A proposta de casamento

28 6 6
                                    

Já era tarde, o sol estava mais para radiante do que escaldante, e enquanto o vento refrescava o ambiente, a festa em comemoração ao noivado de Jonathan e Jasmine estava acontecendo. O ambiente estava decorado com arranjos de jasmins brancos, que após desabrocharem perfumaram o local todo, a tenda estava enfeitada com os mais delicados tecidos brancos e azuis escuros.

Toda a organização da festa havia sido feita por Jasmine. Jonathan fez sua pouca participação apenas na escolha do buffet, mas aquilo não parecia importar tanto, já que todos diziam que o casamento era o "dia mais feliz da vida da noiva", mas e o noivo? Esse também não deveria ser o dia mais feliz da vida dele? Jasmine sempre se perguntou isso. Naquela ocasião, no entanto, nem a noiva e nem o noivo estavam felizes.

Jasmine pensava, com a cabeça apoiada na mão, que existiam coisas mais felizes e importantes do que casamento, enquanto Jonathan estava sentado na frente dela, com o olhar tão entediado quanto. Logo numa festa que era para eles, eles eram os únicos que não estavam se divertindo. Seus pais conversavam alto com outros membros da elite, enquanto seus familiares ficavam nos comes e bebes.

Jasmine já havia previsto aquilo de qualquer forma, já que odiava as festanças de noivado, que comemoravam tudo, menos a felicidade dos noivos. Para aliviar o tédio, ela começou a puxar o lencinho do grande laço azul que decorava seu peito. Ela pensou no quanto era desnecessário usar um vestido volumoso daqueles num dia de sol intenso, que fazia parecer que o espartilho a sufocaria uma hora ou outra.

Jonathan apenas brincava com a colher de sua xícara de chá, misturando o que sobrou de um chá de hortelã. Ele também estava incomodado com o fato de ter que usar tantas camadas em sua roupa, já que tudo o que conseguia sentir além do calor, era o suor brotando por toda a parte e grudando a camisa de linho nos braços e costas. Porém algo mais estava o incomodando, o fato de que ele não conseguia parar de pensar em Erina desde o começo da festa.

Ele se sentia sórdido por estar pensando em sua antiga namorada enquanto "comemorava" o noivado com sua futura esposa. Ele tentava de todo o jeito reprimir aqueles pensamentos porém quanto mais ele tentava, mais eles voltavam, cada vez mais fortes. Por conta disso, ele decidiu não encarar Jasmine, já que sentia que podia desonrá-la só com o que estava pensando.

Eles continuaram resistindo ao calor e a monotonia naquela mesa, até que alguém se aproximou deles.

-está festa é para vocês, mas vocês não estão festejando. - Dio falou, porém se referindo mais a Jasmine do que a Jonathan.

-isso é irônico. - Jasmine disse, abrindo um sorriso genuíno.

-não se preocupe com a gente, Dio. Pode voltar para a festa. - Jonathan proferiu bondosamente.

Dio suspirou, em seguida abrindo um sorriso mas sem olhar para seu irmão, continuando com os olhos fixos em Jasmine.

-Jasmine, você não quer caminhar comigo pelos jardins enquanto eles ainda estão conversando?

-é melhor não, Dio. Agradeço mas é melhor eu ficar aqui. - ela respondeu, parando de puxar o laço.

-tem certeza? Eles não vão parar tão cedo.

Dio encarou a multidão de pessoas falantes e risonhas, fazendo Jasmine olhar também, e perceber que ele estava certo, já que seu pai, melhor do que ninguém, sabia como manter uma boa conversa.

-tudo bem, acho que eu preciso me movimentar. Está tudo bem para você, Jojo? - ela perguntou, já se levantando da cadeira.

-é, Jojo, está tudo bem se eu levá-la comigo? - Dio perguntou também, olhando para o irmão pela primeira vez.

-ah...claro. - Jonathan respondeu. - está tudo bem, vocês podem...

-muito obrigado, Jojo, cuidarei bem dela. - ele disse, tocando o ombro de Jasmine.

Se afastando da festa, os dois caminharam lado a lado pelos jardins de roseiras, Jasmine se refrescava com a brisa de verão que bailava com seus cabelos azuis, enquanto Dio a encarava, ou melhor, a deslumbrava com os olhos sempre atentos aos detalhes do corpo dela. Seu detalhe favorito era a pequena marca de nascença que ela possuía logo acima do lábio.

Era quase imperceptível para quem visse de longe, porém Dio já havia chegado perto o suficiente para ver melhor, tão perto que foi repreendido por Jasmine, que após a enxurrada de pedidos de desculpas dele, caiu na risada, fazendo ele rir também.

-o que houve? Por que está me olhando tanto? - ela perguntou.

-é...meio difícil não olhar para você. Eu, pelo menos, poderia olhar o dia inteiro.

Eles pararam de caminhar quando se encararam.

-o que houve? - indagou Dio, com um sorriso genuíno.

-eu também poderia olhar para você o dia inteiro.

A brisa continuou a bater entre eles, esvoaçando os longos cabelos azuis de Jasmine, e os brilhantes cabelos loiros de Dio. Aquele era um dos momentos raros onde eles poderiam ser eles mesmos, sem ninguém os julgando ou coisa do tipo. Dio não podia negar que sempre baixava a guarda quando estava com ela, já que por algum motivo, confiava nela. Todavia, não demorou muito para que ele percebesse o motivo.

-ah...Jasmine...

-sim, Dio?

-você...me ama? - ele questionou com certo nervosismo.

-que pergunta é está agora?

-apenas responda, por favor.

Jasmine abaixou o olhar, tendo que pensar consigo mesma. Ela realmente amava Dio, mas se sentia errada por amar um enquanto estava prestes a se casar com outro.

-é óbvio que eu amo, Dio. Mas não é com você com quem vou me casar.

Dio tocou a mão dela, fazendo ela levantar o olhar, enquanto ele se aproximava dela. Em toda a sua vida, ele nunca havia amado outra mulher além de sua própria mãe. Na percepção dele, todas as mulheres da alta sociedade não passavam de inúteis e frívolas, embora ele soubesse que elas praticamente eram criadas para ser assim, para que sua obediência aos homens fosse sempre fiel.

Porém passar o tempo com Jasmine, mostrou que ela ainda poderia amar um homem, mas sempre amaria mais a si mesma, nas palavras da própria. Dio poderia dizer que aquele era seu primeiro plano que fora por água abaixo, no momento em que se viu apaixonado pela forma como ela folheava um livro ou saboreava uma fruta. No início, ela não passava de um peão para tentar destruir Jonathan, mas agora ela era algo a mais, e Dio queria fazer isso real.

-eu também amo você, Jasmine, e não aguento ver você presa a este casamento.

-não há nada que possamos fazer, querido.

-há sim, eu ainda posso fazer uma coisa. - disse ele, pondo as mãos nos ombros dela. - farei por nós dois.

-do...que você está falando?

-vou pedir sua mão em casamento para os seus pais.

-Dio? Você tem certeza?!

-toda a certeza do mundo. Farei o pedido neste jantar, está bem?

Jasmine encarou seus delicados olhos azuis, sem saber como reagir. Não sabia se ficava feliz por eles, ou preocupada por Jojo. Ela permaneceu assim por alguns segundos, fazendo Dio quase arrepender-se de sua proposta, temendo que ela dissesse não.

-está, está sim! - ela disse, sorrindo docemente, fazendo Dio sorrir também.

Ele a carregou nos braços, girando-a no ar como comemoração por sua proposta ter sido aceita.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: May 18, 2022 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

JasmineWhere stories live. Discover now