a festa, a coisa parecia estar ficando divertida lá.
- Ainda podemos fazer algo. Posso te convidar para assistir um filme na sua própria casa?
Casey soltou uma risada agradável e afastou alguns cachos dos ombros.
- Vou preparar sanduíches.
- Sem ketchup, por favor.
Casey desceu e eu olhei para Molly deitada na cama, completamente inerte, longe daqui. Tirei os saltos de seus pés, puxei o edredom e a cobri, em seguida desci para procurar Casey e oferecer ajuda. A encontrei atrás do balcão da cozinha americana, cortando tomates.
- Aceita ajuda?
Casey olhou para trás e sorriu fraco.
- É sempre bom. Pode espremer laranjas para um suco?
- Claro. Eu não sei fazer muitas coisas na cozinha, mas ainda sei espremer laranjas - sorri.
Casey me indicou onde ficavam as coisas e peguei o que precisava. Enquanto me ocupava, senti meu celular cobrar diversas vezes no bolso, mas ignorei. Casey e eu nos sentamos no sofá da sala, ela cruzou as pernas e ligou a televisão. No escuro, seus olhos pareciam azuis, mas à luz do dia, eram tão cristalinos quanto uma safira verde. Ela era bonita. O cabelo azeviche, a pele, as sardas. Ela era muito bonita.
- O que foi? - Casey perguntou, com um meio sorriso nos lábios. - Por que está me olhando assim?
- Porque você é bonita.
- Acho que já vi essa conversa em algum lugar.
- Ok, você me pegou, eu não sou bom com isso, sempre uso frases feitas.
- Também gosta de olhar para pessoas bonitas?
- Gosto - disse, sem tirar os olhos dela.
- Olha, Matthew... Eu sei aonde isso vai dar.
- Isso? Isso o que, Cass? - virei meu corpo para ela.
- Isso, Matthew. Flertes sempre acabam com alguém magoado, e não quero que seja eu.
- Ok... - soltei um riso, sentindo meu rosto queimar.
- Bom... você me chamou para assistir um filme na minha própria casa. O que vamos ver? - Casey deu uma mordida em seu sanduíche.
Eu sorri fraco. Coloquei "O Conde de Monte Cristo" quando Casey me disse que nunca tinha visto, ela elogiou e prometeu ler o livro. A ajudei com a louça, conversamos um pouco sobre Molly e quando me dei conta, já passava das duas da manhã. Havia muito tempo que eu não vivia um momento tão agradável, principalmente desde o divórcio dos meus pais.
Ficar algumas horas na companhia de Casey me fez pensar que se eu não a visse mais depois de hoje, ficaria chateado. Queria vê-la de novo porque queria sentir a boa sensação que senti ao estar com ela mais vezes. Parecia que a dor que até então me afligia havia dado uma pausa, e acho que aquilo deveria ser mais normal do que imaginava, porque não tinha como alguém viver em tormento para sempre. "A vida é uma tempestade. Um dia você está tomando sol e no dia seguinte o mar te lança contra as rochas. O que faz de você um homem é o que você faz quando a tempestade vem". Li essa frase no livro de Alexandre Dumas e comecei a acreditar fortemente nisso depois de passar por muitas tempestades.
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O Melhor de Nós
RomanceO coração de Casey é tão frio quanto a pista em que patina. Duro como ferro e impenetrável como uma pedra. Ou pelo menos é o que ela diz e deixa transparecer, depois da morte da irmã. Dividindo o tempo entre a faculdade e os treinos, lidando com con...
CAPÍTULO 6
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