CAPÍTULO 3

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"(...) Ele está de volta, mas para seu último jogo! Na posição de capitão dos Red Buffalos e central, Matthew Mackenzie se prepara para o último tempo. Será que ele vai trazer a vitória ao time e fechar com chave de ouro a saída do hóquei?"

Haviam anos que eu jogava hóquei. O nervosismo antes de uma partida era normal, e por mais que eu fosse confiante e ficasse tranquilo, daquela vez parecia que ia vomitar meu coração. Eu estava rodeado de pessoas, o que era o meu normal, mas não entendia o que estava acontecendo comigo. Não conseguia olhá-las nos olhos, em especial as que admiravam o que eu fazia e estavam ali para me prestigiar. Sentia calor, apesar de estar um pouco frio, e minha respiração começava a perder o ritmo certo. Talvez fosse o medo de decepcionar todas aquelas pessoas que depositavam sua confiança em mim. Uma vida cheia por fora, mas vazia por dentro. Talvez aquela fosse minha maneira de descobrir como preenchê-la.

Tietes histéricas gritavam na parte inferior da arquibancada, mas eu só conseguia prestar atenção em Nancy. Ela veio de Calgary só para me ver jogar e seria péssimo se eu a decepcionasse assim.

O Red Buffalos era tudo para mim. Sempre seria uma parte especial da minha vida. Eu amava hóquei. Amava correr pela pista, comemorar uma vitória e aprender com uma derrota, mas naquele momento, achava necessário abdicar daquilo e seguir com uma outra paixão, maior que qualquer plateia ou painel de pontos: salvar vidas.
Quando comecei o ensino médio, vi no hóquei uma chance de afastar-me dos problemas de casa e me distrair com um esporte que realmente me atraía, algo que consumiria minha atenção depois dos livros.

Cursar medicina sempre foi um dos meus sonhos, poder ajudar as pessoas, curar, salvar vidas. Por mais que eu amasse jogar, não havia dificuldade nenhuma em me afastar dos holofotes por um tempo. Aquele hiatus não significava uma pausa definitiva, mas seria essencial para mim. Durante muito tempo fiz o que meus pais queriam, isso até eles se separarem. Na verdade, acho que suas vontades em comum para os filhos eram a única coisa que os uniam, e que os uniu durante vinte e dois anos.

Estávamos no meio do segundo tempo. Jogávamos contra os White Kings, um time da Universidade Kentchucky, em Toronto. Eles empataram no início da rodada e agora só restavam menos de dez minutos para que eu marcasse um ponto e ganhássemos. Corri pela pista e passei o disco para Graham, que desviou de dois Kings e repassou a peça para mim. Rapidamente, passei entre os rapazes de uniforme branco e marquei o ponto que nos faltava para a vitória.

"Esse é o Matthew Mackenzie que nós conhecemos!"

Fechei os olhos e removi o capacete com um sorriso satisfeito no rosto. Recebi alguns abraços, agradeci a algumas pessoas e retirei meu time de campo. Segui pelo corredor que dava no vestiário, mas parei antes que pudesse tirar o uniforme e virei para trás, sorrindo para Atlas, que me observava de braços cruzados enquanto encostava em um dos armários.

O Melhor de NósWhere stories live. Discover now